⠀⠀⠀⠀Eu nunca tive problemas em seguir as regras do reino de Atla, até porque ser a princesa dele não era um privilégio — ou sacrifício —, que muitos poderiam ter.
Obedeci a meu pai quando ele disse que eu deveria ser uma princesa delicada e silenciosa. O obedeci atentamente quando me disse que ser uma princesa e futura rainha significaria ser toda ouvidos e obediência ao meu marido. O obedeci, sobretudo, quando me mandou conquistar o príncipe de Khasgar — o reino mais poderoso dos sete reinos, e embora não quisesse tê-lo feito, por conta da fama que o príncipe Henry tinha de ser um pouco grosseiro, eu o obedeci.
Estava noiva de Henry, e estava me surpreendendo, pois ele realmente gostava de mim.
Era cruel, machucava seus súditos e não dava ouvidos para coisas que não lhe agradavam, mas Henry fazia muitas coisas por mim das quais eu nem sonhava que ele seria capaz de fazer. Ele se lembrava de datas importantes (como meu aniversário), e era bom em se lembrar de coisas que eu gostava, como assistir às estrelas à meia-noite.
Porém, todo o amor que Henry nutria por mim, não era correspondido, e, na verdade, eu tinha um pouco de medo dele por fazer tantas coisas assustadoras com os demais. Não consigo tirar da mente que estava por um triz de sofrer todas aquelas coisas também. Se não tivesse uma coroa na cabeça e um passe de princesa boazinha.
Henry me destruiria se soubesse a real razão de eu não corresponder aos seus sentimentos; a culpa, afinal, era dele.
Eu o conheci no meu primeiro encontro com Henry. É natural que princesas precisem de companhia e que príncipes precisem de proteção.
Foi assim que fiquei genuinamente encantada por seu tamanho, seu rosto e olhos opacos. Fiquei curiosa para saber se ele era tão mal quanto aparentava quando fazia tudo o que o príncipe Henry ordenava ou se ele só era mais um soldado cumprindo obrigações. Eu amava seus olhos, e ficava curiosa para descobrir o que estava escondendo seu sorriso.
Cheguei à conclusão que era o próprio reino de Khasgar.
Também fiquei assustada quando cheguei aqui pela primeira vez e me deparei com tanta crueldade em um só castelo. Era tudo tão luxuoso e amedrontador, ao mesmo tempo, que preferi ficar trancada em meu quarto nos primeiros dias ao invés de sair.
O príncipe Henry me convidava apenas para os almoços e jantares nos primeiros dias, então não havia problema em me prender lá dentro.
Até que um dia decidi sair, finalmente. As portas escuras e pesadas do meu quarto foram abertas assim que batuquei meus dedos contra ela. Percebi que era quase uma prisioneira, já que d'outro lado, passos foram ligeiros para longe (descobri mais tarde que um soldado foi avisar ao príncipe que eu estava saindo dos meus aposentos). Meus pés descalços tocaram o chão gélido do lado de fora, e minhas vestes claras foram as únicas coisas em tom brilhante naquela escuridão que era o castelo onde viveria a partir de agora.
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Escape the Nightmare (𝕯𝖗𝖊𝖆𝖒𝖈𝖆𝖙𝖈𝖍𝖊𝖗)
FanfictionCaro leitor, devemos lhe dar alguns avisos antes de começar este livro. Primeiro, certifique-se de que não o lerá às 3h da manhã, quando ruídos quebram o silêncio de seu quarto, vindos de lugares escuros e incógnitos. Em seguida, pendure um filtro d...