Reino dos Céus - Solís Aureum

Capítulo 1: Um viajante em meio a neve

(...)

Reino do Céu da Meia Noite, uma terra vasta, vazia e coberta de gelo. Conhecida por ser o local mais frio já existente e com poucas populações, seus habitantes vivem da caça de ursos e da pesca, ja que nenhuma vegetação cresce por ali.

Os dons elementais também estavam presentes por ali, mas eram restringidos pela igreja. Os sacerdotes afirmavam que tal poder era concebido pelos deuses somente aos membros que faziam parte de seu grupo e qualquer prática elemental era totalmente proibida até mesmo para estrangeiros, aqueles que não obedeciam eram presos e muitas vezes eram obrigados a conversão se quisessem continuar com sua liberdade. Qualquer forma de traição ou desobediência era severamente punida.

O jovem Dean Jovier fazia de tudo para esconder uma marca misteriosa em suas costas. Ele acreditava ser um dom elemental, mas sua marca era diferente, já que surgiu em uma área incomum e se parecida mais com uma maldição. Em sua terra, era fácil manter uma marca escondida, devido ao frio era obrigatório se aquecer com roupas grossas se não quisesse morrer congelado.

Dean vivia com a família meramente normal mas que não de davam tão bem como deveriam, devido ao desaparecimento de sua mãe, seu pai Hannes acabou se casando novamente com uma mulher chamada Lídia, e ganhou de brinde mais duas irmãs mais novas, Milena e Hecaya. Sua madrasta o fez começar a trabalhar desde cedo dizendo que deveria ajudar com as despesas querendo ou não, ele só concordou para ficar o mais tempo possível longe dela por não ter se acostumado com a nova vida.

Naquela manhã fatídica, Dean resolveu acordar o mais tarde possível para aproveitar seu horário de folga da taverna. Começou aos quatorze anos e está neste ramo a quatro anos. Costuma dizer que toda hora fora da taverna é sua folga, mas seus horários são sempre tarde da noite, ou apenas tarde, já que na terra do céu da Meia Noite o dia só existe por seis meses assim como a noite.

Tudo estava calmo e em paz, até Hecaya adentrar o quarto de Dean sem bater trazendo junto consigo uma grande briza gelada.

— Levante Dean! Está um dia lindo lá fora.

— Dia? no céu da Meia Noite? — zombou.

A garota suspirou revirando os olhos.

— A mamãe mandou perguntar se você tem Tolkari para ela comprar carne.

Dean pegou um saco de moedas pequeno da gaveta ao lado da cama e entregou. Tolkari era o nome das moedas utilizadas em todos os reinos, ninguém questionava seu valor.

— Eu só tenho isso, não está tendo movimento na taverna essas noites.

— Devia pedir um aumento a aquele velho!

— E você devia arrumar um emprego e sair do meu quarto.

Ela não respondeu e apenas saiu balançando o saquinho de moedas. Não se importava em deixar a porta destrancada, já que sabia que ali não tinha nada do interesse da madrasta ou das irmãs; não era tolo em dar todos seus tolkaris a ela, a taverna estava sempre cheia então convenceu seu chefe a guardar a maior parte para que ele sempre tivesse algo para si. Já que não iria conseguir dormir de qualquer forma, ao se levantar, ele andou até o canto de seu quarto onde havia uma espada na parede e fez uma breve reverência. Algo incomum e que era seu ritual matinal. Aquela era a espada que sua mãe deixou para ele antes de viajar e não dar notícias por anos, apesar da bainha ser simples e velha, seu punho era entalhado e brilhante. Dean se lembra que ela dizia que sua lâmina era de vidro, então, ele nunca a usou com medo de quebrá-la.

Hannes também nunca deixou Dean praticar alguma arte marcial, justamente com medo dele querer ser como a mãe, uma aventureira que queria viajar pelo mundo. Então faz de tudo para que ele seja totalmente normal, mesmo não adiantando nada. Era totalmente comum que os habitantes do céu da meia noite tivessem os tons de cabelo que lembravam a neve, mas Dean sempre foi diferente, seu cabelo era vermelho como sangue e olhos dourados como puro ouro, algo incomum por ali e ele sempre dizia que esse tom era sua única herança de sua mãe.