Cap XXII

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Mãe da S/n (on)

Desde que eu tinha três anos minha individualidade se manifestou, controlo os elementos da natureza. Mas apesar de eu ter tais habilidades, nunca quis ser uma heroína. Afinal, no mundo já haviam o bastante.
Porém, meu pai queria que sua filha continuasse o seu legado, que sempre foi passado de pai para filho.
Apesar de eu ter outros irmãos, essa era uma responsabilidade só minha, afinal segundo ele, era meu dever por controlar três dos quatro elementos.
Mas eu com a ajuda da minha mãe, fugi para o Brasil com um programa de intercâmbio.
E resolvi construir minha vida naquele país estranho, mas muito acolhedor. Uma dessas pessoas acolhedoras foi o pai da minha filha, por quem me apaixonei e tive um romance.
Que no fim resultou um casamento e seguido de uma família linda, assim como sonhei.
Tudo parecia ir bem, até que...
_Mãe, esse é meu namorado, disse minha inocente filha apresentando  um garoto como seu pretendente
_Oi, falei cumprimentando o rapaz
_Olá senhora, sou Gabriel, disse o menino me dando a mão
Nossa que energia ruim...
_Oi querida cheguei... falou  meu esposo abrindo a porta de nossa casa depois de um dia longo de trabalho
Ele trabalhava como policial e tentava  proteger e ajudar o máximo as pessoas. Alguém excepcional.
Acho que foi isso me fez me apaixonar por ele, esse carinho com todos.
_Quem é este? Perguntou apontando para o garoto
Nem todos.
_Pai, esse é o Gabriel meu namorado. Respondeu abraçando o braço do jovem que sorriu
_É um prazer conhecê-lo senhor, disse dando sua mão em um sinal de cumprimento
Meu marido do gênio forte olhou para o mão  do rapaz e não o cumprimentou. Ele só entrou para o quarto dizendo que iria tomar um banho.
Depois o menino foi embora e nossa filha o acompanhou até o portão. Até então nós morávamos em uma casa.
_Não gostei dele, disse olhando os dois pela janela da sala
_Querido...
_Você sentiu o que eu senti? Perguntou me interrompendo da minha pergunta
_Senti algo ruim sim, confessei
_Viu, não é coisa da minha cabeça...
_Mas ela gosta dele, tentando ser não só racional, mas mãe
Afinal ela era uma jovem ainda, teria muitos amores e não queria estragar seu primeiro.
Ou afasta-la por não concordar com seu relacionamento.
_Eu entendo, mas se ele machucar ela vou intervir.
_Eu concordo, disse beijando seu rosto
_Humm , murmurou recebendo meu beijo e me enlaçando em seus braços _Eu te amo muito, sabia? Perguntava retoricamente sempre me dando logo em seguida um beijo calmo
Ali era meu lar. Nesses momentos eu sentia que tudo que fiz valeu a pena.
Valeu cada segundo para estar aqui.
_Ops, falou a nossa filha tapando os olhos  _Desculpem atrapalhar
_Tudo bem querida, vem cá, disse o papai querendo um abraço da sua menininha
_O que achou dele? Perguntou ela quebrando o silêncio do abraço
_Bom, se você está feliz, eu também estou. Disse dando um beijo em sua testa
_Obrigada papai, disse a menina
Ela entrou e foi para seu quarto, onde ficou horas falando no celular. Já da para imaginar com quem, não é?
Ser mãe tem suas dificuldades, às vezes  de um ser humano vão se tornando complicadas cada vez que vai evoluindo.
Achei que uma criança pequena era trabalhoso por ser sempre uma agitação, mas um adolescente é uma  verdadeira bomba relógio. São complexos. Você nunca os entende suficiente, bom acho que me prendi muito na figura da minha filha pequena. E às vezes, se torna complicado vê-la  como uma quase adulta.
Mas queria estar aqui e ser sua melhor amiga. Sabia que iria precisar em algum momento, mas não esperei que nos tornariamos amigas num momento como aquele.
_Filha? Que aconteceu ? Parei ao vê- la entrar com o rosto abaixado
_Nada, só vou me deitar, disse com uma voz estranha
_Olha para mim... pedi
_Mãe eu só quero deitar, estou cansada, disse ainda evitando me olhar nos olhos
_S/n, olha para mim, falei firme
Nunca havia sido firme assim, mas foi necessário .
Ela levantou seu rosto, já criando lágrimas em seus olhos. Em sua bochecha dava para ver uma marca de um tapa.
_Que aconteceu, minha filha? Perguntei segurando entre minhas mãos
_Nada, só uma briga, foi o que me respondeu
_Minha filha, por favor, o choro se formou _Por favor, me conta
_Mãe, não  chora... Foi o Gabriel mas foi sem querer... Disse tentando justificar
_Sem querer?  Como assim sem querer?
_Ele ficou bravo, mas já me pediu desculpas. E ...não conta para o papai
_Minha filha...
_Não  mãe, o papai já não gosta dele assim ele vai detestar o meu namorado, disse me interrompendo com lágrimas caindo dos seus olhos
_Ta bem...mas você  vai se afastar desse menino
_Eu o amo ... Não posso...
Suspirei e a abracei mais do que qualquer outro dia. Apertei entre meus braços.
Ah, minha filha não faça  isso com você...
Por favor...
No fim das contas acabei guardando aquilo comigo, afinal não queria que minha filha se revoltasse  contra as pessoas erradas, e acabasse nos afastando.
_A S/n está estranha , comentava meu marido pelo menos duas vezes na semana
_Adolescentes, sempre eram minhas palavras para sua pergunta repentina
Até que um dia sentei e resolvi conversar com ela.
_Filha, eu venho aqui não como mãe, mas como mulher e te dizer que esse seu relacionamento é muito mais que tóxico, é abusivo.
_Mãe...
_Não, escuta! Ele vai acabar te machucando de verdade, quantas vezes foram? Hã? E suas roupas que você mudou? Suas amizades? Sua alegria?
Ela não me disse nada, só começou a encher seus olhos novamente
_Eu só quero seu bem, por favor...
_Não consigo terminar, confessou em prantos
_Seu pai, ele pode ajudar, conversa com ele.
_Não mamãe ...
_Ele está preocupado S/n, ele ama você.
_Eu sei, mas ele vai ficar  decepcionado comigo
_Não vai, todos erramos... Disse abraçando fortemente
_Papai? Chamou a pequena sempre segurando na minha mão, ela tremia constamente
_Que foi minha princesa? Perguntou
_É o Gabriel... falou já entrando em um choro que não a abandonava mais
_Oh minha filha, termina com ele se te faz mal assim... Disse segurando suas mãos e olhando para ela de forma carinhosa
_Eu não consigo papai, ele disse que vai morrer se eu deixar ele. Ele não aceita acabar. Disse entre soluços
_Eu vou resolver isso, disse abraçando  nossa pequena
E assim ele fez, o menino ganhou até uma medida para manter distância, mas ainda assim não obedecia completamente. Denunciamos, mas vivemos em um mundo onde quem tem dinheiro domina sobre os mais fracos.
Então logo a após a morte do meu marido fugimos, até que um dia em uma festa ela achou ele. Ele a reconheceu e aparentemente está seguindo ela de novo.
Ele está no Japão.

