A Origem - parte 2

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Dez anos depois, já estava de noite, a tribo daquela aldeia estava reunida em volta da fogueira, dançando e comemorando o nascimento de um bebê, que havia ocorrido na tarde daquele mesmo dia. Eles não sabiam que horas eram quando todos foram dormir, mas sabiam que era bem tarde.

O nome do índio era Raoni, que crescera com um espírito aventureiro, sempre adorando explorar todos os cantos da floresta Amazônica, nadar pelas águas cristalinas que lá tinham, até mesmo comer peixes vivos e seu hobbies: pescar e caçar.

Raoni era muito bom naquilo, sempre que seus amigos índios, Aikanã e Cauê, o chamavam, ele sempre fazia as suas próprias lanças e as usava nas brincadeiras com tanta perfeição que chamava a atenção de muitos índios e índias. Ele era realmente muito promissor e tinha tudo para ficar no lugar de seu pai, Moacir, como líder, quando ele morresse.

Mas existia uma única coisa que Raoni nunca conseguira entender, ele sabia que a Amazônia era estendida por milhares de quilômetros dali, sabia da existência da floresta ao lado, o Pantanal, e queria explorá-la também, no entanto, isso era algo que seus pais jamais permitiam.

- Janaína não quer Raoni no Pantanal - disse ela.

- Por quê? É um lugar "bunitu" - disse Raoni.

- "Bunitu" e perigoso! - completou Moacir - Raoni não vai e "cabou"

Suspirando, Raoni não tinha a menor ideia do que poderia encontrar por lá, o que o deixava cada vez mais agoniado, a vontade de conhecer aquele lugar era muito forte e quase o sufocava, mas ele não podia fazer nada, o que ele tinha de corajoso e habilidoso, ele tinha de obediente. Ao encontrar seus amigos em um lugar da cachoeira, eles viram que ele estava chateado e perguntaram o motivo.

- Janaína e Raoni não me deixaram ir para lá de novo! - desabafou ele.

- Quando Raoni completar dezoito anos e virar o líder, poderá ir aonde quiser - respondeu Iracema, uma de suas amigas.

- "Vamo" caçar por aqui "mêrmo" - empolgou-se Cauê.

Mesmo caçando brilhantemente como sempre, aquela conversa não saía da cabeça do índio adolescente, mas ele tinha razão, não podia desobedecer ser pais. Portanto, isso fez com que ele acabasse vacilando, ao encontrar um cardume de peixes em um dos lagos, ele rapidamente conseguiu cravar sua lança em uns quatro de uma vez, quando ia partir para a borda com a lança cheia de peixes, um crocodilo bem grande surgiu da água e tentou abocanhá-lo, em um ataque surpresa. Por instinto, Raoni pulou pra trás e desviou da boca do monstro. Ao se recompor, ele não perdeu tempo e cravou outra lança na cabeça dele. Não conseguiu ir fundo o suficiente para matá-lo, mas fez o animal baixar a guarda e ir embora. No entanto, não demorou muito e Raoni percebeu que a correnteza estava o levando, já que, para desviar do bicho, precisou entrar na água. Ele tentou nadar de volta para a terra, mas não conseguiu.

Enquanto se afastava da margem, alguns dos seus amigos índios perceberam o crocodilo nadando pelo córrego com a lança fincada na cabeça.

- "Óia" só! - indicou Cauê.

Os três índios amigos de Raoni se aproximaram, preocupados. Vendo que o animal não os intimidava, por estar ferido, eles logo perceberam que a lança era de Raoni, pois a mesma possuía uma fita vermelha, que ele sempre usava, pois era a cor de sua tribo e todos usavam dessa cor. Assustados, começaram a procurar por ele, mas não o encontravam. 

Depois de muito tempo lutando contra a correnteza forte que possuía, Raoni estava ficando fraco, sem forças, achando que sua hora estava chegando, por mais que tentasse, suas pernas fraquejaram, os braços cansavam e suas energias também. Depois de muita luta para voltar, ele acabou desmaiando.

Índio Feroz - Coração GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora