One

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está ele, Kinn pensa enquanto suspira. Alguma força gravitacional o faz caminhar na direção do homem dourado que sorri e ilumina tudo atrás daquele balcão. Ele parece tão fluído ali e tão pertencente que Kinn poderia admirar em silêncio por horas.

"Oh, aí está você!" ele diz, espelhando o pensamento que pertencia a Kinn segundos atrás.

Ele sempre lê sua mente. Coisa de almas gêmeas, talvez?

Não, não vá tão longe, Anakinn.

"Você parece aéreo hoje" continua a falar então se aproxima como se fosse contar um segredo: "Quer água numa taça chique para fingir que é álcool? Assim você não vai parecer tão deslocado."

"Pareço deslocado?" pergunta ele, estranhando. Sempre foi bom em se encaixar, ser cortês e encaminhar as coisas. Diplomata por livre e espontânea pressão, sempre soube gerir e tranquilizar.

Como posso parecer deslocado com a minha cara de descanso?

"Não, mas não acho que está aqui para beber" simplesmente deu de ombros "Você sempre vem todo arrumado e demora horrores pra terminar um copo. Você não quer beber, você quer estar aqui e o único jeito de não parecer solitário no balcão ou qualquer outra coisa que sua cabecinha imagine, é com um copo na mão."

"Uau." Kinn está realmente sem palavras dessa vez. Sempre acreditou que não fosse um homem fácil de ler "Você tem muitos clientes assim?"

"Não, honestamente. Mas eu tenho um que vem a maioria dos fins de semanas e só sai quando estou fechando. Eu sou Porsche, de todo jeito. Você não precisa me dizer seu nome, é melhor de conversar quando se é um estranho, como você já faz."

"Não quero ser um estranho pra você." a resposta vem rápido demais. Ver Porsche levantar imediatamente a sobrancelha esquerda, faz com que ele se arrependa de não conseguir segurar a língua "Tipo, amigos."

"Você tem certeza?" questiona perdido.

Homens e mulheres sempre tratam quem está atrás do balcão com dois extremos: desprezo ou interesse sexual. A situação de ser ouvinte também está inserida nesses paralelos, já que sempre que as pessoas conseguem afogar suas mágoas, ele se torna descartável ou alvo de flertes. Não tem meio termo.

"Você sabe muito sobre mim agora" Kinn diz "É justo que eu saiba algo sobre você também."

Calmamente Porsche estende uma taça de martini para Kinn, apertando os olhos, sem conseguir se decidir. Isso é estranho. Diferente.

"Um momento" pede ao se afastar. Rapidamente voa para o outro lado do balcão servindo pessoas sem nem precisar olhar para os ingredientes que pega. Mais uma vez, Kinn está hipnotizado. Ele repete o nome, testando em sua língua.

Porsche. Soa tão bem.

"Por quê?" é o que Porsche pergunta ao voltar. Automaticamente Kinn franze o cenho "Por que quer ser meu amigo?" explica e não se importa com o quão infantil isso pode soar nos ouvidos daquele homem "Por que um cara tão boa pinta e obviamente de posses quer ser amigo do barman?"

A mera ideia de que Porsche pense assim choca Kinn e é refletido no seu rosto. Ao ver isso Porsche realmente relaxa. Ele estava esperando por malícia ali. Não receber isso de um cara que está sempre aqui conversando com ele é estranho. E, de alguma forma, bom.

"Você é extremamente atencioso e bom ouvinte. Não estou me referindo a ouvinte de bar, você presta atenção em cada coisa que falo, pontua coisas importantes sem interromper e ainda me estimula a pensar e falar mais sobre isso. Você se importa, Porsche, mesmo sem saber o meu nome. Eu observei você dividir sua atenção entre mim e os clientes para atender toda vez e você nem parece perceber isso" Kinn termina sem folego e deixando Porsche confuso. Nem ele sabe porque gosta de conversar com esse estranho sem nome "Eu realmente quero perguntar se você estuda psicologia ou algo assim."

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