Desde muito pequeno, eu já sabia que era gay, mas era difícil pra uma criança aceitar, já era torturante as outras crianças falarem isso na escola ou qualquer lugar que passasse, então passei a duvidar de mim mesmo por muito tempo.
Nós LGBTQ+, criamos uma porta, onde entramos em negação profunda, independentemente se for branco, negro, cristão, evangélico e etc, nos isolamos nessa porta, caçando um meio de nos entendermos e nos qualificar do que realmente queremos, mas claro que o que vem primeiro é o medo e a agonia. O medo dos entes queridos não aceitar ou renegar como muitas famílias fazem atualmente, que expulsa os filhos de casa pelo fato de escolher ser feliz da forma deles. E é ai que está a questão, não precisamos que nos aceite e sim respeite, é uma orientação nossa e não se pode fazer nada, não é simplesmente dizer que aceita e não respeitar, você só está enganando á si mesmo.
Passei anos da minha vida me perguntando onde eu errei e que pecados cometi para estar passando por essa tribulação, até que chegou um dia em que olhei de frente para o espelho e disse a si mesmo: Você é único e especial não merece passar por isso, se essa realmente for a sua escolha qual é o problema em ser gay, Jesus Cristo nos ama e valoriza o coração e ações dos cidadãos e não a orientação sexual ou o parceiro (a), se ame de qualquer jeito, se você não se amar, quem vai?
...
As borboletas em meu estômago se reviravam de tanta ansiedade, para ser sincero não faço a mínima ideia do que esse cara quer comigo, ele não dá pinta de homossexual mas enfim.
Já sentado na cadeira, e André de frente para mim eu estava passando mal...
E então ele começou me perguntando como era meu nome, se morava por perto e o que fazia da vida. De início achei bem estranho o interrogatório dele, mas não pude deixar de notar que era um homem bonito, que me disse que tinha vinte e cinco anos, morava sozinho. Ainda achando muito estranho perguntei o que exatamente ele queria comigo, ele por sua vez indagou qual era o problema, e claro respondi em seguida que não era saudável esse tipo de abordo. Então ele começou com a pergunta que já sabia que ele logo iria perguntar, o óbvio, se eu era gay.
Descaradamente confirmei, minha mente estava á mil naquele momento, eu precisava vomitar, mas estava disfarçando o máximo possível. Abordei ele perguntando o porquê, e ele começou com a ladainha de que não sabia se era bi, mas que sentiu atração por mim. E então indaguei, se ele havia reparado em mim na academia, e ele confirmou dizendo que eu era único.
Com o estômago revirando disse que precisava ir no banheiro, então me levantei casualmente e entrei no cômodo onde havia cinco boxes de vaso sanitário, tentei respirar fundo, e me segurei, controlei minha respiração contando segundo por segundo, e quando saí ele estava pelo lado de fora me perguntando se estava bem.
Afirmei que sim, mentindo descaradamente novamente, ele me veio com a ideia de ficarmos juntos, eu disse que era loucura, ele estava trêmulo disse que tinha namorada, mas que sentia pequenas atrações por alguns homens. Fiquei sem entender, mas fui raciocinando com o tempo com se fosse fazendo crochê quando as linhas costuradas vão se alinhando conforme o processo de costura. Eu sentia que ele era gay ou bi tanto faz e não se aceitava de forma alguma.
Eu não queria, mas tinha uma chama dentro de mim que fazia querer ele perto de mim, algo que nunca senti antes, e com o impulso, travei e fui andando, ele segurou minha mão e me deu um beijo, então não me segurei e acabamos juntos dentro de um dos box. Então parei tudo, e disse que precisava ir... deixei ele sozinho sai com a cabeça erguida...
E durante o andar para ir para casa, percebi que ele não veio atrás, o que é um ótimo sinal, e passei a me perguntar o que foi isso?...
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A vida e a borboleta
RandomEstá é uma história de poesia, onde retrata os pensamentos mais profundos e horrendos de Levi, um jovem esquizofrênico que vive em busca da perfeição tentando se encaixar em sua zona de conforto e enfrentando os seus demônios interiores na sua vida...