capítulo 3

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Faço meu caminho até a porta da sala, ainda andando devagar, sempre mantendo a cabeça erguida. Passo pelo meu irmão o vendo tentar vir em minha direção para conversar, mas ser impedido pelos guardas.

Faço meu caminho até o salão de festas, tendo que ser uma das primeiras lá.
Tentava não pensar enquanto caminhava, mantendo os passos firmes.

Antes de ir para o salão, resolvo passar em uma das minhas partes favoritas do castelo. Por conhecer bem o castelo, não presto muita atenção no caminho que faço. Apenas focando em chegar ao meu destino. Este sendo uma pequena janela com um pequeno banco de madeira acolchoado em tecido vermelho, no fim de um dos corredores mais afastados.

Era silencioso. E tinha uma vista linda para um campo de girassóis um pouco mais distante, e as luzes do pequeno vilarejo parecem estrelas daqui, com certeza ficam lindas no escuro. Principalmente a lua. A lua fica linda em noites como esta.
Me sento  no banquinho que tem ali, observando a paisagem. Me permitindo voltar a algumas semanas atrás. Quando algumas coisas ainda pareciam certas.
Me deixo voltar a pensar em um dia que me senti leve.  Genuinamente leve.

Tentei lembrar de como seus olhos me contavam tantas mentiras bonitas. E me deixei lembrar de como seu sorriso estava mais bonito aquele dia.

Ela estava mais bonita aquele dia.

Conseguia me recordar quase perfeitamente de como as palavras saiam doces de sua boca, e como sua voz parecia voar junto com o vento. 

Doces mentiras.

Seria muita estupidez querer ser enganada por essa mulher mais uma vez?

Estranho pensar que um dia amei alguém que passei a detestar da noite para o dia. Ainda a amo. Não consigo mais pensar naquela mulher sem ver ela nos braços de Alexi.

Alimentei um sentimento que só eu sentia, nutri um relacionamento que só eu vivia, vivi um amor que só eu sabia.

Por mais que doesse lembrar do cheiro da mulher de cabelos loiros e olhos azuis, ou lembrar do sorriso, do brilho nos olhos, do jeito que falava, e do jeito que me amava...

...Do jeito que fingia me amar...

Não posso evitar sentir falta dela. Sinto falta da atenção que recebia dela, e do jeito que me sentia ao seu redor.

Preciso sentir ela mais uma vez.

Não consigo concluir o que pensava, já que um pigarreio corta minha linha de raciocínio, e não posso deixar de ser grata a isso. Já que sei o caminho que meus pensamentos tomariam. Sinto algumas partes do meu rosto geladas com uma leve brisa que passou pela fresta da janela, me fazendo perceber que havia chorado. Tento passar a mão para secar as partes molhadas o mais rápido possível, antes que o guarda que me despertará da minha dissociação percebesse meu estado lamentável.

—Pois não? — tento fazer minha voz soar firme, mas não acho que tenha conseguido.

Enquanto não obtenho nenhuma resposta do guarda a minha frente, aproveito para observa-lo. Sua armadura tinha traços de ferrugem em algumas partes, mas ainda assim reluzia. Ousaria dizer que foi recém polida pelo brilho do metal. Ele tinha aproximadamente minha altura, e não aparentava ser muito forte,  o que era estranho para um homem. Principalmente um guarda real.

Como não tenho nenhuma resposta rápido, resolvo persuadir um pouco mais ele, gosto de ver os guardas pensarem no que vão responder para não perderem a cabeça.

— Posso saber o motivo de você ter vindo até aqui, me incomodar? Não lembro de ter pedido companhia.

Diferente das outras vezes, não vejo esse guarda hesitar, o que definitivamente é novo. Interessante.

Flores para um coração congelado Onde histórias criam vida. Descubra agora