morning

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Anika Baker point of view

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Anika Baker point of view

Ouvi o som do despertador distante e esperei que ele percebesse por si só que, na realidade, já estava acordada há horas, e parasse de tocar sozinho. Enquanto isso, me debruçava sobre a penteadeira para finalizar meu delineado no olho esquerdo. Milimetricamente idêntico ao do olho direito. Pronto, perfeito. Como minha mãe sempre diz "Uma aparência perfeita é o início para um dia perfeito". E é isso que eu precisava, um dia perfeito.
Connie: Você está tão linda, meu docinho.-viro a cabeça rapidamente ao encontro da voz. Connie, minha monstra hormonal, surge, deitada sobre minha cama, me encarando com um olhar adorável. Connie entrou na minha vida quando menstruei pela primeira vez, há uns 5 anos, eu acho, foi um momento bem perturbador para uma garotinha de 13 anos encarar sozinha, já que -como sempre- meus pais estavam viajando a negócios, e desde então ela vem me acompanhando- Vai ter um primeiro dia de aula incrível!
Eu: Último primeiro dia de aula...-devaneio, em voz alta, enquanto Connie levantava e colocava minha mochila em minhas costas, antes de seguirmos pelo grande corredor em direção as escadas.
Connie: Antes de Yale!-ela exclama, tentando me animar, com algumas bandeirinhas da minha faculdade dos sonhos em mãos. Connie sabia melhor do que ninguém da minha vontade de ir pra Yale, foi a faculdade que meus pais frequentaram antes de serem grandes empresários e construírem basicamente o próprio império do zero! Sabendo disso, sempre me dediquei ao máximo a todas as matérias, atividades extracurriculares e cargos estudantis, era uma líder nata, representante da minha classe desde o ensino fundamental.  Eu tenho o histórico perfeito pra Yale e esse ano vou encerrar com chave de ouro, a chave para a faculdade.
Harriet: Senhorita Baker? O que a senhorita quer tomar de café da manhã?-minha governanta questiona, do fim da escadaria. Como meus pais viajam muito, Harriet é quem comanda a casa na ausência deles, desde pequena ela é minha maior referência de atenção materna ou algo assim, afinal ela é paga pra me vigiar e cuidar de mim, quase uma mãe, né?
Eu: Meus pais já voltaram de Toronto?-pergunto, com uma pontinha de esperança que, só pela cara de Harriet, fora pisoteada. Era aquela cara de pena que ela sempre fazia quando meus pais não estavam em casa mesmo depois de meses fora, ou não iam a apresentações de ballet, ou tinham esquecido meu aniversário. Mas tudo bem, apesar de tudo não tenho problema com isso. Eu juro- Já entendi... pode me servir uma avocado toast? E um café?
Harriet: No jardim?-apenas balanço a cabeça, positivamente, e ela sorri, antes de ir em direção a cozinha. Enquanto eu sigo para as portas de correr da sala que levavam ao jardim, com uma grande piscina e uma mesa de piquenique vintage linda, que sempre me faz lembrar como minha mãe tem mesmo bom gosto.
Connie: Não fique triste, minha loirinha! Você não precisa deles!-diz minha monstra hormonal, me seguindo até a mesa. Durante todos esses anos, Connie viu bastantes episódios como esse e sempre sabia como me animar- Você é a Anika fodona pra caralho Baker!
Eu: Você é a melhor, Connie.-digo, abrindo um sorriso para ela entender que eu já não ligo pros meus pais. Tipo, danem-se eles.

