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Levei um tempão para colocar o meu novo quarto em ordem, já que deixaram lençóis limpos na cama, mas o resto das coisas estavam todas empoeiradas, como se ninguém fosse ali há um bom tempo.

Talvez a última empregada não dormisse aqui, ou talvez tenha um outro quarto de empregados...

Eu fiquei realmente aliviada por não ter colocado tantas roupas na minha mala, já que acabei descobrindo que o espaço nas gavetas da cômoda era bem pequeno e para a minha sorte coube exatamente o que levei.

Eduardo retornou ao meu quarto uma hora depois de ter me deixado sozinha, quando eu já estava bem cansada depois de desfazer as malas; Ele deixou a lista de serviços comigo e disse que eu começaria a trabalhar na manhã do dia seguinte.

Eu continuava curiosa sobre a minha chefe. Eduardo deixou claro que eu poderia ir jantar se quisesse, e apesar de imaginar que dessa forma talvez eu chegasse a encontrar com ela na sala de jantar, eu também estava exausta o bastante para recusar a comida e preferir o calor dos lençóis, por hora.

Bom, eu queria mesmo era deitar e descansar, porque dormir era outra história... Fiquei encarando o teto do quarto feito um zumbi, pensando em Mai, em Amélia e em como as coisas seriam dali pra frente.

Senti como se estivesse num sonho... Era a minha primeira vez dormindo longe da minha amiga, da minha mãe... Dormindo longe do lugar onde nasci, o único lugar que eu conhecia.

Seriam novas experiências e descobertas e eu estava ansiosa para isso, porque era o que sempre quis.
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Acordei com batidas bruscas na porta e sentei-me na cama coçando os olhos; olhei pela janela do quarto e vi que o dia já tinha amanhecido.

Rapidamente me lembrei de onde eu estava, já que por um momento tinha esquecido de tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas, de tão surreal que parecia.

Eduardo deixou claro que eu começaria hoje, mas o meu celular ficou esquecido na gaveta, descarregado. Não me lembrei de colocar pra carregar pra ativar o despertador e dessa vez o meu relógio biológico resolveu dar uma folga...

Mas que droga, não posso parecer uma desleixada, o que a chefe vai pensar de mim se souber que demorei pra levantar e começar o serviço logo no meu primeiro dia?

Abri uma fresta da porta, o suficiente para Eduardo ver apenas o meu rosto, visto que eu estava de pijamas.

Encontrei uma expressão nada contente em seu rosto, então sorri nervosamente observando que ele segurava um pacote com algo abstruso. Juntei as sobrancelhas, fechei e abri a boca várias vezes ensaiando um "bom dia", mas acabei desistindo quando ele suspirou e tomou a frente:

Maraisa, você já está pronta? — Ele levantou uma das sobrancelhas grossas e brancas, examinando o pouco que conseguia ver através do espaço na porta — É, parece que não.

— Bom dia, Eduardo... — Disse, finalmente — Eu estou sem alarme, por enquanto... E bom, eu também não sabia exatamente que horas deveria estar de pé, mas estava contando com o meu relógio biológico e acabou não dando muito certo, então me desculpe... Mas eu garanto que...

— Basta, não jogue conversa fora. — Ele levantou a palma me interrompendo pela milésima vez dentro do pouco tempo em que estou aqui — Tome um banho e vista o seu uniforme. — Empurrou o pacote pra mim e eu soltei a porta para segurá-lo, sentindo o meu rosto arder de vergonha quando a porta acabou se abrindo mais um pouco e ele viu meu short com estampa da Frozen que ganhei de Amélia. Tentei tanto esconder e acabou sendo em vão.

Srta. Marília | Malila [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora