O poder de uma amizade

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Minha primeira tentativa de suicídio foi aos dezessete anos, quando minha mãe descobriu sobre meu relacionamento com Dan. Como eu citei no primeiro capítulo, ela tentou me matar. Andres interviu, e logo após ela me expulsou de casa. Então, eu peguei as várias cartelas de comprimidos que ela tinha, e tomei tudo de uma vez só. Com uma lâmina, cortei meus pulsos, me deitei e esperei a morte chegar. Eu já não ansiava por mais nada mesmo, eu já não tinha mais nada. Fui enganada pelo meu primeiro amor, e abusada pelo segundo. Minha mãe era tão louca quanto eu e, eu não tinha um propósito na vida. Pensei em Van Gogh, meu pintor favorito. Ele ficaria orgulhoso disso?
Peguei meu celular e mandei uma mensagem, para Ariel, minha melhor amiga na época. Bem, era o que eu pensava. Dizia "cuida dele pra mim."
Meu primeiro amor. Não podia morrer pensando que ninguém olharia por ele. Ele perdeu a mãe pra morte, não queria que ficasse sozinho.
Mas pela mensagem, ela percebeu tudo. Pegou um uber e veio pra minha casa. Me encontrou com os pulsos sangrando, remédios na boca e quase perdendo a consciência. Me colocou no uber com a convicção de não me fazer perder a consciência.
– Qual o nome inteiro do Van Gogh? – Ariel questionou
– Vincent Willem Van Gogh – Respondi, grogue demais, deitada entre suas pernas com o pulso cortado estendido para frente. Eu via um carro preto e uma estrada, num dia cinzento. Não consegui reparar na sua aparência, já que minha visão estava turva. Mas ela estava vestida como alguém que saiu correndo as pressas de casa.
– Seu quadro favorito? – Ela seguia tentando me manter consciente.
– A noite estrelada.
– Muito bem, meu amor, parabéns. – Dizia, fazendo carinho no meu cabelo.
O hospital encaixou uma mangueira no meu nariz até o estômago, mas eu mal senti a dor, de tão dopada. Mas incomodava muito. Uma mulher deitada ao meu lado gritava; "Minha filha me bateu, porquê, meu deus? Porquê minha filha me bateu?" Aquilo me fez lembrar do porquê eu estava no mesmo quarto que aquela senhora; porque minha mãe me bateu.

A Fantasia de um DoenteWhere stories live. Discover now