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Andando pelas ruas, conhecendo estranhos
Folheando minha vida, virando páginas
Reerga, reerga-se

(Rise up, Imagine Dragons)

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E lá estava Hinata, andando pelas ruas frias de Konoha, cidade onde havia nascido, no Japão. Não se lembrava de muita coisa, visto que os pais decidiram, para o bem dos negócios, mudar-se para Nova York quando ela tinha apenas dois anos. Não possuía laços com ninguém, tampouco sabia andar no lugar, mas escolheu o destino por ser sua terra natal.

Desde que chegou, há algumas semanas, procurava alguém para dividir contas de um apartamento, e também um emprego, não obtendo sucesso em nenhuma das buscas. Mas tinha de encontrar algo urgente, pois as economias que tinha não suportariam mais dias de hotel, por isso saiu durante a tarde para sua procura.

O vento soprou frio contra seu rosto, e ela tentou se defender ajeitando o cachecol acima do nariz. Suas botas afundaram na neve e Hinata decidiu, por fim, sentar-se na cafeteria da esquina, onde estava quente e poderia ler o jornal que comprara. Era um estabelecimento pequeno, de decoração modesta e ambiente confortável. A morena sentou-se numa das poltronas perto da janela, e começou a ler os anúncios de repúblicas e pensões no celular.

Logo uma garçonete loira, com os cabelos presos em quatro tufos, foi de encontro a sua mesa. Hinata estalou os dedos, tentando espantar o nervosismo, um hábito que tinha há anos.

─ Deseja alguma coisa, senhorita? ─ perguntou a garçonete, sua voz era forte, e ela claramente esforçava-se para ser simpática.

─ O café mais barato que tiver, por favor.

A garçonete arqueou as sobrancelhas, reconhecendo os olhos acinzentados de Hinata. Ninguém no mundo possuía aquela pigmentação, era uma característica genética passada entre os magnatas incestuosos da família Hyuuga, que seu falecido pai sempre falava. Se perguntou se aquele pedido era uma falsa modéstia da parte da morena, pois sabia que o dinheiro de sua família poderia bancar uma franquia inteira daquela cafeteria de quinta. Assentiu, negando-se a pensar mais naquilo e se auto diminuir perante a herdeira.

A loira se afastou enquanto Hinata passava os olhos pelos anúncios de quartos na rede social, sentindo o coração bater com ansiedade. Precisava de algo, precisava de bons colegas de apartamento e acima de tudo, precisava de um bom preço. Então, como se o universo lhe respondesse às preces, os olhos encontraram um anúncio. Não encontraria preço melhor que aquele, visto que era oferecido um sofá cama no lugar de uma verdadeira cama, mas era um apartamento relativamente espaçoso e num bairro seguro e bem quisto na pequena cidade.

De supetão, enfiou o celular dentro da bolsa, passando direto pela garçonete que trazia o café numa bandeja. Ela berrou contra Hinata, que se desculpou e apenas continuou o caminho. Pensava em ir pessoalmente ao lugar, para verificar como era e quem sabe, se a sorte estivesse à seu favor, garantir a vaga. Isso levaria um tempo com ônibus, então tinha de se apressar.

Pegou o ônibus e atravessou a cidade, aprumada em seu casaco como um pássaro no inverno. Sentia-se aquecer também com a esperança de que as coisas tomariam um rumo e ela conseguiria recomeçar na cidade. Pela janela, via os prédios do subúrbio ficando para trás, dando lugar a enormes condomínios e prédios mais largos e bem cuidados. Sempre sentia-se claustrofóbica nas cidades grandes e seus arranha-céus, por isso Nova York sempre pareceu assustadora. Mas em Konoha sentia-se segura e dona de si, como se fosse capaz de realizar qualquer coisa.

Desceu num dos pontos do bairro, sem saber ao certo onde estava. Tinha apenas uma bolsa pequena pendurada no ombro e o celular velho com o endereço na mão, então teria de engolir a timidez e pedir orientação. Com uma pergunta aqui e outra acolá à pedestres gentis, conseguiu chegar ao edifício. Era pequeno perto dos outros, pois possuía apenas cinco andares, porém largo e requintado - cada andar era um apartamento, com sacada. Pegou o complemento no celular e pediu que o porteiro interfonasse e anunciasse sua chegada. Depois de uma espera um tanto suspeita, foi liberada para subir à cobertura. O portão fez um barulho ao ser destravado. Receosa, a morena passou por ele e torcia para que desse certo, pois não pretendia pagar mais uma diária. Bateu timidamente à porta, que logo foi aberta por um rapaz de cabelos escuros como carvão, de semblante sério e olhos puxados tão escuros, que não se podia enxergar as íris.

Dois de espadasOnde histórias criam vida. Descubra agora