CAPÍTULO DOZE

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EDA

— O que você está fazendo de pé assim tão cedo, querida? — Aydan pergunta.

Infelizmente a mãe e a avó de Serkan estão reunidas na cozinha antes que eu sequer pensasse em ir embora sem ser notada. Eu não sabia que Aydan estaria aqui tão cedo...

— Eu... Uh... Bom dia! É que... Uh... surgiu um imprevisto — eu minto, mas sempre fui péssima em mentir — Vou precisar voltar um pouco mais cedo para minha cidade.

Ok, talvez o que eu estou falando não seja totalmente mentira porque não estava nos meus planos me sentir desconfortável aqui. Mas depois da conversa que ouvi entre Serkan e sua avó, estar aqui é tocar em aspectos da minha vida que eu não quero mexer.

— E Serkan, onde está? — sua avó pergunta — Ele vai com você?

Merda.

— Não... Eu... Uh... Deixei ele dormindo, ele estava muito cansado — minha voz não passa segurança alguma, mas espero estar sendo convincente — Vou voltar sozinha, felizmente consegui comprar minha passagem.

— Há algo que possamos fazer para lhe ajudar nesse imprevisto? — Aydan é atenciosa ao perguntar.

— Na verdade, se vocês pudessem me levar ao aeroporto ou chamar um táxi para mim, eu ficaria muito agradecida!

E é assim que em menos de dez minutos estou saindo de carona com Aydan.

Eu me despeço da avó de Serkan que me abraça apertado e me convida a retornar sempre que eu quiser, até mesmo sem Serkan comigo. Ela prepara um pequeno café da manhã para que eu coma no caminho e me entrega uma cópia do seu livro de receitas de doces e eu tento fortemente não chorar com seu gesto fofo.

Talvez eu realmente seja uma grande merda emocional.

Quando finalmente estou na estrada com Aydan, o espaço é preenchido pelo barulho de uma playlist de dance music que ela coloca.

— Serkan sabe que você está indo embora?

Sua pergunta me surpreende.

— Mmm... — demoro a pensar em uma resposta. — Foi muito rápido, não tive tempo, mas deixei uma mensagem para ele.

Ou melhor, deixei um bilhete avisando que eu precisava ir embora e informando que já havia depositado parte do dinheiro que era dele, por conta dos conteúdos na minha página no Instagram, para que assim cobrisse suas despesas de volta.

— O que aconteceu de verdade? — ela é enfática ao perguntar — Por favor, não minta, vocês pareciam estar bem.

— Nós estamos — e realmente estamos, em teoria não aconteceu nada — Eu apenas preciso de um tempo longe de tudo, para pensar.

Minha resposta parece convencê-la porque ela não faz mais perguntas. Quando chego ao aeroporto ela apenas me passa seu número pessoal, caso eu precise de algo, e eu me vejo andando em um saguão lotado de pessoas, dessa vez sozinha e sem ninguém me esperando.

A viagem é rápida, fácil. Difícil é precisar administrar o nervoso dentro de mim... A cidade parece ser a mesma, as ruas parecem iguais, mas eu não me sinto a mesma Eda que saiu daqui.

— Mãe? Pai? — Eu chamo após abrir a porta pegando a cópia que eu sempre deixei escondida no vaso de plantas do corredor.  — Estou aqui. Sou eu, a Eda.

Não, meus pais não estão me esperando. Não estava nos meus planos voltar aqui agora, mas eu também não queria voltar para o meu apartamento e ficar sozinha... Minha decisão foi impulsiva, eu sei, mas eu precisava me desintoxicar da presença de Serkan. Eu precisava me afastar antes que fosse tarde demais.

NOT SAFE FOR WORK  (NSFW)Onde histórias criam vida. Descubra agora