3- Ele

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— Minhas pernas doem. Faz muito tempo desde que andei tanto assim! — Yoongi reclamava, enquanto caminhava em direção ao grande restaurante.

— Eu vivo falando para você voltar a morar em Seul, mas você prefere ficar perto daquela floresta assombrosa!

Passaram-se três dias desde a ida de Jimin até a casa de Yoongi. Ambos estavam animados, pois logo hoje seria o encontro que Jimin havia falado.

— A floresta não é assombrosa. Jennie queria morar aqui, mas não podíamos por causa do meu trabalho, você sabe. — Yoongi arfou, soltando o ar que havia prendido. — Ela gostava das árvores e de como elas ficavam quando nevava.

Infelizmente, ela nunca foi capaz de apreciar, pois a morte chegou para si pouco antes do contrato da casa ser fechado.

— Como você consegue? — Jimin perguntou. — Quero dizer, esse lugar lembra dela, não? Então, como?

Yoongi deu de ombros.

— Acho que a ausência dela fez eu me esquecer pouco a pouco.

Eles estavam próximo ao restaurante, faltava poucos passos para adentrarem o lugar. A conversa morreu ali mesmo. O único som audível era as batidas de nervosismo de Park Jimin. Na visão de outras pessoas, poderia parecer apenas um encontro entre amigos, mas não para Park. Era mais que aquilo. Era ver a pessoa que fazia seu coração pulsar só em citar o nome.

Assim que entraram, Jimin o viu. Ele trajava roupas caras, sofisticadas em sua coloração preta, o cabelo era pouco repartido, sua franja se dividia entre os lados, dando-lhe um ar sexy. Jimin deixou um arfar escapar por entre seus lábios, apreciando a beleza do homem. Seus olhares se encontraram, e o jovem não escutava mais nada ao seu redor, além do coração disparado a mil. Ele podia ouvir uma linda melodia tocar em sua mente, traçando linhas imaginárias, e criando uma cena única de ambos os corpos se encontrando.

— Acho que ele chegou antes de nós. — Jimin voltou a realidade assim que escutou a voz de Yoongi. — Só pelo jeito que você ficou, nem preciso perguntar onde ele está. Vamos?

— Ah, s-sim. — Com o coração a mil, Jimin caminhou ao lado de Yoongi, sentindo suas batidas irregulares espancarem bruscamente suas costelas.

— E o amigo dele? — Yoongi perguntou. Não fez questão de procurar, pois sequer sabia a aparência do homem.

— Hum, Taehyung deve chegar logo. Kookie disse que ele se atrasa, às vezes.

O soar daquele nome fez com que ele aparecesse em sua mente. Seria aquele Taehyung? A possibilidade de ser é um em um milhão. Yoongi sempre teve o pensamento de "eu não sou o único Min Yoongi. Deve existir outros com o mesmo nome que eu. É idiotice pensar que sou único." Então, seria idiotice pensar que existe apenas aquele Kim Taehyung. Mas no fundo de sua mente, ele deseja ser esse idiota que pensa em coisas idiotas. Ele queria que fosse aquele Kim Taehyung.

— O-oi. — Assim que chegaram perto de Jungkook, Jimin timidamente o cumprimentou. — Esse é o Yoongi. Aquele amigo que eu tinha te falado antes, lembra?

— Oi, Jimin... — Um sorrisinho apareceu nos lábios de Jeon, causando leves reviravoltas no coração de Park. — E é um prazer conhecer você, Min-ssi! — Disse, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

— Oh, por favor, sem formalidades. Pode me chamar apenas de Yoongi. — Min cumprimentou  em um aperto de mão, que não durou mais do quê dois segundos.

— Nenhuma novidade do Tae, Kookie? — Jimin perguntou, sentado-se ao lado de Jungkook, enquanto Yoongi se sentava na cadeira vazia à frente deles.

— Ele avisou que se chegasse atrasado seria por causa do trânsito. Estamos em época de festas querendo ou não. Logo chega a primavera, então estão querendo fazer festas de Inverno.

— Sim... Gostaria de participar de uma delas, mas vivo ocupado com o trabalho. — Jimin disse, seus ombros caindo aos poucos.

— Sim, você é fotógrafo, né? Mas se pensarmos por outro lado, você participa, só está trabalhando. — Um sorriso de coelho apareceu nos lábios de Jungkook.

Jimin realmente não poderia desejar nada mais que isso. A felicidade de Jungkook. O sorriso dele. O brilho em seu olhar. Todas aquelas pequenas coisas transformam a vida do Park de um jeito que nem ele mesmo tem noção. Aos poucos ele está descobrindo sua própria alegria. Seu próprio pontinho de paz.

— E você, Yoongi? Com o que trabalha? — Jeon perguntou, curioso.

— Trabalho com música. Sou compositor. Crio minhas próprias melodias e lanço-as no ar quando vejo que as aprimorei o suficiente. Tenho 3 músicas lançadas. Todas ao som de piano, apenas. — Yoongi respondeu, sem demonstrar muito interesse. — Faz tempo que não componho mais.

— Eu sei que pode parecer intrometido, mas... Como você anda se mantendo?

— Eu recebo com as músicas que foram para o ar. — Respondeu, com pouco caso.

— E vai por mim, Kookie, não é pouco! Eu não sei como, mas as músicas do Yoongi sempre continuam em primeiro lugar. Todas! É como se não enjoasse o povo. Você sabe, todas essas modinhas acabam tendo um fim depois de uma semana, mas já fazem 7 anos desde que Yoongi lançou as músicas. — O entusiasmo tomou conta do Park. Falar sobre Yoongi e todas as coisas boas que ele passou era aliviante para si. — Muitos produtores já tentaram entrar em contato com ele, ou fazer propostas de trabalho, mas Yoon sempre recusou.

— Em ando sem inspiração. Prefiro não fazê-los criar grandes expectativas. A realidade é dura, sabe. — Yoongi se lembrou do momento em que conheceu Taehyung, e que naquele dia de neve, uma linda e suave melodia foi tocada pelas pontas de seus dedos. Ele não queria falar que conseguiu compor outra música. Naquela hora, ele havia prometido a si mesmo que, se um dia ele voltasse a vê-lo, ele falaria o que houve e lançaria a música. Ele voltaria para a indústria da música sem nem pensar duas vezes. Ele ainda não havia percebido, e sinceramente nem sabia, mas Taehyung era fonte de sua inspiração.

— Ah, me desculpem! — A voz, pouco próximo de Min, soou ofegante. — Acabei me atrasando, espero que não tenham comido sem mim! — E uma risada melodiosa soou naquele pequeno espaço entre eles.

Naquele momento, Yoongi olhou para o lado, curioso sobre quem era a pessoa. Era ali que ele iria descobrir se era quem desejava ser. Seus olhares se encontraram, e assim como nos filmes, faíscas de brilho decoravam o mundo que criaram para si, eles sequer ouviram a resposta de Jimin, que repetiu umas duas vezes, perguntando se Taehyung havia o escutado. Yoongi não escutava mais nada além do som batucante que seu coração fazia, acelerado vendo ele à sua frente. Realmente, era ele. Aquele quem encontrou em um dia sem graça e entediante.

— Ah, oi, Yoongi. — Taehyung foi o primeiro a falar. Min sentiu-se surpreso por ele ainda lembrar de seu nome.

— Oi, Taehyung. — E o mesmo foi para o Kim.

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