A Introdução Da Introdução

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Eu sei porquê você está aqui...

Mentira, eu não sei não, só queria te assustar um pouco haha!

Antes de mais nada, queria lembrar do básico: quase tudo aqui é fictício, algumas coisas são reais e outras foram mudadas pelo contexto da história.

Susto dado, vamos ao que interessa porquê sou uma moça educada e direta.
Me chamo Hariane mas pode me chamar de Aninha, Hari ou H. Você escolhe.

No momento tenho quase trinta anos mas até agora, todos os anos tiveram alguma dificuldade marcante, seja na carreira musical ou principalmente na vida amorosa. Digamos que uma se liga a outra (por mais que eu quisesse mantê-las separadas).

O foco aqui não é só minha dificuldade durante as décadas para fazer as pessoas verem que uma nordestina não necessariamente precisa querer seguir carreira no Forró, sou de Fortaleza mas aqui é Rock!

Meu foco é te contar (ou tentar) sobre como uma história de amor nunca vivida pode adormecer com o passar dos anos mas simplesmente "acordar" em um específico ano ou época.

Sabe, minha história com a música foi muito difícil mas boa também, apesar da timidez gritante e pânico de palcos, me quiseram na banda da escola. Por alguma sorte celestial, tenho uma voz boa pra cantar, eu acho.

Estamos falando aqui dos anos 70. Ditadura, discriminação. O sistema aqui é igual para todos os negros pobres: se você tem essas características (ou é do nordeste), você não merece ter sucesso na vida.

Sempre fui muito indecisa para escolher qualquer coisa e com profissões e faculdades não foi diferente. Como filha única, meus pais concentravam todos seus centavos em mim mas não pensem que isso é bom.

Quanto mais atenção, mais cobranças.

Tenho que ser a filha perfeita, sem erros ou críticas a eles. Meu pai é meu grande fã, me deu um violão, acreditando no meu sonho musical, tudo que sei de Rock ou filmes vem dele, ao contrário da minha mãe. Ela sempre vai achar que escolher música é perda de tempo, não dá dinheiro e envolve drogas.

Por quê não ser caixa de supermercado? Assim posso viver sempre perto da vigilância dela. Ser sua boneca, da qual ela se gaba com as amigas, fazer o que ela quiser, sua segunda chance na vida é me usando. Disse não a isso e ela decidiu não me elogiar ou apoiar em nada.

Talvez enfim, se tudo desse errado, poderia cursar Artes Cênicas para tentar ultrapassar meu limite de poucos amigos e parar de ser "a estranha, amiga dos professores". Talvez até Administração porque dá dinheiro.

A banda da escola me rendeu muita coisa boa, timidez de lado, piadas espertas no palco me aproximando daqueles olhos curiosos e agitados do que chamamos de "plateia".

Já ganhamos festivais na Alemanha, bolsas para estudar em outros estados, foi aí que a Aninha de antes mudou. Por causa de um cara, que vergonha.

De todas as "histórias de amor e casos sexualmente casuais" que eu tive, fui logo favoritar em meu coração um amor que nunca se desenvolveu além de um beijo detrás de um arbusto numa Quarta-feira cinza e fria em Brasília.

Anos depois, tudo deu certo, está dando, tenho fama e dinheiro mas não tenho alguém que eu realmente sinta que possa talvez largar tudo por ele, tenho um medo incrível de me arriscar e falhar, como sempre acontecer comigo e os homens.

Homens são tão lindos e tão cruéis.

Estou de novo com um dilema com homens mas não é comum como sempre foi, algo está diferente. Estamos falando do meu futuro (ou o que eu planejei que fosse) e do meu passado que agora é uma incógnita no presente.

Tudo se mistura e eu não sei o que fazer, como posso amar duas pessoas diferentes ao mesmo tempo? Será amor ou ódio, melancolia reprimidos?

Convido você a ver como minha vida e mente funcionam agora, em pleno os anos 80. Posso te assegurar que as vezes você vai querer me apoiar, ou me jogar de uma ponte, ou se jogar de uma ponte comigo.

Provavelmente você vai querer me abraçar ou me matar, depende muito das minhas tortas escolhas, aquarianos não costumam dizer o que sentem.

Boa sorte para você tentar entender como eu penso ou ajo, sou aquela pessoa que te puxa pela mão enquanto lhe diz "vem comigo que no caminho eu te explico!". Paciência.

Vamos?

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