CAPÍTULO CINQUENTA E SEIS

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— Que diferença essa informação faz? — Mikey limpou o sangue que escorria de seu nariz

— Caso seja verídica, eu irei te espancar ainda mais — Draken cerrou os punhos

— Decida-se, Draken, você não queria me fazer entender o quão merda eu sou?

— Eu ainda quero que você entenda isso.

— Então por qual motivo, eu ter tentado contra minha vida é tão importante pra você? — O Sano perguntou sem alterar o tom de voz e encarando o Draken a ponto de fazer o mais velho se arrepiar.

— Porque você ter feito tudo isso, indica que você não percebe que não está sozinho. Desde que você decidiu trilhar esse seu caminho merda, pessoas sofreram por sua causa, por preocupação e saudade. — Draken fez o mesmo, devolveu uma encarada fria para o Manjiro — Você nunca esteve sozinho, mas pegou a consideração de todo mundo e enfiou no cu

— Era só isso? — a voz do Manjiro fraquejou o sulficiente para Draken perceber que havia atingido o alvo.

— Pense no que fez, Manjiro. Realmente acho que não preciso te bater porque se você tiver um pingo de consciência, sentirá o peso das suas ações e entenderá o que estou querendo dizer.

Ambos ficaram em silêncio por longos segundos.

— E se eu já entender — Mikey falou baixo, talvez o Draken seria ainda aquele em que mais confiava para abaixar a guarda de seus sentimentos.

— O que?

— E se eu já entender o que você quer dizer — O Sano disse mais alto

— Está arrependido, Mikey?

— Tudo — o Sano começou a falar — tudo que fiz até aqui, foi para manter cada um de vocês seguros.

— Seguros de que? Que conversa é essa?

— Seguros de mim

— Acha que precisamos de proteções contra você? Entende o conceito de família, Manjiro?

— Eu estou arrependido e talvez eu estivesse tentado a pular daquele prédio a dias por puro arrependimento, mas quando eu finalmente tomo a decisão de ser livre, tudo o que fiz para proteger cada um de vocês, foi em vão. Takemitchi foi atrás de mim, Yoko apareceu lá, minha filha... Eu não mereço a atenção, o perdão e nem nada de vocês, mas não entendo o porquê vocês não me deixam terminar isso tudo.

— Porque somos todos idiotas, tolos e sensíveis que, por mais que todos tem raiva de você, Manjiro, você ainda é alguém da família. Alguém que nós amamos. — Draken engoliu seco — Bom que sabe que você não merece nada de nós. — O mais alto se virou de costas e não olhou para trás — Não tenho mais nada a dizer, pense em tudo que eu te disse e veja como será daqui pra frente

O mesmo se afastou, deixando o Manjiro ali com aquele olhar vazio e com o peso de sua alma condenada.

Mikey podia negar, fazer cu doce, discutir e qualquer outra coisa assim, mas no fundo de sua alma, ele sabia que tudo que estiverá ouvindo nas últimas horas, era verdade. Perdeu parte da infância de sua filha, largou sua esposa sozinha, abandonou sua irmã e não a viu se casar com o amor de sua vida, largou o melhor amigo e entre outros bolas foras que havia dado nesses últimos anos.

Mas nunca iria poder recuperar nada disso, embora amasse muito Yoko, sabia que ela não o aceitaria de volta e que sua filha talvez tivesse raiva de si, pela forma como o Sano descartou a todos para trilhar um caminho cheio de drogas e crimes.

A base do aprendizado, é o erro. Você erra, entende que errou e se for inteligente, tentará mudar, tentará fazer o certo já que tem gravado na memória qual é a maneira incorreta de fazer determinada coisa. Mikey se sentia assim, mas o sentimento de que faria o certo se matando, talvez estivesse se sobrepondo a qualquer outra coisa. Ele sabia de seu erro, mas o mesmo sabia que poucos entenderiam seus motivos, o motivo de manter todos seguros. Seus impulsos desde sempre o assustaram, e ele temeu machucar alguém importante em algum momento de descontrole, temeu machucar sua filha. Ainda que este fosse o principal motivo, o Sano não poderia descartar o fato de que seus envolvimentos com gangs desde sempre o fez temer a segurança de todos ao seu redor e que tinha medo de não ser um bom companheiro, um bom pai.

— Você promete ama-la e respeita-la, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — Draken disse para Manjiro que mantinha um sorriso estonteante em seu rosto.

Até que q morte os separe... O Sano a amava, mas a desrespeitou totalmente assim que foi embora, desrespeitou seus sentimentos. Na saúde e na doença... Seus problemas atormentam sua mente a todo instante, em um momento, Mikey iria sorrir como uma criança boba e minutos depois, por qualquer pequeno gatilho acionado, poderia estar matando alguém com sede de sangue nos olhos sem conseguir controlar suas ações, sem conseguir controlar seu corpo.

Medo. Era isso que sentia sobre si próprio. Sentia medo de sua cabeça, de suas ações, medo de estar próximo a alguém que amava, medo de estar vivo e agora, sentia medo do peso que teria que carregar.

Agora sentado na calçada do lado de fora do hospital, Mikey não sentia nada além de um pequeno arrependimento que parecia aumentar a cada minuto. Com a cabeça a mil, o mesmo pensava se valia a pena realmente tudo aquilo, pensava o que faria a partir dali e o que aconteceria caso deixasse a Bonten.

— Mikey — Uma voz familiar se aproximou

O Sano sabia exatamente quem era e não mexeu um dedo quanto a isso.

Mas é claro que ele saberia onde Yoko havia levado o Sano, afinal, todos estavam atrás de ajudar o Takemitchi.

Sanzu tinha uma arma apontada para a cabeça do Mikey e o mesmo sabia disso.

— Sanzu

— Sabe que eu gosto muito de você, não é, Mikey?

— E o que tem?

— Não quero puxar o gatilho, então se levante e vamos

— Sabe que eu não vou me levantar, não é, Sanzu? — Mikey disse ríspido — Atire de uma vez

— Vamos, você não é assim, capitão

— Atire de uma vez, Sanzu — Hanma se aproximou — Mikey se tornou um traidor

— Da minha própria gangue? — o Sano riu 

— Atire, Sanzu.

— Vá em frente, pude ver minha família mais uma vez, estou satisfeito. — Manjiro finalmente havia percebido que sempre teve uma família e que poderia ter contado com eles para tudo. Eles nunca me julgariam.

— Andou usando alguma droga que não foi eu que te dei? — Sanzu pergunto irritado — Se levante daí logo, Mikey, para de graça!

— Precisarei eu atirar isso, Sanzu!? — Hanma se irritou

— Deixa que eu faço o trabalho — Ran se aproximou e tentou tirar a arma da mão do Haruchiyo

Quem mais estava ali?

— Pare de graça você também, Sanzu! Ande, me de isso — O Haitani impôs

— Não — o mesmo abaixou a arma

— De a arma para nós, Sanzu — Hanma cerrou os punhos

— Qual o problema de vocês? — Mikey se levantou — Brigando por uma arma como crianças brigando por um pirulito — O Sano se aproximou do Sanzu e puxou a arma de sua mão — É só isso — Ele virou a arma para si, fazendo com que Hanma e Ran abrissem um sorriso cruel

𝚅𝚘𝚌𝚎̂ 𝚎́ 𝚝𝚞𝚍𝚘 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚖𝚒𝚖Onde histórias criam vida. Descubra agora