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Fazendeiro

Summer Jenner

A noite está chegando. Eu não entendo tanto sobre o mundo aqui fora, mas sei que duas crianças perdidas na mata a noite é uma coisa perigosa e assustadora. Sophia segura minha mão muito forte, ela está tão assustada.  Penso em acalmá-la com alguma história, mas não conheço nenhuma, em compensação, não aguento mais o cantar dos bichos.

—— você teve pai? — pergunto, ela me deu um olhar triste que quase me fez se arrepender de ter perguntado.

—— sim, mas ele não era lá essas coisas.

—— então você só teve um genitor, assim como eu. — respondi, balançando os ombros. Ela pensa por um tempo, mas logo concorda.


—— seu pai também te batia?

Penso por um momento, tentando me lembrar o significado da palavra, até que enfim me recordo.

—— não, mas já me deixaram machucada para testar um poder que não tinham certeza se eu carregava. — falar isso em voz alta torna ainda mais real o fato de eu ter escapado das mãos malignas de cientistas.

Ela me olha curiosa, levanto a camisa mostrando a cicatriz do corte que ganhei aos seis anos, o segundo ano de experimento.

—— eles me amarraram em uma maca e fizeram um corte profundo abaixo do seio.  — abaixei a camisa, o cobrindo novamente.  —— ele fechou em um minuto, mas eu senti a dor por dois dias.

—— isso é cruel. — ela fez careta, balançando a cabeça. —— até para cientistas.

—— Candace dizia que era tudo em nome da ciência.

—— não deixa de ser cruel só por causa disso.

Entramos em um campo aberto, tinha uma casa enorme e algumas flores ao redor. Olhei para Sophia, ela também me olhava em busca de uma resposta. Bem, passar a noite em uma casa é bem melhor do que na floresta escura e tenebrosa. Hu, aprendi essa palavra hoje.

—— acha que deveríamos entrar? — ela pergunta, mas não tive tempo de responder.

—— não acho uma boa ideia, garotinhas. — a voz masculina diz logo atrás da gente.

Nos assustamos, puxei Sophia para perto e nos viramos de frente para ele. Era um homem médio, gordo e carregava uma arma nas mãos. Não parecia perigoso, quase ninguém parece...

—— o que fazem por essas bandas sozinhas, afinal? Estão perdidas?

Sophia me olha, se perguntando se deveríamos ou não responder aquele homem, respiro fundo, engolindo o nervosismo

—— a gente se perdeu do nosso grupo, você pode nos ajudar a encontrar o caminho de volta?

Ele sorri amigável.

—— claro, onde querem chegar?

Olhei para Sophia, ela deve saber nossa localização.

𝐄𝐑𝐑𝐎𝐑, 𝐂𝐀𝐑𝐋 𝐆𝐑𝐈𝐌𝐄𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora