Madalena está cansada. Não, cansada não é a palavra certa; ela está exausta. De tudo, de todos. Sua única motivação de vida tem seis anos de idade, sua sobrinha, qual ela mata e morre como uma verdadeira mãe. É isso, Madalena é quase uma mãe em temp...
Olá á todas novamente! Como vocês estão? ⚠️ Aviso de violência física nesse capítulo! Boa leitura! 🖤
𝒜𝓁𝑔𝓊𝑒́𝓂 𝒫𝒶𝓇𝒶 𝒜𝓂𝒶𝓇 - ℬ𝓇𝒶𝒽𝓂𝓈 𝓍 𝒪𝒸
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- Me sinto horrível, me sinto horrível…
Carmen lamentava entre soluços, seu rosto escondido entre as mãos. Fazia menos de duas horas em que esteve com a pequena família de duas pessoas e a culpa, o tão pesado sentimento qual pensou que jamais sentiria ao se livrar enfim daquela casa maldita e tudo que a englobava, caiu sob seus ombros como uma torrente, afogando-a em suas próprias lágrimas. Ela odiava, detestava aquela casa com toda a sua repulsa pois desde a "morte" de Brahms e os segredos sujos que foram chaveados com a mentirosa fatalidade as paredes daquele lugar atormentavam os seus sonhos e a sua vida sem fim.
Ela odiava com todas as forças ser uma cúmplice dos crimes de Brahms e dos seus pais cruelmente relapsos.
Por vinte longos anos ela manteve o segredo amaldiçoado da família Heelshire, da criança deformada escondida dentro das paredes da mansão, isolada no escuro da crueldade da sua própria família por tijolos e concreto. Por vinte longos anos ela ajudou a esconder o carrasco de Emily Gribbs, a pobre criança qual Brahms assassinou ainda em sua juventude. Por vinte longos anos ela vira uma criança perturbada ser isolada do mundo, vendo por frestas das paredes o amor qual lhe pertencia ser depositado em um boneco de porcelana, vendo-o tomar seu quarto, sua cama, sua família, seus brinquedos, sua juventude, enquanto ele próprio era forçado a morar nas paredes sujas e escuras, danificado, escondido e sozinho.
A crueldade dos seus tios qual moldaram um monstro de acordo os anos se iam e vinham.
Ela viu Brahms sofrer em sua própria mente, suas perguntas silenciadas, suas confusões não expressadas, tratado como uma eterna criança não permitido crescer. Coisas assim, ela sabe, danificou algo que já estava em sua mente o tornando pior do que ele uma vez foi em sua infância. E mesmo que não fossem próximos, mesmo que ele tivesse cometido um crime horrível, e por deus, ela admitia; mesmo que o temesse sem fim ela sentiu pena dele, seu coração egoísta amoleceu ante a historia do seu familiar, ante o abandono dos seus pais já velhos e cansados do fardo qual eles mesmos moldaram ao deixa-lo aos cuidados de uma babá qual jamais o aceitaria, ante a negligência dos mesmos ao não levá-lo a buscar ajuda necessária desde os primórdios dos problemas, ante a sua eterna solidão.
E por esses e outros motivos ela o ajudou.
Isso, e claro, do contrato qual assinara sob as ameaças dos seus tios. O trato era que se ela não colocasse uma mulher naquela casa pra ser a nova e permanente cuidadora de Brahms em dois anos ela iria pessoalmente assumir esse papel, e fora da mansão havia toda forma de pessoas prontas pra cuidarem do seu corpo se ela tentasse fugir. O que dinheiro não comprava, não é mesmo? A infinita fortuna dos Heelshire poderia fazer o mundo rolar sobre seus dedos mindinhos mesmo pós-morte, cada punhado de centenas de dólares em contratos que a mantinha como a tutora legal de Brahms até que o papel fosse passado para alguém que jamais poderia sair. O medo em seus ossos e a raiva incessante do seu primo instável era combustível o suficiente para que nenhum dos dois quisessem esse destino fatídico, então ela pôs-se a mover depressa contra o fardo do contrato.
