𝓊𝓂 𝓉𝒶𝓁𝓋ℯ𝓏

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Todas as pessoas que amam, correm o risco de serem atingidas por alguma falta perdida e morrerem de saudade.

— | Um Nordestino Disse | — 

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As íris esverdeadas ganharam um brilho diferente assim que viu-a acordar, ainda sonolenta. Não havia sido sua ideia, a princípio, tirá-la do conforto ao qual se encontrava. Porém, a saudade que preenchia seu ser falou mais alto, e por conta disso, agiu por impulso. Acabou acendendo o abajur, este iluminava apenas uma área reduzida do quarto, ainda assim, conseguia enxergar o rosto conhecido por si de maneira bastante clara.

E também, a pergunta dela quase o fez soltar uma gargalhada. Mikasa tinha esse dom como ninguém, conseguia lhe arrancar risos quando na verdade sua vontade era de sair gritando sua aflição para os quatro cantos do planeta. Ela tinha a virtude de fazê-lo querer viver por mais tempo que sua mente julga ser provável, porque ele recebia o amor imensurável daquela mulher há anos demais para serem contados. Essa morena possuía um poder sobre si que nem mesmo Eren conseguia expressar. 

Como descrever em palavras a ajuda que mesmo indiretamente, ela o proporcionou, e o manteve vivo até os dias atuais? 

Não sabia como fazer isso. Na verdade, o Yeager não sabia fazer muitas coisas, e entre elas estava exprimir seus sentimentos em voz alta, por isso seu interior se encontrava diariamente incoeso, bagunçado e…perdido. Sim, a melhor palavra para defini-lo era essa. Perdido. 

Devido a essa inconstância que se achava sua mente, devido aos pesadelos inacabados que mais pareciam lapsos de memória, fragmentos soltos, sua necessidade de se afastar era primordial. Infelizmente, para tornar-se um homem justo que seja digno de viver ao lado da Ackerman, a deixava. Poderia ser cruel, a vista da sociedade. Quem em sã consciência deixaria para trás a mulher que dá sentido a sua vida?

Bem, ele optou por essa escolha. Senão, poderia acabar fazendo algo da qual poderia se arrepender pelo resto de sua vida. E isso estava fora de cogitação. 

Esperava, no fundo do seu coração, que Mikasa pudesse o perdoar por deixá-la tantas vezes. Infelizmente, dizer o quanto era especial para ele receber tamanho sentimento é praticamente impossível para alguém como ele. Mas, saber que tinha um lar para retornar, aquecia-o por inteiro. 

Fixou seu olhar no dela, por minutos demais, a deixando desnorteada. O semblante dela era engraçado, parecia que estava vendo um fantasma. Nunca quis tanto tocá-la. Senti-la mais uma vez em seus braços, que lhe transmitiam tanto aconchego e quentura, uma calmaria inigualável. 

Com essa ideia em mente, se levantou da cadeira perto do criado mudo, encaminhando-se para a cama. Chegando perto o suficiente, pôde finalmente tocar o rosto liso, perplexo, repleto de expectativa. 

Sua palma passou a acariciar a lateral feminina, e no mesmo instante, Mikasa deixou-se levar pela sensação inebriante que apenas o toque dele proporcionava. 

Acabou por fazer o mesmo, pois ainda achava que aquilo tudo era uma ilusão. Mais um sonho, mais uma vez sua mente pregando peças a deixando louca. Porém, quando seus dígitos tornaram a pele quente, seus olhos instantaneamente se encheram de água. Sua visão tornou-se borrada, e as lágrimas mais uma vez se faziam presente, descendo por sua bochecha. 

Era tudo real. Eren estava ali, na sua frente, com o cabelo maior do que se lembrava, os olhos esverdeados exalando profundidade e mistérios irreconhecíveis para si. Contudo, ainda havia resquícios do garoto que conhece desde sua infância. O mesmo que conheceu como a palma da mão, o mesmo pelo qual se apaixonou…a mesma pessoa. 

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