𝟎𝟖 | PESSOAS LEGAIS

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▐  SÃO PAULO, 7 de julho de 2022    CATHERINE LANGE

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SÃO PAULO, 7 de julho de 2022
    CATHERINE LANGE

"Memories" de Conan tocava nos meus fones enquanto eu observava os outros jogarem RPG. Cellbit havia me convidado para assistir a uma partida ao vivo, mas não mencionou que não haveria lugar para eu sentar.

Por duas horas, fiquei no chão duro, mexendo no celular, mas minha curiosidade me impulsionava a querer ver o que acontecia na área do mestre, atrás daquela "barreira" onde Rafael estava posicionado. Eu ficava fascinada com a maneira como todos na mesa interpretavam tão bem seus personagens.

Era estranho ser a irmã do mestre e nem sequer ser convidada para participar; parecia até um pouco homofóbico da parte dele. Observar o RPG acontecendo era mais emocionante do que eu imaginava. Mesmo após duas horas, não estava entediada. Desejei ter nascido tão criativa quanto meu irmão.

A trama paranormal de Ordem Paranormal era brilhante, e acompanhar toda a história até aquele ponto havia sido divertido (embora, às vezes, eu sentisse vontade de reclamar quando Cellbit quase matava ou realmente matava meu personagem favorito). No geral, estava encantada com tudo aquilo.

Estiquei-me para alinhar minha coluna com a parede atrás de mim quando ouvi Rafael anunciar um intervalo de 15 minutos. Todos na mesa pareceram aliviados. Tirei meus fones e os coloquei no bolso de trás da calça, levantando-me e seguindo o grupo para onde passavam seus intervalos, comendo, conversando e fazendo o que quisessem.

Na sala, havia alguns sofás, e eu me joguei em um deles. Matt comentou, pegando uma coxinha:
— Nossa gente, que desespero.

Bea mostrou o dedo do meio para meu irmão, dizendo que ele colocou trinta criaturas para atacá-los "do nada". Ela só queria pegar um pouco de sol.

— O Rafael só quer matar vocês, isso é fato. — Comentei.

— Isso que dá mais emoção! — Rafael se defendeu, dizendo que isso tornava a experiência mais interessante.

Nossas conversas no intervalo estavam sendo muito divertidas; compartilhar esses momentos com aquelas pessoas era incrível. Goularte se sentou ao meu lado, entregando-me um refrigerante, e eu agradeci com um sorriso. Para minha surpresa, ele me deu uma caixinha com nuggets também. Parecia que ele estava levando a sério o plano de me pagar comida.

Beatriz, com seu jeito descontraído, comentou: "Que boioliçe é essa aqui?". Matt riu, lembrando do momento em que Goularte me pagou comida. Eu me sentia à vontade com todos eles.

Entretanto, notei que Goularte parecia distraído e olhava para a parede branca enquanto bebia seu refrigerante. Às vezes, eu achava que um lo-fi infinito tocava em sua mente, já que ele sempre tinha a mesma expressão, tanto durante o RPG quanto no dia a dia. Brinquei com ele e, ao me encarar rapidamente, senti seu olhar penetrar minha alma. Seus olhos azuis eram incríveis.

O intervalo acabou, e Cellbit nos avisou que faltavam cinco minutos para a próxima rodada. Todos se levantaram e o seguiram de volta para a mesa de RPG. Eu me sentei no chão novamente, mas dessa vez sem os fones de ouvido, prestando atenção ao desenrolar da partida.

Em meu apartamento, o silêncio reinava. Após um dia cheio de RPG, finalmente pude deitar na cama e descansar depois de cinco horas sentada em um chão duro. Minhas costas doíam intensamente, e percebi que fazer uma transmissão ao vivo estava completamente fora de cogitação. Se eu ficasse mais duas horas naquela posição, seria como virar uma árvore, incapaz de me mover.

Exausta, mexi no Instagram em busca de algo que tirasse meu tédio. Passando pela timeline e curtindo fotos aleatórias, e adormeci com o celular no meu rosto.

𝐈𝐋𝐋𝐈𝐂𝐈𝐓 𝐀𝐅𝐅𝐀𝐈𝐑𝐒 ; 𝗴. 𝗴𝗼𝘂𝗹𝗮𝗿𝘁𝗲 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora