Venenos ou travessuras?

Capítulo único

LINK DA PLAYLIST OFICIAL PUBLICADO NO MEU PERFIL!

Tenham um terrível dia das bruxas, e uma péssima leitura.

Jardim Botânico

20h11, 31 de outubro de 2022

É a noite das bruxas em Bludhaven.

A cidade está em completo caos. Pessoas saindo pelas ruas vestindo fantasias dos maiores vilões, para pedir doces ou cometer algumas travessuras. Vilões de verdade derramam sangue pelas calçadas, enquanto os heróis tentam reparar o desastre. Todos os heróis, exceto eu, Jeon Jungkook.

Ou Asa Noturna, como sou conhecido em todo o mundo.

De todos os lugares que eu poderia estar, encontrava-me no mais improvável de todos. O jardim botânico abandonado de Bludhaven, que fica a centenas de quilômetros de distância do centro da cidade, onde toda a movimentação do evento de Halloween está acontecendo, longe de toda e qualquer vida humana. Escolhi colocar os pés em um lugar afastado, com a certeza de que não serei encontrado por mais ninguém além daquele por quem espero.

Ainda vestindo meu uniforme de "salvador da cidade", passo pelas portas de vidro da grande estufa, caminhando em passos silenciosos por entre as medianas camadas de folha que se estendem por todo o piso do local, e partem em direção ao teto. Algumas folhas amareladas despencam no chão e sobre meus ombros, em decorrência da estação atual, que é o outono. Infelizmente, minhas pisadas tranquilas não são o suficiente para proteger as plantas da dor causada por meu peso acima delas. É possível ouvir uma gama de gemidos doloridos vindos do outro lado do jardim, emitidos a cada pegada deixada por mim.

Meus pelos se arrepiam ao reconhecer de onde parte o barulho. Ou melhor, de quem.

Dessa vez, mais cuidadoso, começo a acariciar e brincar com as plantas que me cercam, na tentativa de acalmar aquele que está sentindo dor. Meu toque é quente e suave, fazendo com que as flores desabrochem em minhas mãos, entregues ao cuidado. Conforme me aproximo da parte traseira da estufa, ramos espinhosos e videiras sobem por minha perna, enroscando-se em meu corpo em busca de calor.

— Hm, danadinha... — murmuro, excitado, ao que uma das plantas começa a se arrastar por meu bumbum.

A apenas alguns passos de distância de onde estou, um corpo nu, coberto apenas por várias folhas e raízes que o vestem como uma roupa, levanta-se do chão. Sua pele, de tom levemente esverdeado, e olhos da mesma cor, quase misturam-se ao verde-floresta que domina o ambiente ao redor. O que lhe distingue das demais plantas, é a forma humana, os lábios cheios e seu cabelo avermelhado, adornado por folhas pequenas.

Seus passos cautelosos o trazem até mim, enquanto o espero com um sorriso pequeno, tendo meu corpo erguido no ar pelas videiras.

— Senti sua falta, rei da primavera. — digo, num sussurro.

Ele sorri, em razão do apelido que lhe foi dirigido.

Diferente de quem sou, o rei da primavera não é um herói. Pelo contrário. Em suas veias correm clorofila e seu toque é tóxico. Seu beijo é venenoso, mortal. O rei da primavera é um dos maiores vilões da cidade, um assassino frio e desequilibrado, um meta-humano obcecado por plantas. É um dos meus maiores inimigos, e, apesar de ter sido nomeado como Hera Venenosa, assim como a planta alergênica, também é conhecido como doutor veneno, devido ao fato de que é um cientista e biólogo, especialista em botânica.