Dia Dez

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Sarah acordou pela manhã e as pessoas já haviam iniciado seu turno nas tarefas diárias, cuidar das galinhas, retirar os matos que cresciam na horta móvel, arrumar as partes das tendas que haviam se soltado durante a noite, limpar os excrementos e preparar o almoço. A rotina de sempre. Da porta da tenda médica onde ainda estava desde que chegou, conseguia-se ver uma senhora recolhendo os restos de uma fogueira próxima a saída dali, estava retirando os galhos que não pegariam mais fogo e trocando por novos a fim de acendê-la novamente.

Pelo marco do sol no céu, ela havia dormido demais, era por volta das nove da manhã e tinham menos de três horas até a hora marcada. Sarah correu até a tenda de Âmbar, mas ela não estava lá, Jade também não estava no quarto, passando pela cozinha para sair pelos fundos, notou um bilhete preso à mesa que dizia.

"Coma e venha até a tenda do Édgar, Jade está com Helena, precisamos de você."

Engolindo o café da manhã, pão dormido e leite, correu para a tenda de Édgar. Chegando lá anunciou sua entrada e afastou o tecido entrando na barraca. Âmbar e Édgar estavam arrumando duas malas com caixas, ampolas, engradados e alguns pequenos vidros quando ela entrou e se sentou ao lado deles nas almofadas.

— Está atrasada — Édgar a olhou com receio.

— Deixe-a Édgar, todos estamos exaustos e esgotados mentalmente, dormir uma noite inteira é muito difícil para todos nós — Âmbar lhe defendeu sem tirar os olhos de sua tarefa.

— Me desculpem, de fato ando muito exausta, mas vamos terminar isso logo — Sarah aproximou-se das caixas que ainda não estavam nas malas e as organizou junto com Âmbar.

— Bom, não temos um plano, evitamos o máximo de contato com eles, não vamos cair nas provocações e nem dar mais informações sobre como e onde conseguimos o suprimento. Caso achem que não entregamos tudo as coisas vão ficar complicadas — Édgar olhava para ela sem cessar como se achasse que Sarah poria tudo a perder.

— Não pretendo reagir se é o que pensa.

— Não quero que reaja mesmo, mas se algo acontecer que esteja fora de nosso controle ou ações, quero que nos ajude com o que você sabe.

— Como assim? — dessa vez Âmbar voltou seu olhar para Sarah.

— Te explico mais tarde, precisamos selar um cavalo com essas malas — a garota se levantou pegando uma das malas e seguindo para a porta.

Eles a seguiram em silêncio, um dos cavalos responsáveis pela carga do grupo estava amarrado embaixo de uma árvore próxima a barraca de Édgar, Sarah se dirigiu até ele e deixou a mala no chão.

— O que acham deste? — perguntou.

— É o melhor que temos, por isso que o deixamos aqui perto de Édgar para estar sempre descansado e pronto para uma emergência — Âmbar respondeu.

— Isso é bom — respondeu iniciando a selagem.

O trabalho com a sela não durou mais que alguns minutos e em menos de meia hora estavam se dirigindo para o local onde a encontraram, o desfiladeiro na entrada do Deserto Cinzento. A cor do terreno mudava a cada metro percorrido, do barro ao cinza, e se tornava cada vez mais poroso, se tornando uma areia fina que impregnava tudo ao redor. O dia estava calmo, não havia sons em volta, a brisa estava fresca apesar do sol que rachava em suas cabeças e o terreno já não tinha uma gota para lembrar da tempestade recente. O cavalo trotava sem dificuldade enquanto os três andavam ao seu lado numa velocidade constante, já estavam andando a mais de uma hora. Logo viram os cumes dos montes e cruzando uma duna de areia meio barro e meio cinza chegaram às portas do que um dia foi uma grande cidade da América.

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