Vrum vrum
Vibrou meu celular
O que será?
'Oi senhora, sou eu Yamato. Posso entregar?  Preciso checar uma coisa no quarto da S/n. Suspeito de algo'
Aí meu Deus! O que será? Será que ...
Não!
Fui abri a porta para ele.
_Boa noite senhora, falou cochichando
_Boa noite, respondi _Entra, o convidei
_Obrigado, falou entrando
_O que aconteceu ? Perguntei nervosa
_Suspeito de algo, posso entrar lá? Perguntou ansioso
_Pode, cuidado para não acorda-la, pedi
_Pode deixar, disse indo pé por pé até o quarto dela
Abriu a porta, e foi de mansinho até a janela. Minha filha dormia profundamente com seu fone de ouvido e um barulho de chuva que tocava em seus ouvidos, graças ao YouTube.
O mesmo apertou o punho e me chamou, fui com cuidado até ele.
_Olha, disse apontando para fora da janela
Procurei cuidadosamente com os olhos o que ele queria que eu visse.
_O drone, viu? Perguntou
Sim! Nossa, ali está ele!
Ele está olhando aqui dentro? Por quê?  Espera... Não! Não, não, não...
Não pode ser!
Saímos devagar, e fomos para a sala.
_Aquilo ali está já uns dias... Disse o menino _Ele está aqui, ele está de olho na S/n
Tapei minha boca, e o choro quis vir.
_Calma, não vamos deixar ele tocar nela. Disse o menino
_Quando tempo sabe ? Perguntei
_A uns dois dias ou mais, mas hoje o Tamaki descobriu que ele não vigiava só o prédio, mas sim uma parte. Ele suspeitou daqui, aí vim conferir.
_E de dia? Perguntei
_De dia não tem nem sinal, mas a noite ele fica por uma a duas horas aqui. Confessou
_E agora? Perguntei abraçando o menino procurando consolo
_Vamos dar um jeito, ele não vai fazer nada. Me garantiu o menino
Que assim seja, eu preciso fazer algo sobre a janela.
Rápido!
_Eu vou indo, amanhã eu volto e falamos... Disse caminhando até a porta
_Ta bem, disse abrindo a porta _Boa noite, me despedi
_Boa noite, falou o garoto indo para sua casa que ficava ao lado
O que eu faço agora? Como eu precisava de você agora meu amor...
Não consegui dormir muito bem.

De manhã

_Bom dia mãe, disse minha filha me dando um beijo na testa como de costume
_Bom dia, precisamos conversar. Falei   séria
_O que aconteceu?  Perguntou a menina assustada
Toc toc toc
Bateram na porta
_Espera, tem mais alguém que vai participar disso... Falei me levantando e indo abrir

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