Judd Birch point of view

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Judd Birch point of view

Abro a janela do meu quarto e pulo para dentro sorrateiramente, deslizo a cortina e, finalmente, me jogo na minha cama. Aos poucos sentia o perfume de limpeza que a Diane usava no chão sendo substituído pelo meu odor de Jack Daniels e cigarro, o que me fez cogitar tomar um banho, mas eu estava muito cansado. A noite tinha sido longa. Meus amigos, Hardin e Travis, e eu tínhamos ido a uma boate nova ontem, mas a festa estava um porre e saímos pra beber na rua, pichando alguns muros e latas de lixo, até ouvirmos o som das sirenes e corrermos. Corrermos muito. Sentia meus olhos pesarem e aos poucos o cansaço me consumindo, até que... inferno. O som estridente do despertador invade meus ouvidos e eu o empurro da mesa de cabeceira com um tapa, o espatifando no chão. Estou de férias, porra, quem que acionou esse alarme imbecil?
Diane: Judd, querido, vai se atrasar pro primeiro dia!-a voz doce de Diane ecoa pela casa, me fazendo levantar de supetão.
Eu: Primeiro dia...?-me pergunto, levantando até minha mesa e revirando a papelada sobre a mesma, entre desenhos e riscos encontro meu calendário com a data de hoje circulada. Primeiro dia de aula. Puta merda.
Leah: Vamos logo, Judd, não quero me...-a figura loira invade meu quarto, sem ao menos bater, mas antes que eu pudesse lhe dar uma bronca, ela me encara, surpresa- Caramba, você está um trapo. Saiu ontem? Não me diga que esqueceu que era o primeiro dia de aula?
Eu: Sai daqui, pirralha.-digo, sem dar muita importância, enquanto recolhia minhas coisas para enfiar na mochila.
Leah: Beleza, mas não demora, e vê se toma um banho.-ela responde, saindo e fechando a porta atrás de si.
Maurice: Caralho, pra que bater a porta, gatinha?-olho para onde vem a voz conhecida e me deparo com Maurice, meu monstro hormonal ou seja lá que porra ele seja, levantando do lado da minha cama, esfregando a cabeça com a mão como quem tivesse levado uma queda bem feia.
Eu: Tá mal, parceiro?
Maurice: Porra, bicho, pra caralho, que noite foi essa?
Eu: Nem me fale.
Maurice: E você ainda tem aula, tá fodido.
Eu: E você não tem, sei lá, algum moleque pervertido pra ensinar a bater uma?
Maurice: Touché.-ele fala, se jogando em minha cama e fechando os olhos imediatamente. Enquanto meu super monstro hormonal dormia na minha cama, abro o armário e tiro dele a muda de roupa que vestiria para a escola, antes de me dirigir até o banheiro, onde meu irmão mais novo, Nick, se encarava no espelho.
Eu: Não, seu bostinha, você ainda não tem pelos na cara, pode sair pra eu tomar banho?-antes que ele pudesse relutar, já o tinha puxado pela gola da camisa e o deixado no corredor, fechando a porta do banheiro em sua cara.
Nick: Vai se foder, Judd!-ouço o moleque gritar do outro lado, reviro os olhos enquanto tirava a roupa para entrar no banho e, ao me olhar no espelho, vejo que Leah estava certa, eu estava com os olhos fundos, ressaca tão nítida quanto meu cheiro de álcool. Entro no banho e tento ser o mais rápido possível, mas tenho quase certeza que cochilei em pé por uns dois minutos. Assim que saio, me visto e vou até meu quarto para buscar minha mochila. O quarto cheirava a rosas novamente, certamente Diane tinha passado aqui, tanto que até abriu a janela e o sol que invadia o quarto quase me cegou, um lembrete para pegar meus óculos escuros, que de quebra disfarçaria minha cara de cansaço e evitaria as perguntas dos idiotas dos meus pais.
Eu: Até mais, Maury.-me despeço e ele resmunga em resposta, saio do quarto em direção a sala de jantar onde encontro minha família e o café da manhã já posto. Ainda bem, larica da porra.
Elliot: Bom dia, meu filho lindo.-meu pai diz, me abraçando por trás assim que chego no ambiente.
Eu: Você tá com bafo de xereca.-reclamo, me desvencilhando do abraço dele.
Elliot: Eu sempre estou!-ele exclama, sorridente. E, é verdade, ele sempre está. Saber que meus pais transam-e transam muito- é perturbador.
Diane: Onde você estava ontem a noite, Judd?-minha mãe pergunta, me servindo um prato de panquecas.
Eu: Na cama.-respondo, puxando o mel das mãos de Nick e despejando sobre meu prato.
Nick: Mentira, você não estava no seu quarto ontem a noite!
Eu: Não disse na cama de quem eu estava.-retruco, terminando de comer e me levantando- Vou sair em dois minutos, quem quiser uma carona que venha logo.
Diane: Depois vamos conversar sobre suas saídas noturnas.-ela fala, séria, apenas para eu ouvir, enquanto meus irmãos se despediam do papai. Não respondo, apenas viro as costas em direção a saída, com as chaves do carro em mãos. Vamos conversar porra nenhuma.
Leah: Espera ai, Judd!-ouço a voz estridente de Leah atrás de mim, seguida pelos passos apressados de Nick. Espero ambos entrarem no carro para me sentar no banco do motorista, ligando o carro para dirigir até a escola. Primeiro dia de aula. Que ótimo.

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