𝟎𝟐 | VIRAL

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▐  SÃO PAULO, 1 de julho 2022CATHERINE LANGE

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SÃO PAULO, 1 de julho 2022
CATHERINE LANGE

O tweet viralizou.

Não era minha intenção, talvez nem tenha pensado no que isso poderia se tornar, tanto para mim quanto para o próprio Goularte.

Quando o sol já se punha no céu, deixando São Paulo completamente radiante e quente, finalmente acordei. Minha cabeça latejava intensamente, com uma dor fora do normal. Suspirei, estressada.

Todos sabem como é terrível acordar cansada, talvez seja apenas comigo e eu esteja delirando. Espero que não.

Com muita dificuldade, levantei-me. Meu cabelo estava completamente embaraçado, e meu pijama da Hello Kitty me deixava com uma aparência ainda pior, coitado do pijaminha da Hello Kitty...

Tentei evitar pegar meu celular logo que acordei, mas foi impossível. Notificações do WhatsApp chegavam rapidamente, e a maioria delas vinha do meu irmão. Respirei fundo e peguei o aparelho, verificando as mensagens enquanto ia em direção à cozinha. Mantive a cabeça baixa para ver o que era mais importante.

Revirei os olhos e deixei o celular em cima do balcão de mármore branco. Abri o pote de biscoitos que estava ali, e enfiei um inteiro na boca de uma vez. Já deveria ser por volta do meio-dia, e não me importava em comer biscoitos nesse horário.

Enquanto eu olhava o celular vibrar sobre o balcão, o nome de Rafa apareceu na tela. Peguei o aparelho e deslizei para atender. Logo ouvi um sermão.

Você ficou maluca, Lange? — Rafael, ou melhor, meu irmão, atendeu o telefone dessa forma.

— Bom dia pra você também, Rafael. — Murmurei, ainda com sono.

Bom dia é minha pica, Catherine. — Ele estava ofegante, de tanto gritar e falar alto. — Você tem noção do que você fez?

— Do que você está falando, idiota? — Fiquei realmente confusa, sentei-me na cadeira perto do balcão e peguei mais um biscoito.

Seu tweet, garota. Você sabe muito bem do que estou falando. Antes de qualquer coisa, você deveria ter me comunicado sobre o que aconteceu. — Cellbit finalmente se acalmou.

— Eu posso me defender sozinha, Rafa. — Respondi impaciente. — E não foi nada demais, foi só um tweet como outros que eu já fiz.

Não acho que esteja errada por se defender, mas você sabe que eu sou amigo dele. Eu poderia simplesmente pedir uma explicação plausível. — Ele tentou. — E outra, sair chamando as pessoas de cuzonas na internet não é muito legal.

— "Explicação plausível"? Ele só tem uma opinião, não tem explicação. Mas, ele estava errado ao me atacar, só isso. — Dei de ombros. — Já passou, Rafa.

Se ele falar qualquer coisa sobre você, por favor, me avise. — O mesmo suspirou, cansado.

— Pode deixar, farei isso. Inclusive, o que temos para o almoço aí no teu apartamento?

Eu e a Lore vamos pedir comida. Quer que eu peça pra você também? — Rafa perguntou, e eu murmurei um sim abafado. — Tudo bem então, mini Lange. Te vejo mais tarde. Amo você!

— Amo você também. — Respondi, engolindo o restante do biscoito.

Larguei o celular e levantei, precisava ir para o apartamento de Rafa para almoçar, desvantagens de ser pobre e não ter comida para o almoço em casa. Fechei o pote de biscoitos e decidi tomar um banho para acordar.

Ao entrar debaixo da ducha, a água levemente gelada atingiu meu corpo dormente. Suspirei com o choque de temperatura, passando a mão pelos meus cabelos molhados. Peguei o frasco de shampoo e coloquei um pouco na mão, espalhando pelo meu cabelo. Eu estava cansada, mesmo tendo dormido bem a noite. E o fato de ter que sair do meu apartamento me deixava ainda mais preguiçosa.

Sou preguiçosa.

Enxaguei o shampoo do meu cabelo e comecei a repensar todas as minhas escolhas de vida enquanto esperava o creme de hidratação fazer efeito.

Pensava na ligação com meu irmão e percebi que fui egoísta ao postar algo no calor do momento, e pior ainda, reagir a isso em live. Isso poderia prejudicar tanto o Goularte quanto o meu irmão, ou até mesmo a mim.

Afinal, ele estava participando do RPG, e se ele quisesse simplesmente sair por minha causa?

Sou paranoica.

Puxei a toalha do pendurador e a enrolei em volta do meu corpo molhado. Pisei no tapete enquanto as gotas escorriam do meu cabelo até minhas pernas, molhando o tapete.

Não demorei para finalmente me arrumar.

Vesti uma calça vermelha e preta quadriculada e um cropped preto, enquanto uma toalha seca estava enrolada em meus cabelos castanhos.

Talvez algo que não mencionei antes, eu e Cellbit moramos no mesmo prédio, com apenas alguns andares de diferença. Obviamente, o transporte mais rápido seria o elevador. Quando me dei conta, já estava abrindo a porta do apartamento dele e entrando. Uma sacola do Outback estava sobre o balcão, enquanto Lore arrumava a mesa para almoçarmos como uma grande família feliz.

Eu gosto muito dela.

— Cat! — Ela finalmente me viu quando fechei a porta do apartamento. — Finalmente você chegou, o Cellbit quase comia uma planta de tanta fome.

— Oi, Lore. — Eu sorri. — Cadê o morto de fome?

— Discutindo algo do RPG com alguém. Acho que com o Gou. — Ela deu de ombros.

Revirei os olhos instantaneamente, e Lorena riu da minha reação. Provavelmente já estava sabendo do acontecido. Em torno de uns 20 minutos, que pareceram uma eternidade, Rafa saiu de seu covil e veio ao nosso encontro, esfregando suas têmporas em sinal de cansaço e estresse. Ele passou ao meu lado e bagunçou meu cabelo em um gesto carinhoso, eu sorri. A gente havia se aproximado bastante desde que me mudei para o mesmo prédio que ele, as lives também influenciaram a nossa aproximação.
Ele pegou a sacola do Outback e colocou sobre a mesa, a abrindo e tirando as embalagens que armazenavam a nossa comida.

— Pedi macarrão com queijo pra você. — Cellbo me avisou, sinalizando para que viesse sentar à mesa e comesse.

— Você me conhece tão bem. — Ri, me levantando do sofá confortável e sentando-me à cadeira. — Rafa, você estava gritando o que aconteceu? Algo ruim no RPG?

— Não, fique tranquila. Só uma situação que me incomodou. — Cellbit fez pouco caso, deduzi que não queria falar sobre.

Nós aproveitamos a companhia um do outro, comendo e rindo dos comentários feitos por Rafael. Foi um bom almoço.

𝐈𝐋𝐋𝐈𝐂𝐈𝐓 𝐀𝐅𝐅𝐀𝐈𝐑𝐒 ; 𝗴. 𝗴𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora