CAPÍTULO VINTE

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EDA

Uma mala pequena, uma corrida ao aeroporto e um destino incerto. Eu não sabia o que estava fazendo até estar dentro de um avião e então tocando uma campainha.

— Oi — eu sinto minha voz soar baixa demais, contida, quando a porta se abre.

— Eda, querida! — a avó de Serkan me abraça — Não sabia que você viria, que surpresa boa! Venha, entre!

Ela me ajuda com a pequena mala e fecha a porta, me conduzindo para dentro.

— Não foi uma viagem planejada — eu sento no sofá e ela me acompanha.

Nada parece mais planejado na minha vida...

— Serkan veio com você? — obviamente ela pergunta.

— Eu estou sozinha.

Literalmente me sentindo sozinha. 

— O que aconteceu? — talvez ela tenha notado a confusão na minha voz, porque ela segura minha mão e me incentiva a falar.

— Desculpa, eu não sabia para onde ir — eu me sinto uma intrusa aqui agora, mas a ideia de enfrentar minha mãe e meu pai parece pior — Eu... uh...

— Você e Serkan brigaram?

Ela questiona como se tivesse escrito na minha testa o que aconteceu.

— Não exatamente... Nós fomos surpreendidos por algo que não estava nos nossos planos e nos desentendemos, ele deve estar apenas tão confuso como eu.

Eu também me sinto confusa a maior parte do tempo. Nossas vidas estavam boas, bem encaminhadas, e de repente eu preciso decidir sobre uma gravidez não planejada.

— Você está grávida? — ela pergunta diretamente, como se pudesse ler os meus pensamentos.

— Como... Você.... Ele ligou?

Ela aperta minha mão gentilmente, me dando força.

— Não, eu só sou uma boa observadora. Desde a primeira vez que eu vi a maneira que vocês se tocavam e se olhavam, eu já sabia que não demoraria muito para isso acontecer. Vocês pareciam ter muita química juntos, é assim que bebês são feitos.

Eu sei que ela está tentando me deixar tranquila, mas isso só me faz sentir mais culpa pelo descuido de ter deixado isso acontecer. Eu não queria atrapalhar a vida do Serkan.

— Desculpe, eu não pretendia dar o golpe da barriga no seu neto ou algo do tipo, foi um erro, um descuido... Eu já pensei sobre o que fazer, sobre interromper a gravidez, mas...

— Mas... — ela me incentiva a continuar, em nenhum momento me julgando. Eu sabia que poderia confiar nela, sabia que ela me entenderia, ela sempre foi muito gentil comigo.

— Às vezes uma parte de mim deseja essa criança — eu confesso pela primeira vez em voz alta — Mesmo que Serkan não queira, mesmo que seja aterrorizante a ideia de ter um outro ser humano crescendo dentro de mim, eu acho que eu seria uma boa mãe.

Manter essa criança sem o Serkan ao meu lado seria difícil, mas eu lutaria por ela. Mesmo que meus pais me odiassem, mesmo que eu tivesse que pausar o meu trabalho com as fotos, eu acho que valeria a pena.

— Eda, você sabe que essa decisão cabe a você. Eu não estou aqui para lhe julgar, é a sua vida, o seu corpo. Mas se você desejar manter a gravidez, eu vou te dar todo suporte que você precisar.

— Serkan não se imaginava em um relacionamento mais sério com Selin — eu conto devagar — Acho que essa sempre foi uma parte certa para ele, uma meta distante, algo que ele não quer agora. Manter essa gravidez é não ter ele fazendo parte da minha vida.

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