Cap 1. Babaca 3/4

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    Coma ajuda de Tomas, consegui finalizar o trabalho por volta das dez da noite.Pensei que teria que passar a noite na empresa para concluir todo. A todomomento, esperava ansiosamente por alguma piada dele ou brincadeira,como ele costuma fazer quando está perto de mim, mas ele se manteve tãoprofissional, focado e sério. Saímos em silêncio da empresa lado a lado. 

— Seu ônibus ainda está passando a essa hora? — Descemos os pequenosdegraus da frente da empresa. 

— Que horas são...? — Resmunguei. 

    Girei o pequeno relógio que está no meu punho, já passavam das dez danoite, e os ônibus que costumo pegar para chegar mais rápido em casa jádevem ter parado. Xinguei baixinho, sem saber o que fazer para voltar paracasa. Pegar o trem estava fora de cogitação, já que costumo me confundircom as linhas e me perdi uma vez, o que não foi uma experiência agradável- foi justamente no meu primeiro dia de trabalho aqui na empresa. 

— O último deve ter passado às noves. — Comentei, me virando para ele. 

    Podia ser o sono ou o cansaço, mas o Tomas estava parecendo... Maischarmoso? Com os cabelos levemente bagunçados, a gravata afrouxada ecarregando seu casaco no braço, ele tinha um certo magnetismo. Pisquei osolhos com força, tentando afastar esses pensamentos absurdos. Ellen, o quediabos você está pensando!? Só porque ele foi estranhamente gentil emajudar você? Não duvido que amanhã ele comece a me chantagear! 

— Estou de carro, posso te levar para casa. — Ele deu um passo para olado, balançando as chaves. Franzi levemente o cenho, desconfiada. — Euprometo ficar calado durante o trajeto. — Ele ergueu as mãos como seestivesse se rendendo. 

— Você, calado? Só com uma fita adesiva na boca. — Revirei os olhos. —Prefiro me perder no metrô. — Dei alguns passos para trás. 

— E se você se perder novamente, como no seu primeiro dia? — Elezombou um pouco com um sorriso. 

    Ele... Ele se lembra? O olhei surpresa. 

— Mas tudo bem! Se quiser ir de trem, vá, mas depois que se perder eacabar num bairro perigoso, não venha me assombrar. — Ele fez um sinalda cruz, se afastando lentamente de mim.Deu as costas, me deixando. 

    Quando ele estava perto doestacionamento, percebi que não tinha muita escolha, minha casa era longedemais para ir a pé. Você não tem nada a perder, Ellen. Mas aguentar elenum ambiente fechado!? Tudo bem-estar com ele no escritório, lá é grandee arejado, agora num carro fechado? Merda, eu tenho que aceitar isso, comohavia pensado antes: não tenho escolha. 

— Ei, espera aí. 

    Ele parou de andar assim que o chamei. Caminhei apressadamente atéele. 

— Olha só quem voltou rastejando. — Ele me olhou de cima a baixo. 

— Cala boca, eu não tenho muita opção. — Abanei a mão. — Vamos. 

   Formos até o estacionamento da empresa. Segui ele até o carro,observando o veículo de perto. Não sou fã de carros e nem conheço marcas,mas aquele com certeza era um dos caros. Rapidamente, dei uma olhada nafrente dele para ver a marca e o logo, identificando-o como uma Mercedes-Benz preta. Quando parei de seguir Tomas, ele já estava abrindo a porta dopassageiro e esperando que eu entrasse. 

— O que foi, Ellen? Está me olhando como se tivesse tido um derrame. —Ele me olhou desconfiado. Como você é desagradável. — Não vai entrar?— Acenou com a cabeça para o carro. 

    Ele sempre foi cavalheiro? Eu caminhei até o carro e entrei. Tomasfechou a porta e guardou suas coisas no banco de trás. Quando ligou ocarro, eu lhe disse o endereço da minha casa. Após quase meia hora desilêncio no carro, eu me sentia desconfortável e curiosa. Tomas costuma metratar de forma tão diferente; por que está tão estranho hoje? Olho para ele,tentando adivinhar o que se passa em sua mente. Curiosamente, ele segura ovolante com um pouco de força, com os olhos concentrados nas ruas. 

— Ei. — Murmurei, tentando iniciar uma conversa. 

    Ele deu uma risada. 

— Tentando puxar assunto comigo? Está mesmo desesperada. — Elezombou. 

— Ah, esqueça. Já me arrependi. — Cruzei os braços, desistindo da ideia. 

   Ele riu novamente. 

— Ahhh, desculpa, Ellen. Vai, fale. Agora me deixou curioso. — Ele soavadivertido. 

   Se ele tem um hobby, com certeza "encher a Ellen" deve ser um desses. 

— Eu não ia falar nada demais. — Dei de ombros e pensei por ummomento. — Só queria agradecer a ajuda que você me deu mais cedo, nãoprecisava. — Pensei novamente. — Para falar a verdade, precisava sim!Você é o culpado pelo meu atraso nos meus trabalhos. 

— Só um "obrigado" basta. — Ele disse enquanto levantava assobrancelhas. — Ah, é aqui? 

    Ele diminuiu a velocidade ao se aproximar do prédio onde eu moro.Assenti com a cabeça, indicando que sim. Tomas estacionou o carro emfrente ao prédio, e eu desprendi o cinto de segurança, segurando minhabolsa. Eu estava tentando descobrir o que deveria dizer a ele agora. Talvezeu devesse simplesmente sair do carro logo. Eu abri a porta do carro parafazer isso, mas antes que eu pudesse sair, ele disse algo surpreendente: 

— Vai sair assim? — Ele me pegou desprevenida. 

— Ah... Obrigada pela carona? — Levantei uma sobrancelha, sem saber oque ele quis dizer. 

— Não era um "obrigado" que estive em mente em receber. — Fez umafeição falsa de pensativo, olhando brevemente para o lado. 

Ele inclinou-se um pouco em minha direção e levando uma mão atémeu rosto, enrolando uma mecha do meu cabelo ondulado com o dedoindicador. Meu coração começou a bater mais rápido, e eu não tinha ideiado que estava acontecendo. Então ele moveu a mão até a minha boca,deslizando o polegar delicadamente pelo meu lábio inferior. 

Ah... 

Espera, o que está acontecendo!? 

— Vai de ré, coisa ruim! — Eu reagi, dando um tapa em sua mão. 

    Ele riu, voltando as mãos ao volante. Enquanto ele acha graça, só sintodesgosto. 

— Eu só estava testando você, vendo até onde você me deixaria ir. — Eleexplicou, sorrindo sacanamente. Minha feição caiu num segundo. — Nãofaça essa cara Ellen, todas as mulheres ficam desse jeito quando tento algo.— Passou a mão em seu cabelo, de um jeito totalmente convencido. 

— Desse jeito como? Com uma cara de desgosto e vontade de se jogar docarro? — Pergunto sem paciência. — Bom, depois você me manda por e-mail a resposta. 

   Saiu do seu carro. 

— Atéeee amanhã, Ellen. — Ele cantarolou de uma forma terrível. 

    Eu odiava aquele homem









єм รυα мєитє [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora