- Capítulo 1 -

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Houston, Texas – 03:45 a.m.
26 de julho de 2020

  O celular vibrou no meio da noite, as gotículas de chuva formavam uma melodia no vidro da janela embaçada, quase como um sopro entre os azulejos do banheiro da suíte, sinto meus olhos abrirem inconscientemente depois de um longo pesadelo, mal me lembro do que sonhei, quase nunca me lembro na verdade, são vozes, lembranças, gritos... O celular vibrou novamente, interrompendo minha linha de pensamentos, mais alto, quase caindo da mesa de cabeceira, iluminando o quarto escuro de forma indelicada, eu não queria atender, mas já estava acordado. Esfreguei os olhos com as palmas das mãos e apanhei o celular, o número era desconhecido, deslizei o ícone para aceitar a chamada e peguei meus óculos. Minha voz saiu rouca e com certa dificuldade, a quanto tempo eu não falava com uma pessoa de verdade?
  - Alô...?
  Silêncio...
  - A-alô...? - Minha garganta raspava em agonia, me fazendo tossir algumas vezes.
  Ouvi um choro do outro lado da linha, a pessoa parecia estar em tom de desespero.
  - Thomas Laviolette...? - Era uma mulher, não conseguia reconhecer sua voz, mesmo sendo de um tom estranhamente familiar.
  Sirenes ecoavam do celular, respirei algumas vezes antes de responder, ainda parecia uma alucinação complementar ao pesadelo.
  - Quem é?
  - Mikaela George, agente de seguro de vida e ... - A mulher suspirou antes de prosseguir com a frase, como se quisesse de alguma forma sugar coragem das moléculas do ar - E amiga de Anouk Jansen e Raul Laviolette, seus pais - Outra pausa com murmúrios de orações mal acabadas - Teve um acidente na mansão Le Blanc e eles... Meu Deus...
  A mulher caiu no choro novamente.    
  - O que... – Sussurrei deixando o celular cair na cama.

Os gritos da mansão Le BlancOnde histórias criam vida. Descubra agora