I Hate You (Secretária & Chefe)

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Hum... como posso me apresentar? Enfim, meu nome é Margot, tenho 27 anos e hoje estou indo para uma entrevista de emprego na Tech Hall, uma das mais notáveis empresas do meio tecnológico de Nova Iorque. Por mais que eu quisesse entrar como engenheira elétrica vou tentar como secretária. Afinal, talvez seja o meu primeiro passo na empresa e só tem essa vaga no momento.

Aperto o botão do ônibus para descer e já avisto a grande empresa em minha frente. Definitivamente um dos maiores prédios aqui. Entro e percebo muitos funcionários indo em direção ao elevador e sigo-os. Adentro e aperto o botão do 35° andar. Após alguns segundos saio do elevador e vejo umas 20 mulheres sentadas para a entrevista. Foi nesse momento que fiquei nervosa. A chance de eu conseguir essa vaga pode ser bem pequena. Todas são bem bonitas e estão bem vestidas. Eu coloquei a minha melhor roupa. Uma blusa social, calça preta e um salto baixo e meu cabelo preso com algumas mechas soltas no rosto. Até me chamarem levou mais de 45 minutos.

- Margot Person, pode entrar! - me levanto com a pasta em frente o corpo e dou uma arrumada na roupa. Preciso estar apresentável.

...

A entrevista foi tranquila até, mas mesmo assim me deu um frio na barriga. A moça gostou do meu currículo, se bem que me esforcei para conquistar cada habilidade.

Agora tenho que terminar de consertar aquele micro-ondas. Quando fiquei desempregada após a firma em que eu trabalhava falir, comecei a trabalhar autônoma consertando eletrodomésticos pra conseguir me manter. Até porque não sou bancada pelos meus pais.

Ao terminar de consertar e fazer os testes levei até a casa da vizinha. Ela sempre quebra alguma coisa.

Após passar o dia tentando mandar o currículo para mais empresas resolvi tomar um banho e dormir, até porque amanhã eu vou em mais uma entrevista.

Acordo com o meu celular tocando, murmuru alguns xingamentos por ser 5h da manhã mas logo atendo.

- Alô... - digo sonolenta.
- Bom dia, você foi contratada como secretária pela Tech Hall. Você começa hoje e tem que estar aqui às 8h na sala 12 do 38° andar. - uma mulher diz rapidamente no telefone e desliga.

- Que? - arregalo os olhos. - Eu passei, eu passei! - coloco as duas mãos na boca incrédula.

Agora vou poder trabalhar na empresa dos meus sonhos. Primeiro vou começar como secretária, depois vou tentar subir de cargo até conseguir chegar como engenheira elétrica. Umas das coisas mais legais é o salário também. Vou poder me virar bem a partir de agora.

Levanto rapidamente e começo a me preparar. Tomei um banho, passei um perfuminho, me vesti formalmente com uma calça preta de escritório, um salto baixo e uma camisa social azul bebê e os cabelos num rabo de cavalo. Assim como ontem. Passei apenas um corretivo nas olheiras e um batom de cacau. Nunca fui de me arrumar muito. E por fim, os óculos.

...

Chegando na empresa fui direto para a sala informada. Bati na porta e ouvi um "entre", assim o fiz.

- Olá, fui informada pelo telefone de que fui contratada como secretária. - informo.

- Oi, sim, foi eu que falei com você hoje. Meu nome é Sara! - sorri.

Sento em uma cadeira de frente a mesa dela.

- Prazer Sara. - dou um aperto de mão.

- Prazer. Então Margot... é o seguinte, você vai ter que ler esses formulários aqui e esse livro. Fala tudo sobre o CEO e sobre o seu serviço. Ele tem um gênio um pouquinho complicado, mas se você se esforçar tenho certeza que vai se acostumar rapidamente e saber lidar com ele. - diz e fico boquiaberta.

- O que foi? - ela percebe minha reação.

- C-com o CEO? Eu vou... trabalhar como secretária diretamente pra ele? - pergunto com certo nervosismo.

- Exatamente. Mas não fique tão nervosa. - sorri tentando me acalmar.
- Ok... - suspiro pesadamente.

Eu pensei que seria secretária de sei lá no máximo do vice presidente, mas do CEO... nunca.

Enfim, a única coisa que importa é que passei e preciso me esforçar e prestar bastante atenção no meu trabalho.

...

Estou em frente a porta do meu chefe e estou bem nervosa, minhas mãos estão praticamente esmagando as pastas para tentar aliviar a tensão.

Li tudo sobre o que eu deveria fazer aqui e sobre o CEO, preocurei até na internet, espero que dê tudo certo, até porque estou tecnicamente preparada. Respiro fundo e bato na porta e estranho ao ouvir uma voz aparentemente jovem me falando para entrar. Abro a porta e me apresento.

- Olá, sou Margot Person e a partir de hoje serei sua secretária, espero que.. - levanto a cabeça lentamente para vê - lo e avisto o meu pesadelo do passado, fico paralisada com os olhos arregalados.

Fico com a boca entreaberta analisando meu chefe, era simplesmente o Ryan Dolson sentado naquela cadeira, o cara que fez bullying comigo o ensino médio inteiro, todos os dias, sem falta. Derrubava meus livros no chão, colocava o pé na frente pra eu tropeçar, jogava bolinhas de papel durante a aula, me fez comer no banheiro por não ter paz com ele por perto e me mandava fazer suas atividades. Acabo deixando a pasta cair no chão ao lembrar dos flashbacks.

Quando preocurei no Google apareceu o pai dele, como que...

Ele me olha confuso, percebendo meu grande desconforto.

- Qual o problema? - ele pergunta preocupado se levantando e vindo em minha direção.

Ele estava impecável naquele terno, seus cabelos loiros se destacavam, isso me deixava com rancor por ele estar muito melhor do que eu, em uma posição que não merecia por ser um grande filho da puta.

Como pode? Nos papéis sobre o chefe não falava sobre seu nome e idade apenas explicava os horários e seus gostos.

Ele segura meus ombros o que me faz olhar para seu rosto que analisava cada nervosismo meu. Me afasto e pressiono as mãos descontando o estresse.

- Você está passando mal? - pergunta começando a se estressar.

Talvez ele não tenha se lembrado de mim.

- N-não... - respondo gaguejando, abaixo a cabeça olhando para seus pés, que estavam trajando um belíssimo sapato de grife.

Ele pega minhas mãos que estão tremendo segurando-as.

- Me fala...o que foi? - pergunta bem próximo.

- C-com licença! - saio dali rapidamente correndo para o banheiro.

Entro em uma das cabines e me sento no chão abraçando minhas pernas me encolhendo em meu próprio corpo.

Não acredito que agi dessa maneira. Eu devia ter me controlado melhor. Eu sabia que o pai dele era dono dessa empresa, só não sabia que ele iria herdar dele. Ryan sempre foi incompetente desde a escola.

Parece que o carma não existe. Ele está mais bonito, mais rico e agora tem uma empresa avaliada em bilhões. Só pode ser brincadeira!