📍Nancy - França
Heuri Leroy
Existem coisas na vida que não podemos evitar, e com certeza a morte do meu pai é uma delas. Já fazem exatamente 2 anos após a sua partida, e confesso que foi difícil a minha adaptação na empresa.
Não só a minha adaptação, mais também da minha família e todos os funcionários sofreram o impacto profundo dessa perca repentina.
Meu pai já não era mais jovem, e sabíamos muito bem de todas as suas limitações devido aos problemas que ao longo da vida ele adquiriu.
O preço a se pagar por um vício é sempre bem caro, e custou a vida de Olivier Leroy, o maldito cigarro o matou.
Em menos de 3 meses, ele ficou muito mal e descobrimos da pior forma que meu pai havia câncer nos pulmões, em pouco menos de malditos 3 meses, vi aquele brilho nos olhos de meu pai, se apagarem na minha frente, nos meus braços.
Olivier nunca se importou com as consequências que suas próprias escolhas poderiam ter sobre sua vida, e foi o que fez ele nunca largar o maldito tabaco e muito menos se importar com sua saúde.
Não tivemos como solucionar esse problema irreversível, o câncer já havia tomado conta não só dos pulmões, mais também de outros órgãos, a única coisa que o médico da família nos recomendou, era despedir de papai e aguentar a dor que seria a sua perca.
E foi assim, que longos 3 meses vi meu pai desfalecendo, porém com um sorriso de canto nos lábios, me recordo bem de suas palavras, me orientando em todos os passos que eu deveria tomar ao assumir os negócios da família.
E foi assim que Leroy, garantiu que seu filho mais velho tomasse conta de tudo, e assumisse o peso de segurar três mulheres desabarem com a sua ida.
Minha mãe e minhas irmãs não merecia tamanha dor, e só pude esconder a minha para acolhê-las. E faria isso inúmeras vezes, as risadas calorosas de Camille e as patadas de Emma não seria iguais se as mesmas não tivessem em quem se apoiar, eu.
Dona Dominique Leroy, minha amada e doce mãe, a primeira mulher pela qual eu fui apaixonado e até hoje sou, e sempre serei. Sempre foi forte, mais a mesma não estava preparada para a rasteira que a vida lhe daria ao tirar o seu amor verdadeiro sem pedir e com muita pressa de seus braços.
Minha mãe, sofreu, chorou, chegou a quebrar muitos objetos em casa, se trancou dentro de seu quarto e se recusava a conversar com seus próprios filhos, o primeiro ano após a morte do meu pai foi o mais difícil.
Camille, por sua vez, nos deu a maior surpresa de todas, ao aparecer com um teste de gravidez entre as mãos trêmulas, a uns 6 meses atrás, e como uma boa família que somos, o amor que temos uns pelos outros, a acolhemos, sem sequer queixar quem era o pai, até porque não era do nosso interesse, se havia um pai, porque ele não estava junto dela ao momento que nos contou? E pior, porque até hoje não apareceu?
O motivo surpresa para tirar dona Dominique de baixo dos lençóis, foi um neto, se eu soubesse com certeza teria feito um filho logo, mais ao pensar nisso, sinto um frio imenso dentro de meu coração e penso o quão louco estou por crer que essa ideia passou pela minha cabeça, só posso estar ficando maluco.
Atualmente, estamos todos à espera do nosso Davi, o amado, predileto, querido.
Agora, minha mãe está totalmente diferente, seguimos todos aos poucos a um caminho tranquilo e em paz, mesmo que a saudade nos consuma de uma forma terrível, estamos seguindo agora, bem.
- Querido, você já está de saída? - Ouço minha mãe me chamar nas escadas, enquanto caminho em direção a porta da frente para sair.
- Sim mamãe, já estou de saída, preciso ir para a empresa resolver algumas pendências, por que? Está precisando de alguma coisa? - pergunto retornando para encontrá-la.
