Capítulo VII

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Pela manhã, assim que acordou, Eva tomou uma decisão. Tinha que ter uma decisiva conversa com Edmund e esclarecer aquilo tudo.

Tinha que descobrir, em primeiro lugar, se aqueles sentimentos que ele alegava, eram de fato verdadeiros, ou se foram apenas uma coisa jogada ao vento num momento de discussão.

Em segundo lugar, precisava, dependendo da resposta dele, fazê-lo prometer que não desfaria o seu compromisso com Polly e que cumpriria sua promessa de pedir a mão desta.

A próxima vez em que eles se encontrariam seria na missa católica que costumavam ir todo começo de ano, e Evangeline vinha esperando muito ansiosa e angustiada por aquele momento, pois não conseguia liberar sua mente daquele problema até que estivesse resolvido.

Vinha se preocupando tão fortemente com sua irmã e o futuro desta, que nem sequer parou para pensar sobre seus sentimentos por Edmund. Aliás, não queria sequer se permitir enveredar por este caminho.

O que ela sentia pouco importava. Não refletiria sobre isso, nem mesmo por um minuto, e estava decidida quanto a isso.

Sua irmã e seu bem-estar estavam em primeiro lugar, afinal, era Polly que se importava tão profundamente sobre seu estado civil, enquanto Evangeline sempre estivera preocupada com suas outras capacidades. A possibilidade de tocar piano profissionalmente e tornar-se uma compositora lírica era o que ela mais queria. Não era?

Sempre fora assim, por toda a vida, e isso não haveria de mudar agora, não mesmo.

Quando o fatídico dia chegou, Evangeline mal podia conter sua ansiedade. Vinha mordendo os cantos das unhas, hábito que a mãe odiava, censurando-a a todo instante desde que se agravara.

A igreja era extensa, e as pessoas iam chegando gradativamente e escolhendo seus lugares. O local era levemente escuro, exceto pela luz que atravessava os vitrais; um coroinha tocava uma canção no órgão, tornando toda a atmosfera fúnebre.

Edmund havia assumido uma postura distante e silenciosa desde que apareceu. Era muito claro que algo não estava bem. Normalmente, Ed era sempre muito gentil e participativo. Contudo, naquele momento, permanecia sério e mantinha suas observações para si mesmo. Além disso, fugia do contato visual, algo que, sem dúvidas, não estava acostumado a fazer, pois, o que mais se via era Edmund fitando a todos atrevidamente com suas órbitas azul-celestes.

Até mesmo Polly percebeu que havia alguma coisa estranha, e cutucou a irmã escondida, cochichando:

― O que há com ele?

Evangeline fica corada, por ter de mentir sobre suas reais ideias para a irmã, ao dizer:

― Eu não sei. Talvez esteja com dor de barriga ― responde ao dar de ombros.

Quando voltou a olhar na direção de Edmund, desafiadoramente, nota o rapaz lhe dar as costas.

O padre aparece no altar. As pessoas ficam em silêncio e dão sua total atenção a ele. A missa inicia-se, sendo proferida uma porção de palavras da bíblia e orações. As mulheres usavam seus leques para espantar o calor e as horas se arrastavam.

Mais adiante, todos fazem fila para receber uma hóstia, dando início à segunda parte da missa.

Evangeline pouco conseguia se concentrar nas palavras do padre. Ficava volta e meia olhando na direção de Edmund para ver o que ele estava fazendo, e, de repente, percebe quando ele pede licença e se levanta, indo até a lateral da igreja, onde ficavam os toaletes.

Ela não levanta de pronto, esperando um intervalo desde que ele levantou até ela fazer o mesmo, para não atrair suspeitas. Passado um tempo, ela anuncia num tom baixo para não atrapalhar:

A Irmã da NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora