𝑰 - Midnight rain: único.

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Essa one-shot contém spoilers do mangá e do filme JJK 0; se você não leu/assistiu, recomendo que evite a leitura. E à quem fica, desejo uma boa leitura e aqui vai o meu pedido de desculpas pelo o final não revisado. 🎨: xo_romiiarts

(1)

As memórias sempre estiveram na noite.

- Suguru.. Explique-se.

Suguru Getou parou no meio do parque quando aquela voz tão familiar invadiu seus ouvidos. Àquela altura já era esperado que as notícias de suas ações já tivessem chegado aos ouvidos dos superiores e, consequentemente, aos dele, mas ainda assim não foi capaz de refrear a surpresa que segurou seu coração com uma mão de ferro. Respirou fundo e virou-se para trás observando o fluxo de pessoas, cada uma delas, até encontrar aquele par de olhos cristalinos lhe direcionando um olhar de eterna descrença. Ele reconheceria aqueles olhos até no inferno, eles costumavam ser o seu paraíso outrora.

Eram os olhos de Satoru Gojo.

Suguru travou, sentindo com total clareza e ao mesmo tempo completamente alheio o seu coração alcançar a sua garganta, agora seca, ao fitar o homem de cabelos de prata no meio da multidão. A mágoa corria diante de Satoru bem como a incredulidade que gelava as suas veias, e Suguru conseguia vê-los diante diante de si claramente, tanto quanto as maldições que ele costumava manipular. Engoliu a surpresa a seco, tentando arduamente não transparecer seus reais sentimentos para com a situação, mas tudo parecia piorar gradativamente conforme o tempo passava.

- Você não ouviu a Shoko? - Ele questionou em um tom neutro ao recuperar a voz, mirando o rapaz à sua frente com as mãos nos bolsos. - Não há muito mais o que dizer.

A resposta tão indiferente dele dez algo dentro de Gojou explodir. Satoru não reconhecia mais o homem que proferia aquelas palavras, embora permanecesse o mesmo fisicamente - com exceção da aparência e postura abatidas. Era como se o homem que ele amava não existisse mais.. Como se uma parte dele houvesse morrido junto com Riko Amanai naquele templo maldito; como se a bala que Fushiguro Toji acertara na cabeça da garota tivesse acertado Suguru também.

Mesmo aqui, mesmo agora, ele simplesmente não conseguia aceitar. Não conseguia aceitar que Suguru fizera todas as coisas que tomara conhecimento. Simplesmente não conseguia aceitar.

- Então é assim?! - ele questionou, elevando a voz à um quase grito que reverberou dentro do coração de Getou. - Você mata qualquer um que seja um não-feiticeiro? Mesmo que sejam seus pais?!

- Não posso abrir uma exceção para os meus próprios pais, certo? - Getou respondeu, desviando o olhar para os próprios pés. Satoru lutou arduamente contra a vontade de mandá-lo calar a boca. - E eles não são a minha única família.

Um arquejo de surpresa abandonou os lábios de Satoru. A verdade o acertou com a força de um soco no estômago, dolorosamente implacável.

- Não é isso o que eu 'tô perguntando, eu achei que você fosse contra matar se não houvesse motivo! - Exclamou à plenos pulmões, gesticulando loucamente com as mãos.

- Ah, mas há um significado nisso também.. - O rapaz de cabelos negros sussurrou, com um sorriso cansado e quase imperceptível curvando o canto de seus lábios. O sangue nas veias de Gojo transformarem-se em gelo. - Há mesmo um propósito nisso..

- Não tem não! - Satoru esbravejou, completamente alheio ao fluxo de pessoas que iam e vinham pelo o parque. Ele podia sentir o desespero chegando, correndo como um rio gelado por suas veias. - Você quer criar um mundo de feiticeiros matando não-feiticeiros?! Não tem como essa porra dar certo!

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