🩰Capítulo IV: Detalhe Despercebido 🩰

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"Moonlight Sonata —  1st Movement (Beethoven)"

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"Moonlight Sonata —  1st Movement (Beethoven)".

Não sonhar era perverso, não se lembrar dos sonhos era no mínimo irritante. O coração do demônio desejava mais, como sempre — Samael sabia que tinha sonhado, apenas não conseguia lembrar-se do que. Conteve-se em aceitar uma noite de sono de pedra do que choramingar feito um mortal. Engana-se quem pensa que Lúcifer não era um ser reclamão e até fútil em seus pensamentos.

Olhando os papéis das ações na sua frente, levou as mãos às têmporas pensando a contragosto que subestimou demasiadamente os seres humanos. De fato, aquilo era uma eterna e, ao mesmo tempo, celestial dor de cabeça.

Não era à toa como os pequenos infernos psicológicos tinham ela com bastante frequência até. Olhar os valores ali fazia Samael pensar que seu Pai poderia muito bem ter facilitado as coisas para seus filhos, mas optou por deixar o inferno na Terra crescer quando permitiu que o homem começasse os primórdios das ideias que dariam início ao que eles chamam hoje de contabilidade.

Optou por ficar ali perdido e sozinho interpretando os tantos números do que confiar a um ser humano qualquer que fizesse aquilo por ele. Nem mesmo crer em um ser imortal era de fácil acesso para a mente traída e contraditória do anjo-demônio.

Quando as conhecidas notas graves do piano começaram, não tinha como Lúcifer não levantar a cabeça incrédulo no que ouvia. Não era comum Beethoven, ainda mais a música Sonata de Luar, ser tocada naquela companhia. Músicas muito lentas eram uma verdadeira tortura para os dançarinos, bailarinos ou não, já que exigiam uma linguagem corporal mínima e, também, intensa e reveladora.

Já era mais de meia-noite e isso também fazia o diabo questionar se aquilo estava de fato acontecendo no plano terrestre ou se não era uma manifestação divina acontecendo diante de seus próprios olhos ou, melhor dizendo, ouvidos.

Resguardado em sua sala no segundo andar da La Danse, Lúcifer não acreditava que o som do andar de baixo poderia chegar até ali. Desistiu de entender o que aqueles símbolos significavam e impactavam em sua posse de novo sócio-diretor da escola, levantou e deixou as planilhas ali.

Iria descobrir se algum dos seus irmãos, fosse anjo ou demônio, estava pregando uma peça no diabo naquela hora da noite. Não tinha paz em nenhum lugar, pelo visto, Inferno, Céu ou Terra, parecia ser perseguido pela irritação de qualquer um tentando chamar a sua atenção.

Apenas a Luz* teria a sua total e espontânea devoção do início ou fim de sua existência. Assim sempre foi e para sempre isso seria.

Quando tocou no botão do elevador, deu uma risada perversa imaginando que deveria implementar um desses no caminho entre a Terra e o Inferno, só para deixar mais divertido ao confirmar os pesadelos dos humanos com aquela metáfora de "descer" ao Érebo**. Ninguém descia ao abismo, o único que havia caído seria para sempre ele. O barulho do espaço metálico abriu as portas e preencheu um pouco a atmosfera enquanto a música ainda tocava ao fundo.

Dançando com o Diabo [+18] 🔓Onde histórias criam vida. Descubra agora