— Senhorita Cooper!
Meu dia mal começa e já tem essa velha me chamando para responder a resposta que só eu sei. A realidade de ser a mais esperta da turma e a favorita de todos os professores possíveis pelas ótimas notas tiradas todo ano. No início era bem reconfortante saber que eu era a melhor da turma, que chamava bastante atenção, mas agora... Agora virei motivo de piada, que sou o cachorrinho dos professores, além de ter ficado bem irritante eu ser a única pessoa que eles querem que responda.
— A resposta é 56. — Respondi com uma voz já cansada, tentando forçar um sorriso.
— Correta como sempre! — O sinal toca. — Bom turma, estão liberados, tenham um bom dia.
Arrumei minhas coisas o mais rápido que podia, não queria esbarrar, encostar, atrapalhar ninguém; só queria ir para meu canto. O terraço da escola era um lugar que poucos possuíam acesso ou sabiam o caminho para tal, geralmente você acha se perdendo na escola. Cheguei e me acostei perto da grade. Aquela escola era muito alta, dava até nervoso de olhar para baixo. Peguei meu pote com pão de queijo dentro, e enquanto comia, pude ouvir música bem abafada e baixa como se viesse do fone de ouvido de alguém. Curiosa como sou, dei uma olhada e não podia acreditar em meus olhos, era ele... Apollo Jones! Ele era o menino mais bagunceiro de toda a escola. Se houvesse um problema, uma briga, treta, qualquer coisa que deixasse os professores malucos, pode ter certeza de que era ele quem estava por trás. O ver ali me fez lembrar do porquê me tornei a mais nerd da escola.
Pelos rumores que ouvi, Apollo curtia garotas certinhas, espertas, inteligentes; e eu, claro, caidinha do jeito que sou por ele, eu ia com todas as forças ser o tipo ideal dele. Se bem que não demorou muito para eu descobrir que esses rumores eram apenas para me atingir. Todos da minha turma sabiam que eu era apaixonada por ele, e ao insistir que eu soubesse disso, que me obrigasse a ser de um jeito que nunca gostei de ser, isso fez todos aqueles que me enganaram ganharem na loteria. Sou assim desde que me lembro, de certa forma me ajudou, parei de baladar, beber, eu ainda gosto de beber, mas não ao ponto de ficar bêbada. Se a vida me enviar para esse lado festeiro, não reclamaria. Estou longe de ser aquelas pessoas que dizem "Deus me livrou daquele pecado" ou "Deus me livre ser daquele jeito", no caso quando mudam de vida.
Enfim, fazer o que né? Vida que segue. Uma coisa boa que tirei disso tudo, é que agora penso bem mais racionalmente do que emotivamente. Eu não era impulsiva, eu só levava tudo o que me diziam bem a sério é isso me fazia ir tirar satisfações, mas sendo a certinha, as pessoas podem falar o que quiserem, entrou por um ouvido saiu por outro. Voltando a falar daquela criatura divina... ou seria melhor maléfica? É confuso pensar em um jeito para o chamar. Ele era o paraíso só de olhar, aquela sensação de que é ele com quem irei ficar, mas ele também não é flor que se cheire... Então irei chamá-lo de pedaço de mau caminho. Muito grande para ficar mencionando várias vezes... Atrapalhando minha linha de raciocínio, que estava mais como uma bola de lá toda enrolada, o sinal tocou.
Enfurnada novamente naquela sala de aula onde virei alvo dos professores, a porta é aberta pelo segurança do corredor da diretora. Digamos que todos os andares possuem um segurança bem na entrada do corredor. São eles que, quando não estão fazendo o serviço de proteção, estão entregando recados.
— Senhor Jones! — Os dois se olham e nem precisaram falar mais nada para saber do que se tratava. Com o Apollo fora de sala, ele olhou para mim. — Você também senhorita Cooper.
A sala inteira, aposto que outras salas e até mesmo o pássaro voando naquela hora, olharam para a minha alma surpresos. Até eu estava, admito, mas não questionei e só sai de sala como me pediu. Minha professora naquela hora tentou impedir minha saída, porém o segurança tinha sido bem claro quanto a isso e não permitiria que ninguém desrespeitasse as ordens da diretora. Fomos levados para o andar da diretoria, o segurança bateu na porta e pediu para que nos sentássemos no sofazinho ao lado da porta, aguardando. Um enorme e esquisito silêncio se estabeleceu entre eu e o Apollo quando o segurança de foi, falando nisso, o nome dele era Marcos, pai de duas meninas muito fofas inclusive. De todos guardinhas ali, Marcos era o melhor, ele era: simpático, divertido, respeitoso e com isso ganhava o respeito de todos, do Apollo também.
Já estávamos ali fazia um bom tempo, não aguentando mais esperar, Apollo se levantou e se dirigiu até a porta da diretora na intenção de abrir, porém seguro seu braço antes que esse ousasse encostar na maçaneta.
— Não abra isso! Ela não gosta quando entramos sem o consentimento dela.
— Não encosta em mim! — Ele mexe o braço bruscamente para me fazer soltá-lo. — Estamos aqui há horas!
— Só foram 30 minutos, ela deve estar ocupada. — Admito que estava demorando mesmo para a coroa nos chamar.
— Vocês ainda estão aqui? — Perguntou Marcos chegando com um envelope em mãos, aparentemente para a diretora.
— A velha não nos chamou! — Educado como sempre.
— Estranho... — Marcos comentou. — Com licença crianças.
Marcos abriu a porta e um cheiro horrendo de algo mofado, sei lá, passado da validade, invadia as narinas de todos ali. Quando as luzes foram acesas, um susto e terror tomou nossas almas... A nossa frente estava a diretora perdurada por uma corda, enforcada a frente de sua mesa de trabalho...
YOU ARE READING
Minha Culpa
أدب الهواةEllie Cooper é uma jovem estudante, perfeitinha que sempre tira notas boas. Por mais que boa possui-se nenhuma ambição, seu maior desejo, maior sonho, era conquistar o coração mulherengo de Apollo. Um pouco clichê, não acha? Porém quem disse que ser...