Spring Storm - Wolfstar Oneshot

Capítulo Único

Em Hogwarts, as estações do ano sempre foram muito bem definidas.

O ano letivo se inicia no outono, trazendo consigo uma baixa nas temperaturas e os terrenos com um bonito tom alaranjado nas copas das árvores. Com a chegada do inverno, tudo é coberto por generosos centímetros de neve e um frio que pede algumas camadas de casacos. Claro, alguns dias de descanso são muito bem-vindos, viva o Natal! Logo depois, no terceiro mês de um novo calendário, tudo se esquenta e se colore: temos aqui a primavera.

Sobre o verão e o pouco que acompanhamos dele por aqui — pelas esperadas férias — só posso dizer que continua esquentando. Muito.

Agora, em minha sexta primavera na escola, algo novo aconteceu. Não inesperado, mas novo. Aproximadamente no início da semana, o diretor avisou sobre uma tempestade que vinha do norte e chegaria até nós. Hoje, sábado, atrás de algumas colinas próximas, podíamos ver o amontoado de nuvens escuras e intimidadoras.

"Cara, cancela o treino, ninguém quer tomar um banho desses!" Sirius aconselhou ao capitão do time de quadribol da Grifinória no café da manhã, mas James continuou firme em sua decisão de treinar logo após o café.

Bem, agora Sirius, James e provavelmente Peter devem estar marchando carrancudos de volta ao castelo, pois há poucos minutos a tempestade chegou. Pude ouvir os pingos de dentro das cortinas de minha cama — privilégios de sábado — e fui me sentar à janela para ver.

Realmente, poucas vezes vi o céu tão escuro em plena primavera, tão colorida. Os gramados que rodeiam a escola parecem ter dificuldade para absorver a tremenda precipitação que deveriam. O quarto, sempre caloroso, parece mais frio e isolado do mundo lá fora. Talvez esteja, ou talvez seja coisa da minha mente.

Falando nela, a coitada está confusa. Se me permitem contar, começou na primavera retrasada. Nunca fui muito de interagir com lufanos — nunca fui muito de interagir, na verdade — mas, em uma tarda na biblioteca, Angela sentou-se à mesa comigo. Não me lembro de ter a visto antes, porém a lufana disse reparar muito em mim nos últimos dias. Basta dizer que, depois daquilo, namoramos por umas três semanas. Não durou.

Já Tom, durou mais. Nas férias de verão passada, conheci um cara que morava três quadras acima da minha casa, garoto mais velho que estava com pé na universidade de desenho. Ele gostava de desenhar. Nos encontramos numa praça, eu estava lá remoendo sobre o acidente e ele desenhando pássaros. Ele durou mais que três semanas. Foi rápido, platônico, encantador, digno do verão.

Mas, mesmo que eu possa ter me esquecido disso, o verão acaba. Com ele, Tom acabou, foi para a universidade, seguiu a vida. Segui também. E dos sentimentos veranicos que Tom me presenteou, depositei no inesperado Sirius Black.

Agora percebo que com Angela não deu certo, mesmo ela sendo muito mais do que merecia, pois Black estava lá. Com Tom funcionou, mas só naquele limbo do verão. E, quando o conheci, eu pensava e percebia que não podia viver ressentido sobre Sirius.

Se vocês já não sabem sobre o ocorrido do Quinto Ano — coisa que duvido — basicamente Sirius, em uma só tacada, quase matou Severus Snape, colocou sobre insegurança minha presença em Hogwarts e, por pouco, não me levou a uma corte no Ministério. Tudo por uma frase que 'escapou'.

Claro, sou rendido, o perdoei. Sinceramente, o perdoei. Mas acho que nunca esquecerei. Tanto é que nutro agora sentimentos pelo rebelde Black. Tom, não sei se te agradeço por me mostrar isso quando retornei no último outono. Foi meses de faço ou não faço, conto ou não conto, tento ou não tento e, sério, ainda não sei.

Malditos sentimentos, malditos e confusos sentimentos. Tudo estava bem, florido e colorido, belos amigos que nunca antes tive, mas a tempestade veio. Deixou tudo meio cinza, e duvido que aqui haja um arco-iris no fim.