Capítulo 5

3 0 4
                                    

Fiquei a tarde quase inteira no jardim, e quando voltei para o castelo fui direto para o meu quarto, evitando qualquer tipo de interação com alguém. Trancada no meu quarto me peguei pensando em qual seria a melhor maneira de acabar com a dor. Já que sinto esse aperto no peito, e esse mal estar desde o momento que eu acordo ao momento que me deito, deve ter algum jeito de me curar da profunda agonia que meu coração se encontra.

Alguns subestimam o poder que um coração partido pode ter em cima das pessoas, mas a verdade é que um coração em pedaços tem força suficiente para matar, ou salvar alguém.

E o meu está me matando.

Acredito que se não achar minha resposta logo, vou acabar cedendo para os desejos da minha mente, e voltar a janela para terminar o que pensei em começar. Já que não consigo suportar pensar nela mais.

Amélia foi meu único e mais sincero amor. Foi a primeira pessoa que me apaixonei, e pode ser por isso que eu me deixei ser enganada tão facilmente. Já que acreditava que o amor era mútuo, e que ela não me enganaria.

Fui ingênua.

Mas não posso apagar o que vivi com ela. Gosto das nossas lembranças, do jeito que elas fazem um sorriso espontâneo surgir em meu rosto. Não me permito pensar nela, já que ainda sinto meu coração errar as batidas quando sua imagem vem em minha mente. E sinto as borboletas na minha barriga, e eu não gosto de borboletas.

Talvez não dê para curar.

Mas ainda assim, não posso evitar sonhar em um dia conseguir me ver livre das tormentas que ela ainda me causa.

Fui idiota por amar ela.

Me deixei levar por algo que no fundo, sabia não ser real. Um relacionamento que foi totalmente unilateral. E apesar de ter vivido meus melhores momentos com ela, agora sinto que só eu estava vivendo eles.

Ela realmente queria estar comigo ou eu estava prendendo ela ali?

Não sou experiente no amor. Amélia foi minha única tentativa, e eu não pretendo ter outras. Não quero acabar achando alguém igual a ela.

Depois de passar a esperar todos os dias para ver e falar com ela, fazer dela meu lar, confiar e ama-la, dei a ela todas as armas para acabar comigo. Afinal, estar apaixonado é realmente entregar para a outra pessoa uma arma engatilhada e apontada diretamente para o seu coração, e implorar para ela não atirar.

Amor é uma roleta russa.

Um jogo de aposta onde é raro ganhar.

A paixão tapa seus sentidos.

Te torna vulnerável.

Como minha mãe diz... Um rei vulnerável, não é rei por muito tempo.

Se me perguntassem, não saberia explicar exatamente o que sinto agora, mas me sinto vazia agora. Sem propósito, quase igual um fantasma vagando por essas terras. Mas como ainda tenho ar nos meus pulmões, e uma coroa sobre a cabeça preciso colocar meu coração para sofrer em silêncio. Não posso me permitir camuflar entre as paredes, ou deitada em minha cama o dia inteiro.

Não posso sofrer.

Sempre que levanto a cabeça dos travesseiros sinto quase como se um peso enorme fosse depositado em meus ombros, e o pequeno trabalhador que fica martelando meu cérebro acorda, deixando minha cabeça latejando durante todo o dia.

A três dias não sinto vontade de nada.
Sem vontade de comer,
Falar,
Sair,
Viver.

Quero voltar a ter energia suficiente para me sentir viva novamente, mas creio que não vá conseguir.

Flores para um coração congelado Onde histórias criam vida. Descubra agora