Eu acordo com a coluna doendo pela minha posição- eu dormi sentado em cima da minha mochila, eu me recuso a deitar nesse carpete! Não faço ideia do que está deixando essa coisa úmida, que nojo!- Eu lembro todo o ocorrido e percebo que devia sair dali o mais rápido possível, á quanto tempo eu já estava lá? As lâmpadas de luz estável me enlouqueciam juntamente de seu ruído azucrinante.
Tomo mais um gole da água de amêndoas e sigo meu percurso sem destino certo. Eu ainda estava cansado, era como se eu sequer tivesse dormido, com isso decido parar um pouco e me apoiar numa parede para respirar, minhas pernas não aguentavam mais caminhar! Eu parecia não escutar direito, não conseguia respirar bem e minha visão estava turva. Com isso eu pauso um pouco para me recuperar, mas digamos que... Eu atravessei a parede e caí feito uma jaca madura! -socorro que vergonha...- É então que eu percebo que eu estava na Sala Manila!
Sala Manila- Tem esse nome por conta do papel de parede que tem um tom de papel pardo (assim como suas variações de tom encontradas no piso e teto), é uma sala dentro do nível zero dos backrooms, ele é uma sala vazia exceto por uma mesa redonda e uma cadeira em seu centro.
Eu entrei em crise quando percebi o que se passava ali, isso porque de tempos em tempos a luz alaranjada da sala - diferente do resto do nível que tem cores amarelas, a Sala Manila tem tons mais marrons e alaranjados- se apaga! Ela pode falhar, desligar e enfraquecer, esses períodos podem durar segundos, minutos ou até horas! E digamos que pesar de toda minha coragem e etc, eu tenho nictofobia - fobia do escuro- então eu provavelmente entraria em crise ali mesmo, e pior do que isso, eu não sei como sair da Sala Manila!
O estranho era que havia um rádio antigo em cima da mesa, eu o ligo e ele começa a tocar a quarta sinfonia de Beethoven, eu sorrio ao ouvir a música, mas meu sorriso logo se desfaz quando a luz se apaga de repente, com isso começo a ouvir o som do maquinário e ao mesmo tempo sussurros que vinham em meio a urros pedindo por ajuda. Eu comecei a lacrimejar, tremendo eu me encolhia num canto da sala abraçando minha mochila, pego meu bichinho de pelúcia nas mãos, ele tinha o tamanho de um filhote recém-nascido de gato. Eu contenho as lágrimas, tento prestar atenção na música, e assim, com o tempo eu consigo parar de tremer. Eu estava quase caindo no sono, mas decidi trocar a estação do rádio- Inclusive, como pegava sinal de rádio ali? Não devia acontecer isso, honestamente sequer deveria haver um rádio ali- Eu giro o botão para mudar a estação, mas o mesmo trava numa rádio ruidosa, eu tanto mudar mas não adianta, o sinal havia sumido, eu puxo minha mochila para perto enquanto tampo um dos meus ouvidos, a fim de afastar o som agressivo da minha percepção. Eu sigo tentando mudar a rádio, até que vitoriosamente escuto... "A Valsa De Um Minuto, por Chopin". A música começa, eu fecho os olhos ignorando meus arredores e todos os outros ruídos ensurdecedores que antes incomodavam, quando a música acaba eu involuntariamente ponho a mão sobre o rádio, mas em alguns segundos deixo de senti-lo, abro os olhos e vejo ao meu redor...
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Preso nos backrooms
FantasyEu era um garoto normal carregando apenas minha mochila, até que eu atravessei o chão, quando percebi os ruídos das lâmpadas amarelas fluorescentes e o carpete úmido já era tarde de mais...