Bônus - Laura Chevalier

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Tô postando bônus e capítulo por ter esquecido de postar ontem 😊 #sorry 😘 semaninha de luz!!!

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Andei pela casa, estava muito melancólica hoje. Não conseguia me concentrar no trabalho e isso é quase impossível de acontecer. Sou apaixonada pelo que eu faço e faço bem aquilo que amo. A coisa que mais me distrai no mundo é um caso indecifrável para decifrar. Sabe válvula de escape? A da Alice é a praia, a do Louis é a música, ele não toca nada, nem canta nada, mas é apaixonado por escutá-la. Mas a minha é o trabalho. E nem mesmo ele conseguiu me distrair hoje. Nem mesmo ele conseguiu fazer com que eu me esquecesse das memórias.

10 de fevereiro. Uma data que me deixa assim. Perdida. Mas todos os anos eu conseguia me esquecer, conseguia simplesmente me concentrar em alguma coisa, vez ou outra, meu cérebro me traía e trazia as lembranças de volta, mas eu conseguia me afastar dela, pelo menos na maior parte do tempo. Mas esse ano em especial, ela não está mais viva, e talvez seja por isso que eu não consiga me concentrar em nada. O aniversário da minha mãe sempre foi um dia triste para mim.

Eu a odeio. Acredite quando digo isso, odeio tanto... Talvez a odeie tanto porque a amo. Não confesso isso para ninguém, na verdade essa é a primeira vez que eu confesso isso até mesmo para mim. A odeio porque eu não queria amá-la e ela não merece o amor de ninguém. E eu queria que merecesse, estou me esforçando para ser uma mãe diferente para Alice, porque era exatamente o que eu queria para mim. Uma mãe que eu pudesse ligar para dizer que havia passado no vestibular da melhor universidade de Direito do país. Dizer que havia conhecido o homem da minha vida. Dizer que eu estava grávida... Precisei de uma mãe tantas vezes, mas ela nunca esteve lá, e nunca quis que ela estivesse.

Sento-me na piscina, com os pés dentro d'água. Coloco as mãos para trás apoiando na grama, e fecho meus olhos. Imagens da minha adolescência me invadem. Ninguém além do Louis sabe o que eu tive que passar para chegar até aqui. Para me tornar a mulher responsável que eu sou hoje.

***

Aos treze anos de idade eu não tenho a menor perspectiva de vida. São mais de dez horas da noite e eu estou aqui limpando a cerveja que um cliente derrubou na mesa do bar.

Minha casa era relativamente grande. Tinha quatro quartos, sala, cozinha, banheiro e uma garagem enorme onde funcionava o "bar da Laurinda". Não era esse tipo de barzinho onde vão muita gente bacana, é aqueles onde tem velho barbudo com a pança de cerveja dando sinal para fora da camisa. E era para esses velhos que eu tinha que servir.

Mesmo com tão pouca idade, meu corpo já era bastante desenvolvido. E minha mãe o usava para atrair mais e mais clientes. Fui obrigada a trabalhar aqui desde os oito anos. Antes disso eu apenas cuidava da limpeza. Desde os onze, ela percebeu que os clientes olhavam muito para mim. E a partir daí eu fui obrigada a vir com o mínimo de roupas possíveis.

Depois da sua 'estratégia de marketing', o bar encheu mais, e os clientes começaram a vir mais vezes. A coisa piorou muito de lá para cá. Minha irmã, Leone, era dois anos mais nova que eu e já estava nessa também desde o ano passado. Tenho que aguentar o assédio dos homens nojentos todos os dias. Deixar que suas mãos toquem partes do meu corpo que eu não gostaria. Sentar em seu colo quando pedem, entre outras coisas. Mas essa é só a parte mais leve do meu trabalho.

Quando terminava de limpar a mesa, senti uma mão descendo pela minha bunda, virei bruscamente, assustada. Era Antônio, um dos clientes nojentos do bar que se encaixava perfeitamente na descrição acima. Com a pequena adição de que era casado e pai de quatro filhos, um deles é da minha idade e estuda comigo.

Que foi, vadia? Tá ficando difícil, é? Senti a raiva se apoderar de mim, como toda vez que aquilo acontecia e acredite, era muito frequente.

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