Eu esqueci como esquecer...

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N/A: E se nem todos tivessem um final feliz?

N/A: E se nem todos tivessem um final feliz?

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Olá. Meu nome é Porchay Pitchaya Kittisawasd, tenho dezoito anos, recém formado no High School, irmão mais novo de Porsche Pachara Kittisawasd e esta é minha última carta.

Minha psicóloga disse que seria bom colocar os sentimentos para fora de alguma forma, já que não consigo falar sobre eles em voz alta sem começar a chorar, por isso estou aqui, trancado em um dos quartos da casa da primeira família dos Theerapanyakul, iluminado unicamente por uma luminária em formato de maçã, digitando essa carta com dedos trêmulos e coração apertado.

Está silencioso, frio e estou queimando de febre, o que se tornou normal nos últimos tempos. Essa casa, que na verdade é um prédio, é enorme. Há seguranças por toda parte, câmeras, janelas blindadas, decoração ostentosa e nenhum sentimento de calidez ou familiaridade. Meu irmão parece ter ficado muito mais distante desde que vim morar mais perto dele, constantemente ocupado com seu namorado e os assuntos da família criminosa ao qual agora também fazemos parte. Todos os acontecimentos foram difíceis demais de digerir, desde a descoberta sobre a real natureza do trabalho de Porsche, a identidade de Kim e a ressurreição de minha mãe.

Seria mentira se eu dissesse que agora, depois que o confronto com a segunda família passou, tudo está bem.

Não, não está. Ao menos não para mim.

Como disse, meu irmão tem o namorado, o novo posto como chefe da família menor e um monte de trabalho para fazer. Está feliz. Parece radiante todas as raras vezes em que nos encontramos, definitivamente na melhor etapa da vida. Minha mãe, a qual não reconheço por ter "morrido" quando eu era pequeno demais para guardar memória, está constantemente alheia ao mundo real, pintando seus quadros sem reagir a qualquer estímulo externo, presa na própria bolha. Não há afeto materno nos seus toques suaves ou no olhar vazio; Porsche sorri incentivando nosso contato, mas não consigo me sentir feliz por reencontrá-la como ele está. Porém, sentindo-me culpado em ser indiferente à ela, finjo estar tocando o céu quando estamos juntos para que meu irmão não fique preocupado com isso.

Sinto-me dolorosamente sozinho.

A vida inteira, recebi o carinho do meu irmão em doses homeopáticas. Porsche passou a maior parte da vida preocupado em nos alimentar quando nosso tio falhava nessa responsabilidade, admiro muito essa atitude, mas a situação fez com que perdêssemos muito do que deveria ser uma relação saudável e equilibrada entre irmãos. Ele me ama, sei disso. Também o amo do fundo do meu coração, porém sou consciente de que por minha causa, teve que amadurecer rápido demais e perdeu muitas coisas que deveria ter tido se não estivesse ocupado tentando garantir um futuro melhor para mim.

Por isso, mesmo que me sinta sozinho, estou contente em vê-lo experimentar amor e felicidade com Kinn, seu namorado. Eles parecem muito bonitos juntos e não se desgrudam por nada, é invejável quando se olha de fora, então desejo que meu irmão viva ao lado do namorado tudo que não pôde viver nos últimos dezoito anos.

Fade (KimChay)Onde histórias criam vida. Descubra agora