ℯ́ 𝓋ℴ𝒸ℯ̂?

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Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.

— | Fernando Pessoa | — 

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— Obrigada – agradeceu a mulher após receber seu pedido do balcão, virando de uma vez o conteúdo na boca enquanto dava passos até a saída do café que ficava perto de onde fazia faculdade de administração.

Assim que cruzou as portas do estabelecimento, sentiu um vento forte lhe atingir, indicando que durante aquele dia faria frio. Felizmente, estava agasalhada o suficiente, por isso tomou seu trajeto até o lugar movimentado frequentado por pessoas esperançosas, em busca de uma vida melhor através dos estudos enquanto se desdobravam para pagar a mensalidade trabalhando durante o restante da tarde e noite. 

Mikasa estava entre essas pessoas. Buscava renovar seus sonhos através de projetos audaciosos e que poderiam servir de escape para sua mente frequentemente perturbada por questões infames impostas por outrem. Gostaria de construir uma barreira mental, assim todas as palavras que não serviam de motivação sequer entrariam na sua mente, então seria fácil viver a vida que sempre quis. Por que, se os sonhos eram seus, que direitos as pessoas achavam que tinham em querer desmotivá-la? Ninguém lutaria por ela, ninguém mexeria um músculo para ajudá-la. Tudo o que conquistou até o presente momento foi pela força do próprio braço. Seu apartamento, sua faculdade, seu trabalho. Ela correu atrás. 

No entanto, por mais que quisesse, existiam seres frustrados demais, depositando seus sonhos de forma errônea em outras pessoas. Sendo elas, próximas a si. Era uma merda. 

Deu mais um gole do café, sentindo o frio acariciar seu rosto, porque ali se sentia acolhida, pela natureza, pela mudança aparente que sua vida poderia tomar. Bastava tomar as decisões certas, não é? 

Por isso se cansava facilmente. De manhã, aulas. À tarde, trabalho período integral numa livraria do centro de Eldia. Durante a noite, pensava nele….

Quando o sol se punha e a lua alcançava seu vívido esplendor no céu noturno, sua mente era preenchida por lembranças. As mais doces, puras e apaixonadas lembranças. 

Apoiava o braço na janela, encarava as estrelas com o cachecol vermelho envolto no pescoço, independente da estação que estivesse predominante na cidade. Tudo pensando, almejando poder estar com os braços tão acolhedores e aconchegantes lhe abraçando. A saudade falava mais alto nesses momentos solitários. 

Passou pelo caminho entre o gramado verde e bem aparado do campus. Apesar de saber para onde estava indo, sua mente se encontrava em devaneios. Manter-se no mundo real estava se tornando cada vez mais difícil, pois se sentia cansada, tanto física quanto mentalmente. Então, de modo automático, seus pés a guiavam enquanto dentro de si um rebuliço se formava. 

Certas vezes almejava suas férias apenas para poder viajar e quem sabe descansar minimamente. Observar montanhas e a fauna, sem preocupações aparentes. 

Adentrou a porta principal da universidade, passando a segurar com mais firmeza sua mochila. Adaptar-se naquele ambiente foi complicado, mas atualmente, tirava de letra conviver com todo aquele pessoal. Uns da sua idade, outros mais velhos, outros mais novos. Mikasa não se importava mais, apenas seguia o rumo de sua vida. 

Quando virou o corredor que daria acesso à sala dos dois primeiros horários, ouviu seu nome ser chamado. O olhar de focou em Sasha, sendo seguida por Annie. A morena continua uma animação de dar inveja enquanto a Leonhart mantinha seu olhar de tédio, com as mãos nos bolsos da calça. 

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