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A fase adulta chega para todos, é tão natural que ontem você poderia estar virando uma garrafa de vodka sem fazer careta, e hoje, fazer careta só em ver alguém virando.  Não que ser adulto signifique não gostar mais de beber, longe disso, mas na maioria das vezes o controle vem junto com a idade. Ou é maluquice?

Junto com a idade também vem o desemprego, normal. Termina o colégio, chega a falta de trabalho e não ter o que fazer, então você se sente dividido em: faculdade ou trabalho.
Querer ter sua profissão, ou, querer ser independente e ter sua grana. Ambos não são escolhas erradas, muito pelo contrário, vai de acordo com o que você tem no momento, se pode continuar estudando, ótimo, se não....a labuta.

- Jogo não vai por comida na mesa. Desliga isso, já deu seu horário.

A mulher aparece na porta do quarto, segurando algumas contas de luz e água em mãos, enquanto tinha um pano de prato em seu ombro.

- Jogo literalmente pode por comida na mesa, mas você não está pronta para esta conversa. - resmunga a menina, enquanto se levantava da cadeira de plástico.

Já estava pronta, só faltava pegar sua mochila e por o gorro na cabeça.
Deitado, seu irmão lia um livro de física, totalmente vidrado.

- Física também não põe comida na mesa. - resmunga.

O garoto a olha.

- Física literalmente pode por comida na mesa, e você sabe disso. - pisca um olho, levantando.
- Vamos, não quero a mamãe enchendo o saco.

Levanta-se indo colocar seu casaco. Ele sempre fez questão de levar sua irmã para o local, no qual, ela fazia "bico".
A garota solta uma risadinha.

- Então por quê não investe? - ele rola os olhos.

- Não tenho dinheiro para ir estudar em outra cidade, pelo amor de Deus.

Ambos saem do quarto e vão para a cozinha, onde vêem a mulher de cabelos loiros sentada na cadeira, ela observava aquelas contas de água e luz com preocupação, eram vários.
Eles se olham tristes, não tinha como não ficar, faziam de tudo e nada, eram dívidas e mais dívidas.

- Nenhuma melhora? - pergunta a garota. A mulher nega, sorrindo triste.
- Eu sinto muito, Cris e eu fazemos de tudo para ajudar, mãe.

- Não é culpa de vocês. - ela fala.
- Seu pai nos deixou nessa situação, eu sinto tanto ter me permitido passar por isso.

Os irmãos aproximam-se ao perceber uma gota de lágrima brilhar nos olhos da mãe. Eles a abraçam.

- Nós te amamos, mãe.

[...]

- Sabe o que me alegra?

a garota nega com a cabeça.

- Saber que daqui a uns dias, estarei bem longe daqui. - responde olhando o final da rua, onde passavam alguns carros e motos.

- Trabalhando em outra lanchonete. - rebate tediosa.

o menino faz uma pequena careta.

- Nossa Michelle, quanto pessimismo. - cruza os braços meio chateado.

ela larga o saco de lixo no chão, levando toda a sua atenção para ele.

- Vamos lá, Troy. - se encosta na parede.
- Você chega lá, sem conhecer ninguém e...-

- Minha tia mora lá...

- ... ok, sua tia. Você chega lá, pra morar com sua tia, sem grana, obviamente terá que dividir as despesas, como vai fazer isso? - ergue as sobrancelhas. Ele olha para o chão.
- New York? Você tem metas? Um plano?

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