Capítulo IV: Como Treinar sua hexen... sem ela ter ideia de que é uma ( Parte I)

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A sabedoria é uma dádiva aos seres pensantes, um presente da evolução e um sussuro dos deuses. Enquanto muitos vivem na superfíce da arrogância e na corrupção do ego, outros vivenciam suas experiências terrenas e mundanas com dedicação a todo um conjunto de maravilhas que chamam de essência. Por mais que a existência anteceda a essência e dela nasça os compostos responsáveis por formar a sua aura energética e suas inclinações, ela abre as portas do plano material-espiritual para o mundo das ideias, traçando uma linha nada imaginária e que conecta cada fragmento do ser e o afirma como válido.

Nos pensamentos obstinados de Sofia, frames de uma vida feroz ocupam sua atenção e foco, e trazem a mesma, um retrocesso a cada cena e a cada situação de forma vívida e cruel. Dentro de si, reluta com suas vozes internas e tenta retomar o controle de suas emoções, pois pensa que talvez sua vida não foi tão ruim assim, porém isto não impede o seu coração de sangrar com as feridas existenciais abertas. Talvez o que Vulk espera dela, seja uma evolução distante e patética que visa a ascendência do seu eu e o toque suave do nirvana mental, deixando para trás cada aspecto sombrio e doentio dos mistérios que circundam a sua vida. É facil conduzir palavras a obrigações de atitudes, quando se tem tudo e mais um pouco na vida. Cada palavra que saí dos lábios daquela mestra, misturam-se com a raiva e a decepção de estar presa dentro da sua mente e de encontrar-se cativa mesmo com as mãos e pés livres. Para uma mulher branca e cisgênero como aquela que estava em sua frente, é fácil livrar-se das condenações do mundo quando se tem uma rede pronta para te pegar quando salta do décimo terceiro andar, Sofia contorna este pensamento a cada lição que é direcionada a ela. Uma única aluna para uma única professora, o que pode a mais Sofia aprender de alguém que nunca a conheceu e que não lhe dá uma explicação de tudo o que está acontecendo? A verdade é que Sofia sente-se traída e mais uma vez a vida encontra um jeito de tirá-la do palco e lhe conduzir aos bastidores, passiva em relação a sua própia vida.

Os últimos meses na vida de Sofia foram turbulentos e sente-se sozinha sem sua mãe. Naquele lugar era proibido meios de comunicação com o mundo externo, uma forma de proteger o processo '' terapêutico '' que as meninas ali vivenciam, esta foi a desculpa de Vulk. Talvez seja uma seita, ou tráfico de pessoas, Sofia assim pensa por desconfiar de toda a estranheza que sente. Por mais que ela sinta conforto naquele ambiente, as pessoas presentes nele despertam o contrário. Seus lindos jardins e seus animais dócieis, trazem a ela uma sensação de paraíso, a arquitetura da academia e sua decoração histórica, mas basta meia interação com as misteriosas mestras ou dames como são chamadas, ou com as alunas que sempre a encaram e sussuram seu nome pelos corredores, é suficiente para trazer um incômodo e um desprazer em Sofia. A única coisa boa até agora foi Gabrielle, que por mais que sejam desconhecidas uma a outra, sente que com ela poderia contar para o que precisasse. Ela não vê a hora da aula sobre controle de emoções chegar ao fim para procurar Elle e passar o dia com ela.

- Sofia, você não está prestando atenção no que eu estou dizendo? - Vulk intorrompe a longa viagem mental que Sofia estava inserida.

- Desculpe, é que eu tenho dificuldade em focar e em prestar atenção. - Diz Sofia, fadigada de estar sentada ali por quase uma hora ouvindo alguém que ela não acha interessante.

- Você possui muitos limites, amarras que te prendem ao passado. As vezes o conhecimento deve ser deixado oculto até que aja preparação para lidar com o mesmo. Eu sei que questiona a sua estadia na nossa academia, sei também que pergunta curiosa pelos corredores o que Hexen Academy é de fato, mas Sofia, por mais que seu nome envoque a grande sabedoria, lhe falta discernimento. - Vulk espera que no futuro Sofia entenda suas razões de mantê-la no escuro, por mais sufocante que seja.

Sofia se mantém calada, não há o que dizer para contrariar alguém que não espera ser contrariado. As palavras guardam poder mas as ações é que mudam o mundo. Vulk observa seu semblante e sua linguagem corporal, que gritam em conjunto por liberdade, suas mãos fechadas em formato de punho, seus pés firmes em contato com o chão e suas costas tensionadas e inclinadas para frente. Ela então, libera Sofia e lhe entrega o cronograma da sua semana. A atenção de Sofia é atraída no meio de tantas aulas se sentido e nada convencionais, a Dança e estudo ancestral. Sofia amava dançar, sozinha e no seu quarto, sentia que canalizava cada aspecto de dor em movimentos sincronizados e graciosos que a libertavam de suas angústias, além disso, orgulhava-se de ser negra e honrava suas raízes. Elena assim como sua filha, também é negra, porém nunca contou nada a cerca de suas origens e família, na mente de Sofia eles haviam brigado por algum motivo e agora ela a criava sozinha no mundo. Sua mãe nunca lhe contou nada que antecede o seu nascimento, ver que sua mãe conhecia alguém tão diferente como Vulk e ter passado por algo tão distinto como Hexen Academy e não ter contato nada a ela, parecia como uma traição. Sofia podia estar vendada para a magia mas seus ouvidos sempre estavam bem atentos, as pessoas comentavam sobre Sofia e sua mãe, como ela havia traído seu povo. Mas ali, a maioria das bocas que sussuravam sobre ela e sua mãe, eram brancos e privilegiados, Sofia sabia que para estar em um local como aquele, teria que ter muito dinheiro, status e poder, podia não entender o motivo de estar ali mas sabia que muitos ali estavam por privilegios. Algumas, como Morgana, possuem quartos nos andares mais altos e perfeitamente arrumados, não que Sofia estivesse reclamando de seu quarto mas eles falavam muito por si própios. Ela imagina então, sua mãe em um local que os alunos são de maioria brancos e ricos, algo ela deve ter feito, talvez por sua sobrevivência, e então saiu como a grande traídora. Vulk cometeu um erro também, Sofia ouviu pelos corredores muitos dizerem que ela estar ali é um enorme erro, porém é o nome de Sofia que ali percorre os corredores, não o de Vulk. As grandes Dames possuiam pessoas racializadas como Ravenna,Tula e Aiko, mas as que eram consideradas maiores e mais respeitadas ali eram brancas, Vulk e Freya. Hexen Academy possui um território gigante e espalhado e vê que suas aulas serão ministradas em um pavilhão ainda desconhecido para ela, mas anima-se pois irá encontrar irmãs negras. Assim como no mundos dos humanos, a eugenia é também um problema.

Woge Hexen: HierarquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora