𝐂𝐚𝐩 1

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Narrador's pov

Ela abriu a porta de seu apartamento, e entrou.

— Vovó! Estou em casa! - Disse retirando seus sapatos e os deixando na entrada.

Silêncio.

E então, ela se lembrou. Sua avó havia morrido. Saeko soltou um suspiro cansativo, e vagou seus olhos pela casa vazia.

Ela subiu as escadas e quando entrou no seu quarto, jogou a bolsa em cima de sua cama desarrumada, pegou uma toalha e entrou no banheiro, se despiu e entrou no box, abrindo o chuveiro.

Seu corpo estava mais magro que antes, olheiras em baixo de seus olhos, pois não comia e nem dormia bem a semanas, seu corpo estava fraco e cansado.

Ela deixou que a água quente caísse sobre o seu corpo. E sem ao menos perceber, as lágrimas já saiam de seus olhos, um nó se formou em sua garganta, ela segurou um pouco o choro, pois não queria chorar, não mais. Mas logo desistiu, desistiu de lutar contra as lágrimas e apenas deixou que elas saíssem.

O apartamento que antes estava quieto, foi preenchido pelo som do chuveiro e de seus soluços altos.

Ela passou um bom tempo no chuveiro chorando, e quando se acalmou, saiu. Vestiu um short curto e colado preto, uma camisa grande e larga branca, e colocou meias azuis nos pés.

Pegou seu celular, e apenas visualizou as mensagens que tinha, que não eram muitas, não respondeu nenhuma. Desligou o celular e foi até a cozinha, tomou um dipirona, já que sua cabeça doía.

Bebeu um pouco de água, e voltou para seu quarto, foi até a sacada que ali tinha, e olhou o céu.
Desde pequena ela era fã de astronomia, depois de terminar o ensino médio, queria ir para alguma faculdade sobre. Era por isso que trabalhava todos os dias.

Durante os dias de semana, trabalhava em uma biblioteca, das 13:30 até as 17:00. E nos finais de semana, trabalhava em uma cafeteria, das 8:30 até as 15:00, as vezes fazendo hora extra, ficando até as 18:00. E ainda tinha que estudar das 7:30 as 12:30. Ganhava bem, e gostava de seus empregos.

Ela observava o céu, admirando cada estrela. E ao olhar para lado, ali estava um garoto, ele tinha cabelos brancos, e olhos lilás chamativos. Ele estava para o lado de fora da grade, segurava a gadre com leveza, mas ao mesmo tempo com força, ele estava descalço, tinha brincos longos, e seu cabelo balançava com o vento, ele também olhava o céu.

Ele não parecia ter medo de cair, seus olhos não expressavam nada, estava vazio, talvez ele quisesse pular. Saeko o olhava curiosa, tentando ler os seus olhos, até porque, dizem que os olhos são as janelas da alma, certo?

— Sabes que... se pular daí não vai morrer, né? Você pode apenas no máximo quebrar a perna ou o braço, não vale a pena pular daqui de cima, tem que ser um lugar mais...alto.

Ele deu um pequeno pulo, havia se assustado, ele a olhou, e em seguida voltou a olhar o céu.

— Sim, estava pesando nisso.

— Não tem medo de cair daí? - Sua voz era fraca e um pouco rouca.

Ele ficou quieto por um tempo, e depois respondeu.

— Não, não tenho, existem coisas piores para se temer.

Ele respondia olhando o céu, como se estivesse procurando algo que havia perdido, algo valioso.

Ela não disse mais nada, voltou a olhar o céu. Ficou muito tempo ali, e quando olhou para o lado novamente, o garoto não estava mais lá. Ela ficou mais alguns minutos na sacada, e foi para a cama, pegou seu celular e conferiu o horário, vendo que já eram quase três da manhã.

Se deitou na cama, e mesmo sem sono, ficou ali, olhando o teto.

Se cansou de ficar deitada, e voltou para a sacada, continuando a olhar o céu, com o celular em mãos, entrou em uma conta sobre astronomia que seguia no instagram, vendo que daqui a três semanas, haveria uma chuva de meteoros, e não deixou de sorrir ao saber daquilo.

Ficou ali na sacada, até o sol começar a raiar.

Vestiu uma camisa branca, e uma saia preta, vestiu seus sapatos pretos, e pegou sua bolsa, colocando tudo o que precisaria para o dia de trabalho. Foi até a cozinha, a procura de algo leve para comer, mesmo estando sem fome, não estava afim de passar mal.

Comeu apenas uma torrada com requeijão e uma maçã. Pegou as chaves do apartamento e saiu. Ao chegar na calçada, viu aquele garoto novamente.

Ele vestia uma roupa vermelha longa, e ainda estava com os brincos. Ele a olhou, e deu um pequeno aceno para ela, e começou a andar.

Saeko ficou um pouco confusa, e ficou com a consciência um pouco pesada por não ter acenado de volta.

𝐸𝑢 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑐𝑖 𝑚𝑎𝑙 𝑒𝑑𝑢𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑛𝑎̃𝑜 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎? 𝐸𝑢 𝑠𝑜𝑢 𝑢𝑚𝑎 𝑖𝑑𝑖𝑜𝑡𝑎!

Pensou.

Em seguida, ela apenas se dirigiu até a cafeteria onde trabalhava, quando chegou adentrou o local, já vendo suas colegas de trabalho.

— Bom dia, Saeko!

— Bom dia, pessoal - Disse fraco.

Foi até seu armário, e tirou dali um avental verde pastel, o colocou e foi para o balcão.

𝐂𝐨𝐧𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐬 𝐄𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐬 | 𝐈𝐳𝐚𝐧𝐚 𝐊𝐮𝐫𝐨𝐤𝐚𝐰𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora