𝐈𝐋𝐋𝐈𝐂𝐈𝐓 𝐀𝐅𝐅𝐀𝐈𝐑𝐒 ; 𝗴. 𝗴𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲 [EM REVISÃO]

𝟏𝟐 | QUEM SOMOS NÓS PARA LUTAR CONTRA A ALQUIMIA?

▐ SÃO PAULO, 20 de julho de 2022
CATHERINE LANGE

O álbum "Red" da Taylor fazia-se trilha sonora naquela tarde em que eu estava enterrada no sofá da sala tentando prestar atenção no livro que lia. Que claro, não estava dando certo. Meus pensamentos se esvaziam frequentemente e me via lendo o mesmo verso da página pela terceira vez. Minhas tentativas falhas de me distrair dos pensamentos sobre Gabriel começaram a me irritar quando fiquei cinco minutos na mesa página. Bem, estava sendo infantil de minha parte ficar sem falar com ele por uma semana por causa dessa besteira? Talvez. As vezes nem significou muita coisa para ele, provavelmente eu estava só pensando demais e sendo penalizada por mim mesma.

Já fazia alguns dias desde que aconteceu, mas a sensação ainda era vívida e perturbadora. Não conseguia me decidir se a lembrança me aquecia o coração ou me fazia sentir um frio na espinha. Mas não tive tempo de decidir sobre, a campainha tocou oitenta vezes mais alto dentro da minha cabeça, fazendo-me derrubar o livro sobre meu rosto. Respirei fundo e levantei igual uma múmia em filmes de terror.

Embrulhada na coberta que me acompanhava no sofá, segui em passos preguiçosos até a porta. Mas antes mesmo de abri, já conseguia ouvir a voz de Gabriela do outro lado enquanto falava alguma coisa com Carol, que ria histericamente. Amigas sempre tem esse radar esquisito quando você não está se sentindo bem. É um talento.

Ao abrir a porta fui recebida por um "Finalmente!" Vindo de Gabi, que me abraçou fortemente e sem um convite aparente, foi entrando dentro do apartamento seguida por Carol, que me cumprimentou com um abraço também. Me perguntei se agradecia por estarem aqui ou as expulsava e sofria sozinha... Infelizmente não sou boa com decisões.

Fechei a porta com o pé direito e fui atrás das meninas que já se instalavam em minha sala, tomando conta da minha mesinha de centro com os doces que haviam comprado junto com duas garrafas de vinho tinto. O risco de me afogar com aquelas garrafas eram mais altos do que eu queria que fosse, e sinceramente? Não poderia pouco me importar como naquele momento.
Tomei meu lugar ao lado de Carol enquanto Gabi nos servia as três taças.

— Pode começar a falar já. — Cattuzzo comentou, levando minha atenção para a mesma. — Sabemos que você 'tá toda biruta desde que o Gabriel decidiu arrombar seu coração de pedra.

— Eu odeio dizer isso... — Suspirei, me afundando mais no sofá com minha taça em mãos. — Mas estou com medo.

— Medo? — Carol ergueu uma de suas sobrancelhas e me encarou. — Medo de que?

Medo de estragar tudo? Medo de ser que nem meu último relacionamento? Medo de estragar nossa amizade? Medo do que meu irmão vai achar?
São tantas coisas que me sinto sendo puxada por uma correnteza infinita de incertezas que não existiam há duas semanas atrás. As vezes me pegava segurando a respiração como se estivesse conhecendo alguém novo.
E isso nem sempre é uma sensação boa.