— Toda vez que eu fecho os olhos, eu vejo um hipopótamo com diarreia prestes a cagar na minha cara.
— Eca! Klaus! — Five torceu o nariz.
— É assustador!
— Formidável — Diego ligou o carro, sabendo muito bem que tentar expulsar Klaus seria um inútil desperdício de energia. — Senta direito aí.
Seu irmão obedeceu, jogando-se no banco do carro, fechando os olhos e depois abrindo-os com um guincho.
— Me pergunto o quão horríveis os fantasmas têm que ser para você preferir isso — Número Five comentou com um traço de legítima curiosidade.
— Irmãozinho, você não faz nem ideia.
Para ele, Klaus só havia começado a poluir o próprio sangue há um ano, quando quebrou o maxilar ao cair da escada (um desfile com os sapatos de sua mãe que deu muito errado), o que levou à sua primeira cirurgia; sob anestesia, ele riu por horas seguidas até chorar e ninguém conseguia descobrir por quê antes de rabiscar em um pedaço de papel que era porque tudo estava quieto pela primeira vez, porque ele finalmente poderia ficar sozinho, poderia dormir. E então, é claro, vieram os seis meses de overdose de analgésicos, seguidos por uma série de "acidentes" graves intencionais sempre que suas prescrições anteriores de analgésicos expiravam para que ele pudesse receber outra dose de anestesia e medicação mais forte. Reginald acabou levando seus remédios embora, deixando-o lidar com vários ossos quebrados por conta própria, o que teve o efeito oposto que seu pai esperava, empurrando Klaus para encontrar outro monte de drogas muito mais nocivas.
Five as detestava, as drogas e a história de Klaus com elas. Todo mundo detestava. Ele gostaria que eles pudessem ter feito mais sobre isso e não apenas aceitar vê-lo se destruir, como parece que eles acabaram fazendo no futuro. Parte do motivo de todos terem desistido do Número Quatro, ele supôs, deve ter sido a morte de Ben.
Porque Ben se importava. Tanto. Ben era o único que conseguia reunir todos os irmãos – para ter uma noite de massagem de "spa" depois daquelas vezes em que Reginald foi especialmente duro no treinamento de Luther, para conseguir os brincos da atriz favorita de Allison (eles não podiam pagar muito mais) quando seu pai denegriu severamente a mulher na mesa de jantar, para ter uma festa do pijama com Vanya sempre que saiam em uma missão prolongada.
Ben, o de 13 anos, já estava planejando fazer com que todos ajudassem Klaus a recuar de suas drogas. Amuado, Five se perguntou se seus planos foram deixados de lado por causa de sua partida repentina.
— Eles são assim tão desagradáveis de se ver? Tipo, eles todos andam por aí sangrando, carregando os órgãos nas mãos?
— Não, não... A maioria, na verdade, até que se parece com pessoas normais que têm uma lesão fatal aleatória, você sabe, pessoas vivas que bem claramente não deveriam ser pessoas vivas.
— O que tem de tão ruim nisso?
— Além de sempre ficarem na porra do meu caminho para fazer qualquer coisa e serem uns tremendos idiotas — ele lançou um olhar para o assento do meio vazio, — esses não são os maus. Esses realmente, realmente não são os maus. Agora, podemos falar sobre algo mais animado, tipo unicórnios ou assim?
— Os maus são os que gritam?
— Como você sabe disso? Sim, esses são os maus. De qualquer forma, unicórnios-
— Você tem medo deles porque eles gritam com você?
— Céus, Five, o que é isso, um questionário? Não, não apenas por causa disso, eles são diferentes dos outros, eles- Imagine um monte de umas formas DESUMANAS horripilantes ESGOELANDO o seu nome no escuro, te agarrando desesperadamente como se você pessoalmente devesse algo a eles que eles querem agora, mas você não sabe o que, então eles continuam te perturbando! Isso mesmo, é assim que eles são.
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A Bolota (The Umbrella Academy)
ActionAU onde Five pula diretamente para 2019 e nunca nem ouve falar do apocalipse. E isso, meus queridos, muda TUDO. "Quando ele entrou na sala de jantar, ele começou a inventar o que iria dizer enquanto um podcast de um manual do exército de campo sueco...