Reviravoltas

4 2 0
                                    

Os pantaneiros e os amazônicos encararam o homem de fogo, confusos e atordoados, sem ter a menor ideia do que estava acontecendo naquele momento.

Alberto então, desfez a sua forma de Chamuscado, voltando ao corpo humano. Ele usava sua roupa à prova de fogo criada especialmente por Sterling, o que fez Raoni estranhar, pois enquanto voltavam para casa no quinjet de Nélio, Alberto havia comentado com ele que nunca mais iria usar aquela roupa novamente. Então, para estar usando-a, algo de muito grave havia acontecido.

- Então diga Alberto, o que tá acontecendo? - insistiu Raoni.

Alberto se aproximou dele.

- É tudo uma armadilha para primeiro desestabilizar você e depois te matar! - exclamou, deixando todos assustados - O Seu Adriano Simões, meu chefe, estava anteontem conversando no escritório dele com um homem misterioso. Eu não pude ver o rosto dele, porque a porta estava trancada, mas eu ouvi perfeitamente os dois começando a conversar sobre um plano de vingança contra Os Protetores. Eles chamaram de contra-ataque! E o primeiro alvo era você!

- Eu? Mas, por quê??

- Não é óbvio? Os Protetores foram manipulados mentalmente pelo Kairus, forçados a pegar várias peças espalhadas pelo mundo com o intuito de construir aquela máquina devastadora. Tudo bem que nós o derrotamos mas... 

Raoni suspirou, eles haviam derrotado Kairus parcialmente, havia sido ele quem cravou a ponta do tridente no pescoço do vilão, o que fez eles terem tempo de salvar o mundo da máquina de destruição, mas embora não fosse seu primeiro assassinato, Raoni ainda tinha aquele momento fresco em sua memória.

- ... O fato é que quando isso aconteceu, já era tarde demais! Todo mundo agora odeia a gente! E uma dessas pessoas, é o meu chefe, o Seu Adriano. Lembra daquela missão na Alemanha? - continuou Chamuscado.

Raoni fez que sim.

- Lembro, estávamos procurando um chip para o Kairus! - respondeu ele.

- Pois é, naquele momento, o filho do Seu Adriano, que era fuzileiro e estava lá na Alemanha em missão para tentar nos derrotar, acabou sendo ferido. Ele era um dos fuzileiros que você derrubou com seu tridente - ele revelou, novamente Raoni se lembrando daquele momento em que cravou a ponta do tridente na barriga dele.

- Mas o que isso tem a ver com o pessoal do Pantanal? - perguntou ele ao amigo.

Alberto suspirou, fechando os olhos e abriu novamente.

- Após a morte e o funeral do filho dele, Seu Adriano bolou um plano de vingança contra nós. Um de cada vez. O plano dele era fazer com que os pantaneiros pensassem que você e seus índios queriam atacá-los, para que assim, iniciassem uma guerra e assim, você perderia um monte de aliados, ficando mais vulnerável, até que, independente da vitória ou da derrota de Nina Jaguar - ele olha para a Abrasadora, que cruza os braços - Ele viria aqui e te mataria.

Nina, desconfiada como sempre, negou com a cabeça.

- Tu só podes tá brincanu cumigú! - reclamou ela.

- Você tem certeza disso Alberto? - perguntou Raoni.

- Claro que tenho. Eu OUVI ele conversar isso com o homem, falar para ele EXATAMENTE TUDO que eu estou te falando e da forma que estou falando. Eu até cheguei a achar que tinha ouvido mal, mas depois que ele saiu da sala dele para tomar um café na copa, entrei na sala dele escondido e vi todo o plano dele desenhado em papéis espalhados pela mesa! Ele já conseguiu fazer vocês começarem a lutar, pode chegar aqui a qualquer momento e te atacar de alguma forma - finalizou Chamuscado.

Raoni, mais aliviado, decidiu dar um basta naquilo. Determinado, virou-se para os pantaneiros.

- Agora que já sabemos que todos são inocentes... GUERRA ENCERRADA!! - berrou ele, esticando seu tridente pra cima provocando uma explosão de raios.

- GUERRA ENCERRADA! - gritaram de volta tanto os Amazônicos quanto os Pantaneiros, enquanto Boiuna e Nina se encaravam, confusas.

- Todo mundo volte para suas terras, eu e Chamuscado iremos resolver essa treta agora! - ordenou Raoni.

- Nada disso filho, quase perdemos nossos guerreiros por conta de um mal-entendido. Não sabemos o que esse caraíba é capaz de fazer, vamos todos juntos derrubar ele! - disse Moacir.

- Mas temos índios feridos!

- Janaína e Aruana levarão todos para as ocas para receberem tratamento, enquanto os que ficaram de pé irão lutar com a gente! 

Raoni pensou um pouco, vendo que os Pantaneiros deram as costas, ele concordou.

- Ok, sigam-me! 

Seguindo as ordens de Raoni, todos os índios que estavam feridos já haviam voltado para suas ocas e recebendo o tratamente necessário do Pagé, enquanto os outros índios que ainda estavam bem, juntamente com Chamuscado, que retornou à sua forma de fogo e levantou vôo, levando Raoni a voar também e todos partiram para a beira da praia, onde ficava a área de pesca dos índios.

- Estou vendo um barco chegando aqui perto! - avisou Alberto.

- Consegue ver quem está dentro dele? - perguntou Raoni.

Alberto conjurou um binóculo de fogo e colocou em suas mãos, logo se dando conta de quem era.

- É o Seu Adriano e mais uns dois homens, eles vieram atacar! - alertou ele.

- Fiquem todos escondidos aqui, esperando. Ao meu sinal, vocês ataquem ele! - ordenou Raoni e todos concordaram.

- Só de curiosidade: eu era o primeiro alvo? - quis saber Raoni.

- Sim, você era o primeiro da lista! - confirmou Alberto.

- E quem era o próximo alvo então?

- A Mulher-Elétrica, ele vai procurar alguém para se passar pelo filho dela e usá-lo como isca para atraí-la para uma armadilha! 

- Sério? Então temos que contar isso para o Nélio Zulu! 

- Eu já tentei, mas nada deu certo, estou até preocupado se o Seu Adriano já fez algo com ele pensando que ele foi o mandante de todas aquelas missões cruéis! - desabafou.

- Ele não sabe que trabalhávamos para o Nélio.

- Ora, alguma explicação tem que ter para o Nélio sumir dessa forma! 

Raoni assentiu, Alberto tinha razão, mas ele não podia vacilar, se Seu Adriano ainda não tinha atacado Karen, era só eles acabarem com ele ali mesmo e todos os outros heróis estariam seguros.

De dentro do barco do empresário, o mesmo olhou para o piloto.

- Diminua a velocidade, quanto mais sorrateiros formos, melhores as chances de acabarmos com esse desgraçado - disse ele.

- Pode deixar senhor.

Então, o barco ficou navegando bem lentamente, se aproximando aos poucos da ilha, enquanto Raoni e Alberto esperavam o ataque, escondidos.

Índio Feroz - Coração GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora