Ayla - SARIETTE

Capítulo 37 - (Des)equilíbrio

POV SARAH

Juliette e Ayla brincavam naquela cama de hospital. As duas faziam o barulho do motor das motos e eu ficava, cada vez mais, apaixonada por aquela interação entre elas. Ali, eu era, definitivamente, uma mãe e uma namorada babona.

Hora ou outra eu dava gargalhadas, junto à minha namorada. Juliette colidia, de propósito, aquela motinha verde dela com a rosa da minha filha. Ayla ficava uma fera e super preocupada com a tal batida. Mas, a pilota a ajudava a "consertar" os brinquedos, para continuar uma nova corrida.

A brincadeira só podia continuar quando as motos estivessem consertadas e Ayla seguia isso de forma incontestável. O mais impressionante, era que minha filha permitiu que a morena a mostrasse novos jeitos de brincar mais uma vez, para além da rigidez de apenas girar as rodinhas do brinquedo. Ali, Ayla voltou a brincar de faz de contas.

- Ei, minhas pilotas, hora de parar um pouquinho! A mamãe trouxe... - falei, mostrando a caixinha para a minha filha.

- Orange juice!!! (Suco de laranja!!!) - Ayla disse animada e Juliette deu uma risadinha.

- Suco de laranja! Muito bem, filha! E sabe... Um passarinho me contou que alguém não quis comer direito a comida do hospital, mas que vai ter que tomar um pouco de suco de laranja com a Ayla! - falei.

- Você... Tomar também! - Juliette me encarou.

- Mamãe, Juuu, Aia! Orange juice! - Ayla disse e trocamos olhares em meio a sorrisos.

- Combinado, então! - concordei.

Me virei para pegar os copos de plástico, quando ouvi a minha namorada.

- Ei, Ayla! Venha... Ju! - Juliette disse baixinho.

Eu tentava prestar atenção nas duas, enquanto colocava o suco para nós três. Dei uma olhadinha, de rabo de olho, e vi que a minha filha se sentou no colo dela.

Juliette acariciou os cabelos de Ayla e a menina segurou o rosto dela entre as suas mãozinhas.

- Hum... Nome... Dela! - Juliette falou, apontando para mim e eu logo me virei para elas, incrédula.

- Ei!!! Está trapaceando, Freire! - falei e ela deu uma risada.

- Mamãe! - Ayla respondeu, como se fosse óbvio.

- Bem feito, fofolete! - dei uma risada e Juliette revirou os olhos para mim, voltando-se para a minha filha.

- Não, Ayla... Hum... Nome... mamãe! - ela tentou, mais uma vez.

- Nome mamãe! - Ayla repetiu e eu sorri.

Queria ver até onde aquilo ia dar. Ayla nunca havia falado o meu nome, em nenhum contexto. Desde que ela começou a falar, sempre foi "mommy" ou "mamãe". Também nunca cogitei perguntar, porque... Não sei, para ser sincera, eu acreditava que ela nem havia se ligado a isso e, para mim, "mamãe" era muito melhor.

- Isso! - Juliette insistiu, pegando a mãozinha dela e colocando em seu peito.

- Juliette. - a morena falou e Ayla parecia observar tudo em silêncio.

- Ayla! - explicou, levando sua mãozinha sobre o peito da própria criança.

- Vem! - Juliette me chamou e eu segurei uma risada, balançando a cabeça negativamente.

- Isso é trapassa! - falei, apenas para fazê-la sorrir. Eu sabia que aquilo não ia dar em nada.

Segurei a mão da minha namorada e me sentei na cama junto a elas. Juliette juntou a mãozinha de Ayla à nossa e eu suspirei com aquele carinho.