🎹 Prólogo: Dançando com o Diabo🎹

103 12 8
                                    

"É tão difícil dizer não

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"É tão difícil dizer não. Quando se está dançando com o diabo" — Dancing With The Devil (Demi Lovato).

Os escrúpulos já tinham descido até os confins do inferno e lá permaneceram até a última pétala das rosas vermelhas se decompor em tons de cinza. Os desejos reuniam-se em cúpulas finas e translúcidas de vidro que rachavam a cada segundo que ela respirava pesadamente. As racionalidades ficavam penduradas em forcas para serem admiradas à distância. O cenário de sua mente compunha esses avisos tão perversos e cruéis que firmavam o desfiar da linha de sua vida.

Condenava-se pela vontade irresistível de tomar o líquido vermelho em suas mãos, o enredo consistia em gotas salgadas que não cessavam de seus olhos, manchando com brilho as bochechas rosadas e nublando a visão dos olhos cor de mel.

Em seu peito, instalaram-se moinhos de vento que rodopiavam incessantemente em meio a tempestade de sua alma. Nunca houve o anseio de ver o amanhã florescer em raios amarelos e laranjas, o miocárdio tinha sugado para si todas as cores de cada árvore, céu e flores, ficando totalmente aglutinado em sentimentos sem cor.

O mal subia-lhe a garganta provocando ânsia, o tortuoso trêmulo das mãos ninava freneticamente o álcool, o pavor permitia escorrer lágrimas de suor em sua curta testa, o sopro da vida era sugado a cada milésimo de segundo de seu magérrimo e pequenino corpo.

Os dias eram sempre nublados desde a primeira vez em que abriu os olhos e chorou anunciando ao mundo sua chegada. A ira da tempestade do dia de seu nascimento informava que algo estava errado. A sua existência tinha gerado uma discussão celestial que quase fez mais um anjo cair.

Compadecia-se com amargura na infância por carregar consigo a dor, o sofrimento e o falecimento do parto. Mesmo com o Sol preponderante lá fora em certos dias, nunca houve luz em sua vida — pelo menos era isso que pensava. O verão vinha gélido e no inverno era torturante respirar.

Não podia permitir que nada invadisse sua carne sem sentir dor, ar ou toque, ensurdecendo a maré de conforto que um dia sonhou sentir. Já não havia o mais limpo dos oxigênios, era obrigada a inalar com a putrefação dos pulmões.

Celine pensava constantemente que se a morte fosse o inimigo, a vida também não era santa, a culpada pela existência do fim um dia viria cobrar o dom que lhe deu o começo. E, de certa forma, não estava totalmente equivocada.

As mais melancólicas notas de um piano branco proporcionaram a sua existência, as declamadas na Terra pelo genitor e as deleitadas no Céu pelo anjo Miguel.

A infância conseguiu destruir a pequena planta que começava a nascer, a compaixão, permitindo-lhe uma vida repleta de vazios existenciais, perversas culpas e lamentações infindáveis que ecoavam dentro de si como sussurros melancólicos. Não houve um dia em que se permitisse sorrir sem exigir o sobrenatural dos músculos da face e incorporar a mais picareta e piegas personagem.

Dançando com o Diabo [+18] 🔓Onde histórias criam vida. Descubra agora