- Não filho, apenas queria saber como está? - me diz avaliando cada partícula do meu rosto afim de notar alguma expressão diferente das que a mesma já conhece.
- Estou bem mamãe, apenas com muito trabalho para ser feito, e a senhora? Como está? - digo também na tentativa de avaliá-la.
Minha mãe sempre foi uma mulher iluminada, sempre se preocupou com todos, principalmente com os seus bens mais preciosos, seus filhos, palavras da mesma, não minhas. Mais após a morte do meu pai, ela está se reerguendo aos poucos.
Olivier e Dominique foram casados a 30 anos, gerando três vidas com o fruto do amor dos dois. Eu, Camille e Emma. O amor era algo admirável de se ver, a forma como os dois se cuidavam, era linda.
Gostaria de vivenciar algo assim, mais infelizmente não tenho tempo para relacionamentos, e nem quero. Uma foda casual e nada mais que isso.
Chegando na empresa, me recordo bem que deixei alguns e-mails sem responder, enquanto subo de elevador, me olho no espelho, e não estou nada mal.
Para quem não dormiu quase nada a noite, pensando em mil e um problemas a serem resolvidos, eu com certeza estava apresentável.
- Bom dia Rose, alguma reunião para hoje? - digo perguntando para a minha secretária
- Bom dia, reunião agendada às 16h com compradores da Espanha, deixei todas as pautas organizadas em sua mesa senhor. - ela diz por fim
- Ok Rose, após às 17h se a reunião não tiver sido encerrada, você pode ir para casa ok? - digo por fim caminhando até o final do corredor e adentrando a minha sala.
Rose trabalha para a empresa há 20 anos, nos conhece bem, e sabe de todo o tormento que foi eu tomar as rédeas da situação aqui.
Conhecendo bem a mim, desde pequeno, Rose é uma peça fundamental nessa empresa, sem ela eu não iria conseguir nada, começando primeiro a me organizar, conseguia sim um controle, mais na questão de horários e compromissos entre outros, era Rose a minha salvação.
Após me sentar, começo a abrir alguns e-mails e começar a responder, com certeza o dia será longo, e no período da tarde, preciso atender alguns compradores da Espanha, negócios são negócios.
( ... )
O dia com certeza passou voando, já estou no aguardo dos compradores espanhóis.
Duas batidas na minha porta, e eu sei bem de quem se trata, Rose.
- Pode entrar. - digo dando permissão
- Senhor, os espanhóis já chegaram, posso guia-los a sala de reuniões?
- Sim Rose, faça isso. Em alguns minutos estou indo.
Rose sai por fim, indo acomoda-los na sala de reuniões. Uma notificação no meu notebook é tudo o que ouço.
Passo os olhos rápidos na tela, enquanto organizo alguns documentos para os espanhóis assinarem, e um alerta é dado na minha própria cabeça com a mensagem que acabo de ler.
Senhor Leroy, gostaria que soubesse que o meu contêiner não chegou ao porto de Portugal, peço que venha imediatamente resolver essa questão, pois a carga que há ali dentro é uma das mais valiosas que eu já comprei, e confiei na melhor transportadora para me trazer, a sua. Então espero que saiba onde este contêiner está, ou se encarregue de descobrir, se não, problemas maiores serão causados.
Fico alguns segundos olhando essa notificação, e me perguntando onde foi que ocorreu uma falha. Não tenho tempo para responder isso agora, mais assim que a reunião com os espanhóis der por encerrada, eu irei pensar em uma estratégia o mais rápido possível, isso nunca aconteceu, por que agora?
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Atração Perigosa
Storie d'amoreUma viagem a negócios pode tornar os caminhos de Heuri Leroy conturbados. Aos 32 anos se vê em uma vida sem brilho e calor após a morte repentina de seu pai, o empresário Olivier Leroy, dono da maior transportadora internacional do mundo, a Panine E...