A Cereja do Beijo, digo, Do Bolo

0 0 0
                                    

Que presente tão especial será esse?

— Se será bom ou não, depende do que você prefere pensar. Estou escrevendo uma canção e... Eu gostaria de sua opinião se a letra for... muito clichê.

— Você vai cantar, Herbert?

— Não olhe para mim, eu não posso cantar com as pessoas olhando para mim.

A voz dele é assim tão horrível? Eu fico ali de olhos fechados enquanto ele timidamente começa a cantar algo que parece uma letra.

"Mas sei que não se pode terminar assim

O jogo segue e nunca chega ao fim

E recomeça a cada instante

A cada instante...

Eu não te peço muita coisa, só uma chance

Pus no meu quarto seu retrato na estante

Quem sabe um dia vou te ter ao meu alcance

Ah, como ia ser bom se você deixasse

Se você lembrar, se quiser jogar

Me liga, me liga..."

Marco vai me desculpar, mas a voz de Herbert...ele canta!

E sua mãe parecia estar certa, afinal de contas. É uma voz tão calma e quente. Confortável e um pouco rouca. Ele fica em silêncio.

— Deus, você tem certeza de que não sabe cantar? Isso é incrível. Você é bom... Herbert?

Eu sinto a presença dele perto de mim, mas não sei se ele se foi.

— Oi, estou pensando aqui.

— O quê?

— Você sabe quando você sente que só tem a chance de fazer alguma coisa uma vez?

— Sim.

— É....

— Então faça isso! Eu ainda tenho que fazer minhas malas-

Ele não me deixou terminar minha frase. Ele me beijou.

Isso é um beijo, certo? Os lábios dele estão pressionando suavemente contra os meus, enquanto as mãos dele seguram meu rosto ao seu lado, mãos quentes. Ele me faz inclinar minha cabeça para longe dele e lentamente sinto a vontade de abrir minha boca e o faço.

É engraçado isso sobre beijar. É agradável, relaxante, talvez seja por isso que as pessoas fazem isso, sinto como se estivesse pulando sobre nuvens feitas de algodão doce branco. Ele faz um barulho enquanto beija, um gemido?

Quem se importa, é engraçado. Não sei onde colocar minhas mãos até me lembrar de um filme da Doris Day, ou vários, minha mente de repente fica tão lenta como uma pena caindo. Doris sempre beija o cara com as mãos no cabelo, eu vou fazer isso.

Funcionou, ele parece gostar desde que suas mãos vão até a parte de trás do meu pescoço e brincam com meu cabelo.

Ele pára e eu também, mas ainda temos as mãos um sobre o outro, eu abro meus olhos lentamente e o pego olhando para meus lábios e meu nariz com um biquinho engraçado, seus lábios estão mais vermelhos e com meu batom rosa escuro.

Ficamos ali, olhando um para o outro apenas suspirando, sentindo o vento frio da noite agitar nossos cabelos mais do que nossas próprias mãos.

— Eu gosto de você.

É tudo o que ele me diz. Eu sorrio e ele entende que esta foi a minha resposta.

— Então aí está você, mocinha! E quem é você?

Nós olhamos o homem gritando no jardim, nos encarando com raiva e vestindo um ridículo roupão marrom. Saímos um de perto do outro em segundos.

É o pai de Deborah, acompanhado pela a mãe dela que vai ver o que estava acontecendo e sorrir para nós dois.

— Oi, tio Julio, tia Patrícia. Tudo bem?

Eu respondo passando minha mão sobre minha boca casualmente e Herbert faz o mesmo.

— Tudo bem se eu não fosse ao seu quarto e te não te encontrasse lá, Hariane. E esse cara?

Ele diz olhando para Herbert como se ele fosse um intruso.

— Ah, olá, senhor...Julio. Estou apenas trazendo sua filha para sua casa, estas ruas são perigosas....

Patricia e eu tentamos não rir da voz falhada de medo de Herbert.

— Ela não é minha filha, rapaz. Segundo, onde ela estava?

— Na festa! (respondo antes de Herbert) Decidi ir, só não disse a vocês...

— Estávamos preocupados, sua mãe...

— Eu sei, tio Julio, mas não vou ficar trancada em casa, fugindo de homens como ela quer.

— Está bem, mas vamos direito para casa, mocinha. Vamos, entre", ele entra na casa, mas não entra, enquanto Patricia pisca em Herbert e eu e entra na casa.

Eu me viro para Herbert, consertando os óculos tortos dele e ele tenta sorrir, mas é um sorriso de pânico.

— Você tem certeza que ele não viu?

— Relaxe, garoto. Ele não viu, se tivesse visto, você não estaria mais aqui vivo.

Herbert cresce os olhos em pânico e eu rio.

— E você me diz isso com essa calma? Sou muito jovem para morrer...

— Pare de ser fraco. Bem, até amanhã no aeroporto.

Eu o abraço com força e ele coloca cautelosamente suas mãos nas minhas costas.

— Então, adeus...

Ele me abraça forte.

— Oh, você beija muito bem para ainda ser solteiro.

Eu saio do abraço dele (a contragosto).

— Você também foi ótima para alguém que nunca... você sabe.

— Sim, eu sei. Os filmes fazem isso. Uma dica, tente fazer com que eles o aceitem como cantor, pode funcionar. A propósito, como você chegou aqui?

— Ok. Eu vim com a motocicleta do Vital.

— Você ficou doido? Vital está com ciúmes daquela motocicleta, você levou a moto dele?

— Foi por uma boa causa! Eu a devolverei.

— Acho bom... ESTOU INDO PORRA!

Julio está gritando o meu nome. Eu beijo a bochecha de Herbert, que cora e beija minha bochecha de volta, e andando até a casa, Julio me abre a porta (eu prevejo um sermão) e ele entra primeiro.

Antes de entrar, eu pisco o olho para Herbert, que acena para mim e fecha a porta vendo aquele menino tímido de óculos vermelhos de frente para a porta. Eu nunca mais o verei, espero que um dia isso mude.

Gosto tanto dele..... e de seus óculos vermelhos também.

Todo Amor Que Houver em Bora-BoraOnde histórias criam vida. Descubra agora