at birch's house

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Judd Birch point of view

Entro no meu quarto e fecho a porta atrás de mim, a trancando. Jogo minha mochila sobre a cama e ligo o som no máximo.
Maurice: Porra, moleque, tá maluco? Ainda tô com ressaca.-meu monstro hormonal levanta da minha cama esfregando os olhos, nitidamente ressacado- Já é meio dia?
Eu: Não é nem dez horas.-respondo, sentando em frente à minha mesa, tentando organiza-la, minimamente.
Maurice: Decidiu matar aula para arrumar seu quarto? Que que você tem?
Eu: Uma colega vai vir aqui mais tarde me ajudar a estudar, ou algo assim, estou tirando tudo que não quero que ela veja.-explico, recolhendo alguns desenhos e letras de música de cima da mesa, os guardando em pastas e escondendo sob a cama.
Maurice: Uma colega, é?-ele repete, irônico- Quem é a gatinha?
Eu: Anika Baker.-digo, ignorando seu sorriso malicioso.
Maurice: Aquela nerd gostosa? Hmm...-ele geme, rolando na cama igual uma criança- Vai colocar ela pra mamar?
Eu: Não, vamos estudar mesmo.-nego, o deprimindo- Preciso melhorar minhas notas.
Maurice: Você já foi mais divertido.-ele reclama, revirando o olhos.
Eu: E eu ainda sou.-eu retruco, sacando da minha mochila meu dichavador e seda, preparando a mesa para bolar um.
Maurice: Aí sim, mano!-ele comemora, se sentando a beira da cama. Cantarolando Stairway To Heaven do Led Zeppelin, passo a língua na seda, fechando o baseado e o acendendo- Mas, fala aí, você não quer mesmo dar uns pegas na Anika?
Eu: Claro que não, ela é uma patricinha idiota.-digo, revirando os olhos ao lembrar da cara que ela fez ao me ver entrar pela diretoria- Não foderia com ela nem se me implorasse.
Maurice: Até parece, se bem me lembro você ficou o ensino fundamental todo batendo uma pra ela.-ele fala e eu sinto meu rosto queimar, que inferno, como ele lembra disso? Maury entrou na minha vida quando eu tinha uns 13 anos, lembro como se fosse ontem: era o meu primeiro dia de aula do sétimo ano, como tinha poucos amigos, meus pais solicitaram para que, naquele ano, eu mudasse de sala, então, entrei para a turma 7A. Logo que cheguei na sala, sentei em um lugar vago no fundo e, com meus fones nos ouvidos, fiquei observando e analisando cada um que entrava depois de mim, até que Anika entrou. Ela era a garota mais linda que eu já tinha visto na vida, estava com uma camisa, saia xadrez e um blaser azul marinho que contrastava com seus cabelos loiros e olhos azuis. Só sabia me perguntar como nunca a tinha visto antes. Naquela noite, antes de dormir, só conseguia pensar nela, sentia meu corpo superaquecer de tanto que pensava nela. E aí Maury chegou e, bem, vocês sabem o resto. Era um tempo legal, até que Anika se mostrou a insuportável que é até hoje.
Eu: Eu era um moleque, batia punheta até para o relógio de gato do Nick.
Maurice: Se você tá dizendo...-ele diz, antes de dar uma tragada no meu baseado e me devolver. Volto minha atenção para a faxina geral que estava fazendo e, assim que termino, apago o beck e me jogo na cama, sentindo meus olhos pesarem. Me deixo levar pela onda e não percebo em qual momento acabo adormecendo.

***

Levanto em um salto sem saber onde estou e que horas são, corro para a janela e vejo o carro da minha mãe estacionando na garagem. Puta merda, meu quarto estava fedendo muito a maconha. Escondo o kit e corro até o quarto da Leah, revirando suas gavetas com essas pedras estranhas na busca de um dos incensos que ela vivia acendendo pela casa. Assim que acho, volto para meu quarto e o acendo, abrindo as janelas para o ar circular.
Diane: Judd? Está em casa?-ouço a voz dela ecoar pela casa logo após o som da porta da frente abrir. Saio do cômodo, fechando a porta e desço ao seu encontro, torcendo para não estar levando o cheiro de marola comigo.
Eu: Oi mãe.-digo, a seguindo até a cozinha.
Diane: O que está fazendo em casa?-ela questiona, me entregando um pacote de comida chinesa, enquanto empilhava os pratos para montar a mesa.
Eu: Fomos liberados mais cedo.-minto e ela me olha com desconfiança.
Diane: E não pensou em voltar pro lugar que você foi passear ontem?-ela pergunta, colocando o último prato na mesa e se apoiando nas costas da cadeira para me encarar, seriamente.
Eu: Não,-disse, calmamente- precisava vir para casa arrumar meu quarto para receber uma colega de aula.
Diane: Ah, bom... espera, o que?-ela diz, confusa. Só não sei se é pelo fato de eu ter arrumado o quarto ou receber uma colega.
Eu: Pois é, minha orientadora acha que uma monitoria de estudos vai me ajudar a melhorar minhas notas esse ano.-dito isso, o rosto da minha mãe brilhou, até tinha esquecido do papo dos meus passeios noturnos- E combinei com a nerdola que começaríamos hoje, tudo bem?
Diane: C-claro, querido! Ainda bem que tenho tempo, depois do almoço faço um bolo para vocês.-ia relutar e dizer que não precisava, mas sabia que seria em vão, é típico da Diane- Quem é a menina? Eu conheço?
Eu: Anika Baker.
Nick: Que que tem a Anika Baker?-ele pergunta, invadindo a cozinha, sendo seguido pelo amigo Andrew e o resto da família Birch. Acho que estava tão concentrado em arrumar a mesa que nem percebi eles chegando- Ela é a veterana mais linda de todas!
Andrew: Você acha? Tem a amiga dela, a May...
Leah: Podem, por favor, pararem de falar de garotas como se fossem objetos?-ela pede, se sentando em seu lugar na mesa, ao meu lado.
Diane: Enfim, essa menina vai vir aqui hoje a tarde,-nesse momento, o queixo de Nick e Andrew caem, apenas reviro os olhos, patéticos- vai dar aulas para o Judd.
Elliot: Ah, é?-meu pai pergunta, voltando para a mesa com um prato a mais para Andrew- Então quer dizer que meu filhinho vai ter aulas com a garota mais bonita do ano dele?
Nick: Cara, você é tão sortudo!
Andrew: Sim! Imagina ficar pertinho daquela deusa...-ele concorda, apoiando a cabeça no braço e olhando para o nada.
Nick: Ainda bem que vamos ficar aqui hoje...
Eu: Se vocês dirigirem uma palavra à ela, eu mato vocês dois, seus esquisitos.-digo, sério, mas ambos estavam tão encantados com a ideia de ver a Anika que não ligaram. Só o que me faltava esses dois pervertidos azarando a Anika.
Maurice: Quem pode culpá-los?-ele questiona, se apoiando na minha cadeira, atrás de mim- Você sentia o mesmo por ela com a idade deles.
Eu: Você vai me lembrar disso até quando, porra?
Maurice: Beleza, não tá mais aqui quem falou!
Eu: Inclusive, esqueci de mandar nosso endereço pra ela...-penso em voz alta, olhando para a minha mão riscada com a caneta rosa choque de Anika com seu número. Tiro o celular do bolso e salvo o contato dela, a enviando uma mensagem com meu endereço. Recebendo uma resposta logo em seguida: "2pm?". Respondo com um simples "sim" e ela apenas visualiza.
Elliot: Que horas sua gatinha vem, Judd?
Eu: As duas. E ela não é minha gatinha.

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