Era uma manhã de sábado, o silêncio nunca foi minha trilha sonora, mas aquela manhã estava tudo tão calmo que quase não consegui sair da cama, me levantei da e a paz era estranha, relaxante, ao alcançar a janela, afastei as persianas com os dedos e consegui ver uma silhueta, cabelo curto e botas chamativas vermelho vivo, estava colhendo algumas flores silvestres na calçada com uma delicadeza perceptível, minha concentração pra pela primeira vez ler intencionalmente a mente de alguém era anormal e ineficaz, até que meu coração pulou junto a um som estridente.
*Crash!*
Eu comumente saberia o que estaria acontecendo com meus pais, a mente deles estava muito vinculada com a minha, mas fui embriagado pelo silencio e mansidão da manhã, um prato havia sido quebrado, e então eu senti os pensamentos invadindo minha mente, aquilo que havia me deixado relaxado tinha se partido e um pensamento mais alto que os outros, pânico imediato
– Cacete.. Eu.. Eu não devia ter feito isso - a voz do meu pai ecoou pelo meu corpo causando um calafrio incapacitante, tinha dor na voz dele.
Eu disparei para a cozinha, seu rosto em choque com as mãos cortadas, alguns cacos ainda sobrando na sua palma trêmula, ele juntava os vidros com uma pá e tentava colocar numa sacola de forma desengonçada, ele olhou pra mim e seus olhos arregalaram.
– O-oi querido, você dormiu bem?
– o senhor está dodói papaiDe alguma forma aquelas palavras o afetaram mais que os arranhões, o dodói na mente dele era mais pesado do que eu queria dizer.
– É besteira anjinho, papai estava tentando fazer um café da manhã pra mamãe, pra pedir desculpa e.. - ele ficou em silêncio mas sua mente completou ~ eu não consegui controlar minha mão.
– Eu ajudo - peguei a pequena pá da sua mão e limpei o chão e quando o papai limpava as feridas na pia - Cadê a mamãe?
– Ela foi pegar os documentos na casa da sua vovó - ele fez uma pausa e se aprumou próximo a mim, sua mente estava dívida entre medo e nervosismo para me contar, mesmo ouvindo primeiro por ela, eu me impressionei quando saíram da boca do meu pai - Vamos te matricular numa escola, vai começar daqui a uns meses
Eu o abracei com um sorriso tão largo quanto o dele, ele me abraçou com os cotovelos pra evitar me sujar também. Eu não entendi oq aconteceu com ele naquele dia, mesmo podendo ouvir a voz da sua cabeça, parte da sua mente prosseguia tremendo com um medo ilegível, então achei que não questionar sobre e só ajudar a fazer o café da mamãe seria melhor pra nós dois
Depois de um tempo em silêncio apenas ajudando o papai com a comida comecei a pensar no que acontecera mais cedo, papai fez uma ligação silenciosa e em sua mente não se concentrava muito nas palavras que ele dizia, mas repetia "De novo, aconteceu de novo" inúmeras vezes, nublando qualquer outro pensamento, como se tivesse uma cortina densa na frente da televisão, tampando qualquer coisa que estivesse passando atrás dela.A campainha tocou, barulhenta como sempre, por conta da situação do papai me prontifiquei a abrir a porta, era a mamãe, ela beijou ligeiramente minha testa e seguiu para a cozinha com uma maleta com papéis pulando para fora, não sabia se pela pressa, ou pela pressa para encaixá-los
¬ QUERIDO!! - ela exclamou ao ver o papai com a mão enfaixada - vamos chamar a Violet pra ficar como Aries e vamos para - ela olhou pra mim por cima do ombro e por mais que ela soubesse do meu dom, é um instinto Humano e Materno, manter as crianças no escuro sobre alguns temas, eu nunca tinha ido a um, mas a preocupação da palavra que se seguiu, era carregada de um frio agoniante ~ HOSPITAL.
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Aries - O Ouvinte
Ficção AdolescenteUm adolescente Telepata se depara com o cruel mundo Escolar, onde ele descobre entre muitas coisas, sua "fraqueza".