Truth

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— Eu não estou acreditando nisso.

Lauren estava inquieta. Os olhos fixados na janela daquele carro indicavam que ela definitivamente não estava nem um pouco afim de ter aquela conversa.

— Lauren Michelle, olhe pra mim agora!

— O que é? — a adolescente virou-se para enfim olhar sua mãe.

Clara estava com um semblante irritado; rígida e atenta ao volante de seu carro. Não era de costume que ela conversasse - ou brigasse - com alguém enquanto estava atrás do volante. Mas ela não poderia esperar chegar em casa. Não dessa vez.

— Você sabe a merda que acabou de fazer? Tem noção?

— Eu não fiz nada, Clara. — cruzou os braços. — Simplesmente não sou nem um pouco obrigada a tratar aquele maldito com o mínimo de cordialidade.

— Olha a boca! Ele só queria te ajudar. Mas você é uma estúpida como o seu pai e não sabe se comportar como uma pessoa decente.

— Aquele idiota estava tocando no meus seios, mãe! O que eu fiz foi o mínimo!

— Ele não estava fazendo nada disso. E nada justifica a forma como você bateu nele. Acha que eu não sei o que você e aquela vadia lésbica estão tramando? Eu te conheço, garota.

— Não estamos tramando nada! E respeita a Camila!

— Eu não vou respeitar aquela garota se você não respeita o Harold.

— Ele. Tentou. Me. Estuprar! — pontuou entre dentes.

— Cala a boca, criança maldita! Bem que o Harold falou, você precisa de uma boa lição! Anda por aí beijando garotas, usando drogas e agindo como uma vagabunda. Eu não sei onde eu errei. Sinceramente, você é um caso perdido Lauren.

— Eu sou igual a senhora.

Lauren se levantou assustada. Não era incomum sonhar com sua mãe, mas não daquela forma. Aquilo era uma memória. Algo que ela lutou para esquecer, mas que no fundo estava só escondido dentro de sua cabeça.

A janela de seu quarto estava aberta; ela havia dormido demais. Após crises de choro, resolveu tomar algum remédio para dormir. Pensou que acordaria a noite, mas já era o dia seguinte.

Buscou seu celular e encontrou algumas ligações perdidas, varias mensagens e notificações de aplicaivo; ignorou tudo.

Como sempre, seu maior remédio era o banho. Um longo e quente banho melhoraria ao menos 10% de tudo o que sentia dentro do peito.

Odiava sonhar com Clara, tinha raiva do que aqueles sonhos ou lembranças poderiam significar. Mas não podia evitar; desde que chegou em seattle novamente, os sonhos vem sendo cada vez mais frequentes.

Após sair de seu banho, passou a encarar o envelope lacrado com seu nome escrito nele. Ainda não o havia aberto, ela não conseguia. Muitas coisas rondavam sua cabeça, dentre elas a duvida: Clara sabia que iria morrer? Deixou cartas, testamento. Ela sabia?

Ignorando seus devaneios, Lauren saiu do quarto. Como de costume, todos os seus colegas estavam na sala de estar conversando ou fazendo algo juntos. Lauren os amava mais do que poderia explicar. Abriram mão de suas próprias vidas para poder estar ao seu lado e ajudar com seus problemas. Ela faria o mesmo por eles, eles eram sua própria família.

— Oi, Lo. — Damon diz, ao vê-la. — Colocou o sono em dia?

— Quase. — Lauren se senta no sofá, deitando a cabeça no ombro de Hailee. — Quanto tempo?

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