Paper Planes | Lee Minho

O All Star de Estrelinhas

I lay awake most nights
Painting a picture
Of what could be in my mind

What Did I Do, Hayd

Minju gostaria de se erguer, dar meia volta e retornar para casa no mesmo instante, mas surpreendeu-se quando o rapaz de fios castanhos apenas concordou com a cabeça e cruzou os braços, parado naquele mesmo lugar. Jamais imaginaria que poderia encontrá-lo ali, ainda mais nesse horário. Pela sua básica noção de tempo, achava que poderiam ser, no mínimo, quatro e meia da manhã. Julgou que ou ele era uma pessoa noturna, ou havia se incomodado com o alarme mais cedo. Preferiu acreditar na segunda opção. Mas não poderia dizer tanto, visto que sua aparição ali também poderia ser um motivo de espanto.

- É... Eu peço desculpas mais uma vez. Sabe, pelo o que aconteceu há uns dias. - Iniciou, tentando ignorar a sensação estranha que sentia no momento, embora pudesse jurar que estava bem para qualquer um que a perguntasse sobre isso mais tarde.

- Você não precisa se desculpar. Não foi culpa sua, de qualquer forma. - o rapaz deu de ombros, colocando as mãos no bolso da calça jeans escura que trajava - Aliás, minha roupa não ficou manchada, só com um perfume de chá naquela manhã. Meus amigos disseram que amaram a customização.

A jovem franziu o cenho, segurando-se para não sorrir. Logo retornou à sua postura mais séria.

- Certo.

- Aham.

O silêncio se instalou entre eles. Minho não tinha certeza se apenas sairia andando dali, Minju muito menos. Ambos não sabiam exatamente como reagir diante daquela situação. Fizeram o possível para não manter um contato visual por mais de três segundos durante a troca de meias palavras, mas era quase impossível. Especialmente quando ela estava com o cabelo cobrindo metade de seu rosto pela brisa gélida e ele com uma expressão séria pela falta de ação. Seria rude se ele saísse andando? Poderia soar mal se ela se levantasse do banco e seguisse até sua casa?

Não se conheciam. Eram como duas aves de espécies distintas se encontrando num mesmo ninho, só restava o estranhamento. Daqui a poucos minutos o céu passaria a ganhar cor e, junto com ele, viriam os animais entoando a canção de abertura de um novo dia. Mas Minju não queria deixar esse lugar agora. Gostaria de aproveitar um pouco mais da aura gostosa que havia provado instantes atrás. As coisas não pareciam se encaixar com tanta fluidez com a presença de alguém estranho. Nem tão estranho, mas ainda estranho.

- Está tudo bem.

- O quê?

‐ Está tudo bem se sentar aqui. Claro, se não se incomodar.

Minho pensou por alguns segundos antes de realmente tomar alguma atitude em relação ao que era lhe proposto. Não muito rapidamente, caminhou em passos curtos até o banco, sentando-se ao lado de Minju. Com uma distância de aproximadamente quarenta centímetros, a jovem logo se perguntou o porquê de ter sugerido isso ao rapaz. Não tinha nenhuma intenção de dialogar, de fato. Era como oferecer um pedaço do lanche já esperando que a pessoa recusasse, mas ela por fim acabasse tirando um pedacinho. Sabe, coisas que doem o coração.

Sua mente não soube formular nenhuma pergunta depois disso. O que dominava seus pensamentos eram, basicamente, o fato de que agora estava com um bem importante do rapaz sentado ao seu lado. Já sabia de algumas coisas que considerava demais. Profundas demais.

Minho estava em absoluto silêncio, encarava algum ponto aleatório no horizonte, enquanto ela agora só conseguia alcançar uma pequena parcela do chão de concreto e seu campo de visão. Não sabia se contava que estava com o objeto guardado em casa, assim como também não sabia se perguntava como ele estava ali, ou então se era um morador. Todas lhe soavam íntimas demais para que pudessem ser oralizadas. Ele pensava exatamente o mesmo. Mesmo assim, quando parou para observá-la com um olhar rápido, uma pergunta fora formulada como uma lâmpada pequena que havia ascendido acima de sua cabeça.